Mostra 100 anos da Colônia Juliano Moreira no Museu Bispo do Rosário
A mostra é o ápice das comemorações do centenário da instituição, que ocorre este ano, e procura ser grandiosa, ocupando os 3 andares do Museu, reunindo mais de 300 itens, entre objetos, documentos e fotos que revelam a história e rotina da Colônia e obras de arte de artistas que estiveram internados ou desenvolveram tratamentos na instituição.
Entre as obras do Bispo do Rosário, por exemplo, há itens inéditos. Pela primeira vez, serão expostos esquemas e planejamentos que o Bispo desenvolvia de suas obras. Não havia conhecimento da existência desses itens e eles revelam que, em vez de trabalhar em surto, como se pensava, ele pensava as obras que desenvolvia. Abaixo, segue texto com mais informações .
Mais de 300 obras e documentos serão apresentados ao público na nova exposição do Museu Bispo do Rosario. Intitulada 100 Anos da Colônia Juliano Moreira: arquivos, territórios e imaginários, a mostra traz elementos históricos, obras do acervo institucional, obras de Arthur Bispo do Rosario, produções inéditas de artistas convidados e, também, do Ateliê Gaia. Esta será a maior exposição do ano realizada pelo Museu e a sua abertura será no sábado, 7 de dezembro, de 9h às 18h, com uma programação que conta com conferência, programação educativa, lançamento do Catálogo do Ateliê Gaia, cortejo do bloco Império Colonial e roda de samba. Toda a programação será gratuita.
Com curadoria de Carolina Rodrigues, Gabriel Reis, Geovana Melo e Napê Rocha, a exposição abordará assuntos como: Mulheridades; Conexões Externas; Imaginações, Fabulações e Infâncias; Reflexões sobre o Tempo; e, o Trauma Colonial. A exposição ocupará os três andares do Museu com uma reflexão em torno de três temáticas gerais: arquivos, territórios e imaginários.
Para a Curadora Geral do Museu Bispo do Rosario, Carolina Rodrigues, a visão curatorial da exposição versa sobre as diferentes camadas de tempo presentes na Colônia Juliano Moreira, abordando este território para além do seu histórico enquanto instituição manicomial e privilegiando o repertório das histórias e narrativas das pessoas que viveram e vivem neste espaço.
A exposição foi elaborada durante um ano e o processo de pesquisa reuniu visitas ao arquivo do Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira e de outras instituições, como o Arquivo Nacional, ao acervo do Museu, e um amplo mergulho na memória da história oral desse território. Foram ouvidos participantes das oficinas, de eventos, conviventes, artistas, trabalhadores, crianças das escolas e moradores. Também, atrelada à memória oral do território, o Museu Bispo do Rosario destaca, nessa exposição, as vozes de Arthur Bispo do Rosario e Stella do Patrocínio, que estarão presentes em primeira pessoa, nos provocando a pensar sobre pertencimento, resistência e denúncia.
Para a Diretora e para a Vice-diretora do Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira (IMASJM), Luciana Cerqueira e Rosângela Nery, respectivamente, há muitas histórias e estórias entrelaçadas ao longo desses 100 anos: “nesse conjunto de narrativas também foram produzidas resistências, vidas, lutas, amores, festas e encontros. Contaremos essas histórias, mas contaremos também as histórias de quem pôde e pode celebrar conosco as reinvenções possíveis”.
A proposta de trazer a Colônia Juliano Moreira para o próprio nome da exposição tem o objetivo de refletir os desafios semânticos ligados ao nome da instituição, que anteriormente era atrelado a dor e sofrimento e, ao longo desses 100 anos, vem construindo novas possibilidades de sentido, ampliando a visão desse território para um lugar de resistência, de efervescência cultural e de luta antimanicomial.
MANUSCRITOS INÉDITOS
A exposição traz, pela primeira vez, alguns manuscritos de Arthur Bispo do Rosario. Os escritos foram encontrados pela equipe de museologia do Museu durante o processo de pesquisa para a exposição. Eles estavam guardados em vários fragmentos, no acervo de Arthur Bispo do Rosário.
EU VIM CONTAR UMA HISTÓRIA
Quem visitar a exposição também terá a oportunidade de conhecer o projeto “Eu vim contar uma história”. Desenvolvido pela Coordenação de Educação e Arte do Museu, a ação foi realizada em 2022 e reúne histórias de mais de 70 crianças da escola municipal Juliano Moreira. O produto final do projeto são episódios de podcast em que as crianças contam histórias sobre os lugares da Colônia Juliano Moreira, mesclando real e imaginário.
Ao todo foram produzidos 13 episódios de podcast, que serão disponibilizados para o público durante a exposição.
ARTISTAS CONVIDADOS
A exposição apresenta, além das obras de Arthur Bispo do Rosário, uma seleção de trabalhos que refletem a transformação e a vivência no território da Colônia Juliano Moreira. Entre os destaques estão as produções de 12 artistas do Ateliê Gaia, fundado na década de 1990, que se construiu enquanto um espaço dedicado à arte e que se iniciou a partir das oficinas de Gilmar Ferreira e Leonardo Lobão, artistas que foram institucionalizados na Colônia. A exposição apresentará, também, obras de trabalhadores, conviventes e participantes das oficinas de bordado, costura e mosaico, que são desenvolvidas no Memorial de Arte e Resistência do Museu. Além disso, estão em exibição trabalhos de artistas contemporâneos, como Paulo Nazareth, Jefferson Medeiros, Andrea Hygino, Leid Ane, Ayla de Oliveira, Guilhermina Augusti, Loren Minzu, Marcel Diogo, Ayra Aziza, Daniel Senise, Suzana Queiroga, entre tantos outros.
SERVIÇO
EXPOSIÇÃO 100 ANOS DA COLÔNIA JULIANO MOREIRA
A partir de 07/12/2024
Hora: de 9h às 18h
Local: Museu Bispo do Rosário
Endereço: Estr. Rodrigues Caldas, 3400 – Curicica, Rio de Janeiro – RJ.
Entrada gratuita