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200 obras da arte afro diaspórica em BH

Colaborando com a RAIZ

Exposição “Arte Brasileira: A coleção do MAP na Casa Fiat de Cultura” apresenta nomes da arte afro diaspórica no Brasil.

Até 4 de fevereiro, a exposição “ARTE BRASILEIRA: a coleção do MAP (Museu de Arte da Pampulha) na Casa Fiat de Cultura” apresenta uma coleção rara de cerca de 200 obras, nunca expostas em conjunto, que passa pelos mais importantes movimentos artísticos do país nos séculos 20 e 21.

Na mostra estão em destaque diversos artistas negros de diferentes gerações, movimentos e linguagens artísticas, como Jorge dos Anjos, Paulo Nazareth, Froiid, Afonso Pimenta (Projeto Retratistas do Morro), Eustáquio Neves, Luana Vitra, Marino de Araújo, Dayane Tropicaos, Osvaldo Catarino Evaristo, entre outros.

Até 4 de fevereiro, a exposição “ARTE BRASILEIRA: a coleção do MAP na Casa Fiat de Cultura” apresenta uma coleção rara de cerca de 200 obras, nunca expostas em conjunto, que passa pelos mais importantes movimentos artísticos do país nos séculos 20 e 21, com pinturas, fotografias, gravuras, instalações, vídeos, esculturas e desenhos.

É a maior montagem já feita fora do MAP – que atravessam a arte brasileira entre os séculos XX e XXI para reafirmar a importância de um acervo que passa pelos principais movimentos da arte contemporânea brasileira, com artistas e ações que reverberam para além do país. A entrada é gratuita.

Entre os artistas negros em destaque na mostra estão os artistas Jorge dos Anjos, Paulo Nazareth, Froiid, Afonso Pimenta (Projeto Retratistas do Morro), Eustáquio Neves, Luana Vitra, Marino de Araújo, Dayane Tropicaos, Osvaldo Catarino Evaristo, além de apresentar um presépio feito por artesãos do Vale do Jequitinhonha que nunca havia sido montado e tem 293 peças. Na seleção de obras é possível ver artistas de gerações e linguagens distintas, que trazem narrativas afro diaspóricas sob diferentes perspectivas.

A curadoria é de Marcelo Campos, curador do Museu de Arte do Rio (MAR) e um dos mais atuantes na cena nacional, e de Priscila Freire, ex-diretora do MAP, cuja atuação é pioneira à frente dos museus do Brasil.

A exposição revela uma dimensão singular do acervo do MAP, alinhada à trajetória da Casa Fiat de Cultura de apresentar montagens inéditas, promovendo o diálogo entre arte popular, contemporânea e importantes nomes do modernismo brasileiro. Segundo o presidente da Casa Fiat de Cultura, Massimo Cavallo, a união destas duas instituições resultou em um projeto ousado em grandiosidade e inovador no recorte. “Novas vozes emergem desse encontro e convidam o visitante a um novo percurso conceitual e artístico. Celebrando os 80 anos do Conjunto Moderno da Pampulha em todos os seus significados, a mostra desvela novos ângulos que habitam esse Patrimônio Cultural da Humanidade, nutrindo vínculos de pertencimento e identidades”, reflete.

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Exposição ARTE BRASILEIRA – A Coleção do MAP na Casa Fiat de Cultura – Foto Leo Lara/Studio Cerri

O MAP

Inaugurado em 1957, o Museu de Arte da Pampulha sempre esteve atento às vanguardas dos movimentos artísticos locais, nacionais e internacionais. Nesta exposição, as mais de 1400 obras que compõem o acervo, formado ao longo de seis décadas, ganham uma seleção especial, com uma perspectiva estimulante e novas abordagens. Para a Secretária Municipal de Cultura de Belo Horizonte, Eliane Parreiras, “o MAP sempre esteve no presente, unindo o antes e o depois”. Segundo ela, a parceria da Casa Fiat de Cultura com a Prefeitura para realizar a exposição, com um acervo desse porte, reforça o compromisso das duas instituições em “manter acessível ao público a valiosa coleção do Museu de Arte da Pampulha, nesse momento de renovação, fazendo-a circular, encontrando novos públicos e parcerias”.

A exposição “ARTE BRASILEIRA: a coleção do MAP na Casa Fiat de Cultura” é uma realização da Casa Fiat de Cultura, da Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura, e do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Conta com o patrocínio da Fiat e do Banco Safra, copatrocínio do Banco Stellantis e da Brose, apoio institucional do Circuito Liberdade e apoio do Governo de Minas e do Programa Amigos da Casa.

Os núcleos da exposição

A exposição apresenta núcleos que se inter-relacionam: Conjunto Moderno da Pampulha, Os modernos, Pampulha espiralar: um lar, um altar, Nossos parentes: água, terra, fogo e ar, O menino que vê o presépio, Novos bustos.

O curador Marcelo Campos destaca que para contar essa história tão diversa, recorreu aos itãs iorubás (relatos míticos e lendas), que se relacionam à presença da montanha (Òkè) na criação cosmogônica do mundo. “Das histórias da montanha, retiramos os quatro elementos: terra, água, fogo e ar. Assim, propomos uma proximidade entre tais elementos e as criações artísticas instalativas, ressaltando a presença da natureza como mote de muitas obras existentes no acervo do MAP”, explica.

CONJUNTO MODERNO DA PAMPULHA

Logo na entrada da mostra, o visitante será recebido por registros do histórico Conjunto Moderno da Pampulha. Pensado a partir do moderno e da modernidade na arquitetura, com referências de Le Corbusier, o projeto respeitava as características geográficas tropicais incluindo os edifícios e jardins do Museu de Arte da Pampulha (antigo Cassino), da Casa do Baile (atual Centro de Referência da Arquitetura, Urbanismo e Design de Belo Horizonte), do Santuário Arquidiocesano São Francisco de Assis da Pampulha (Igrejinha da Pampulha) e do Iate Tênis Clube (antigo Iate Golfe Clube).

As curvas de Niemeyer frente aos ângulos retos da arquitetura europeia criam um diálogo constante entre interior e exterior, com desenhos sinuosos. As construções datam do início dos anos 1940 e promovem um raro encontro entre arte, arquitetura e paisagismo.

O núcleo apresenta o Conjunto Moderno da Pampulha com um olhar atual, repensando seus usos, afetos e interesse social, justificando o título de Patrimônio Mundial, como paisagem cultural, título que recebeu em 2016. Destaque para as fotografias de Marcel Gautherot, que percorre a Pampulha na fase inicial, até as exposições mais recentes, como a do artista Paulo Nazareth, que mostram uma Pampulha diversa.

OS MODERNOS

Os artistas que contribuíram para arregimentar um pensamento utópico nas artes, na arquitetura e no urbanismo se encontram neste núcleo. Os termos modernismo e modernidade se aproximam e se distanciam, ao mesmo tempo, nesse contexto. Enquanto as vanguardas modernistas nomeavam o pensamento artístico, a modernidade social colocava frente a frente os desejos estéticos e as questões da sociedade.

Destaque para a serigrafia “Croisement de Directions”(1975), de Mary Vieira; a fotografia “Alegres Bons Companheiros” (1999), da série Imagens de Chocolate, de Vik Muniz; e o quadro “Os acrobatas” (1958), de Candido Portinari.

PAMPULHA ESPIRALAR: UM LAR, UM ALTAR

O Conjunto da Pampulha foi apropriado pela população, que passou a eternizar datas importantes em registros fotográficos no local. Esse espiral da casa, da alegria das celebrações e da religiosidade destacam a função social da arquitetura moderna de horizontalizar a sociedade. Neste núcleo, a fundamental teoria de Leda Maria Martins sobre o tempo espiralar conduz as reflexões sobre os gestos do corpo e os mecanismos identitários entre a África e o Brasil. Aqui, ganha, luz as obras que, em vez de destacar o corpo do júbilo, apresentam o corpo das coroações, reisados e grinaldas. Peças icônicas de arte popular e artistas como GTO e Maurino Araújo poderão ser contemplados pelo público.

NOSSOS PARENTES: ÁGUA, TERRA, FOGO E AR

Há uma intensa conexão entre os artistas e os elementos primordiais. Água, terra, fogo e o ar estão bastante presentes nas obras desse acervo. Com base em uma afirmação de Ailton Krenak, que aponta a tradição humana financiada em uma memória de antiguidade do mundo, a curadoria apresenta os elementos como possíveis ancestrais e desperta a nossa atenção para a natureza.

Trabalhos de Rivane Neuenschwander, Sérgio Neuenschwander, Cildo Meireles, Iole de Freitas, Wilma Martins, Rosângela Renó e Froiid são apresentados nesse núcleo, que exibe, ainda, a obra “Pulmo” (2000-2004), de Nydia Negromonte, uma instalação de baixa densidade, que representa a presença do ar no espaço, e “Noite de São João” (1961), de Alberto da Veiga Guignard.

A terra é representada pela montanha (Òkè), com uma série de serigrafias de Vera Chaves Barcellos, datadas de 1974, e a intervenção “Territórios”, de Dilton Araújo, Lotus Lobo e Luciano Gusmão, uma obra processo icônica, que foi premiada no I Salão de Arte Contemporânea de Belo Horizonte, de 1969. Destaque, ainda, para a escultura “Reafirmar a natureza” (2022), de Luana Vitra.

NOVOS BUSTOS

Este núcleo repensa os protagonistas e lideranças artísticas, culturais e políticas. Em um país composto por uma população majoritariamente negra, precisamos entender as questões colocadas por pensadores e pensadoras negros e indígenas.

Os maiores pensadores decoloniais brasileiros são homenageados pela exposição em diferentes núcleos. Aílton Krenak, Conceição Evaristo e Leda Maria Martins instigam reflexões sobre o passado, o presente e o futuro e nos convidam a ouvir as experiências dos aquilombados e aldeados e de quem tem o conhecimento sobre as plantas e ervas, sobre a medicina e a ciência, sobre a natureza e as florestas, para que o futuro possa ser ancestral.

Descoberta da Família Evaristo – Homenageada na exposição, no último mês, a escritora Conceição Evaristo participou de um bate-papo em uma edição do “Diálogos MAP na Casa Fiat de Cultura” e se surpreendeu ao encontrar na exposição uma das obras de autoria do tio, Osvaldo Catarino Evaristo. A descoberta foi feita após a visita de Conceição e seus familiares à mostra e emocionou a todos. A obra “Paisagem”, de 1977, de Osvaldo Catarino Evaristo, foi identificada pela escritora e por Macaé Evaristo, filha do artista, e integra o acervo do MAP. Atualmente a história do artista é resgatada pelas suas netas que estão pesquisando sobre a vida e obra do artista.

200 obras da arte afr0 diaspórica em BH
Conceição Evaristo e Macaé Evaristo em frente a obra de Osvaldo Catarino Evaristo, seu tio – Foto de Areta Gallego

O MENINO QUE VÊ O PRESÉPIO

Em consonância a um gesto inédito, a exposição termina com a montagem de um presépio com cerca de 300 peças, ação inspirada em um conto de Conceição Evaristo, onde um menino que não se atrai pelos signos do Natal, se encanta ao olhar os presépios.

Essa é a primeira vez que o presépio será exibido ao público. A obra é composta por esculturas em cerâmica originárias do Vale do Jequitinhonha, com autoria de Cléria Eneida Ferraz Santos e Mira Botelho do Vale.

No conto, Lumbiá é uma criança que vivia nas ruas de uma cidade grande, fazendo vendas de produtos como chicletes e flores no sinal. Passava os dias vendo a chegada das mudanças e o momento de maior encantamento era o Natal, quando “a cidade se enfeitava com luzes que brotavam de todos os cantos”. Ele se irritava com os pinheiros e imagens de Papai Noel, sendo atraído pelos presépios que via em vitrines, nos casarões e até na TV.

A Casa Fiat de Cultura

A Casa Fiat de Cultura cumpre importante papel na transformação do cenário cultural brasileiro, ao realizar prestigiadas exposições. A programação estimula a reflexão e interação do público com várias linguagens e movimentos artísticos, desde a arte clássica até a arte digital e contemporânea. Por meio do Programa Educativo, a instituição articula ações para ampliar a acessibilidade às exposições, desenvolvendo réplicas de obras de arte em 3D, materiais em braille e atendimento em libras. Mais de 80 mostras, de consagrados artistas brasileiros e internacionais, já foram expostas na Casa Fiat de Cultura, entre os quais Caravaggio, Rodin, Chagall, Tarsila, Portinari entre outros. Há 17 anos, o espaço apresenta uma programação diversificada, com música, palestras, residência artística, além do Ateliê Aberto – espaço de experimentação artística – e de programas de visitas com abordagem voltada para a valorização do patrimônio cultural e artístico. A Casa Fiat de Cultura é situada no histórico edifício do Palácio dos Despachos e apresenta, em caráter permanente, o painel de Portinari, Civilização Mineira, de 1959. O espaço integra um dos mais expressivos corredores culturais do país, o Circuito Liberdade, em Belo Horizonte. Mais de 3,5 milhões de pessoas já visitaram suas exposições e 600 mil participaram de suas atividades educativas.

SERVIÇO

Exposição “ARTE BRASILEIRA: a coleção do MAP na Casa Fiat de Cultura”
Até 4 de fevereiro de 2024
Curadoria: Marcelo Campos e Priscila Freire
Terça a sexta, das 10h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h
Entrada gratuita

Visita Temática – Pelos Metais de Minas
Dia 13 de janeiro
Horário: das 10h às 11h
Entrada gratuita. As inscrições podem ser feitas gratuitamente na entrada da galeria até 10 minutos antes do horário de início da atividade. Sujeito à lotação.

Visita Temática – Lentes do mundo
Dia 27 de janeiro
Horário: das 10h às 11h
Entrada gratuita. As inscrições podem ser feitas gratuitamente na entrada da galeria até 10 minutos antes do horário de início da atividade. Sujeito à lotação.

Passeio pela História
Dia 20 de janeiro
Horário: a partir de 10h às 16h
Inscrições: Sympla
Local: Casa Fiat de Cultura

Caça aos tesouros da arte brasileira
Dias 7, 14, 21 e 28 de janeiro
Horários: das 11h às 12h
Entrada gratuita. As inscrições podem ser feitas gratuitamente na entrada da galeria até 10 minutos antes de cada horário. Sujeito à lotação.

Casa Fiat de Cultura

Praça da Liberdade, 10 – Funcionários – BH/MG
Horário de Funcionamento
Terça-feira a sexta-feira, das 10h às 21h
Sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h

Colaborando com a RAIZ