A escultura brasileira em diferentes materiais e expressões no Farol Santander
A mostra “Esculturas – Diálogos entre tradições” reúne 29 obras, sendo 19 inéditas para o público, de importantes nomes da arte nacional, selecionadas a partir do rico acervo da Coleção Santander Brasil.
Entre os destaques, estão artistas de diversas regiões do país, como: Agenor Francisco dos Santos, Emanuel Araujo, Francisco Stockinger, Gilberto Salvador, José Corbiniano Lins, Mestre Vitalino, Tadakiyo Sakai, Horácio Rodrigues, Victor Brecheret, Sonia Ebling e Yutaka Toyota.
Está aberta ao público até 19 de outubro de 2025, no Farol Santander São Paulo, a exposição Esculturas – Diálogos entre tradições, no espaço Memória do 6, localizado no 6º andar do edifício. Com curadoria de Franz Manata, a seleção apresenta 29 obras, sendo 19 inéditas, de grandes nomes da arte nacional, selecionadas a partir do valioso acervo da Coleção Santander Brasil, que exploram a pluralidade da escultura brasileira, evidenciando sua evolução técnica, simbólica e estética ao longo do tempo.
A ala Promenade, onde a mostra está instalada, é renovada a cada seis meses com novas exposições. Também no 6º andar, o público pode visitar a atração permanente Memória do 6, que apresenta obras, objetos e mobiliários do acervo do Santander Brasil, reunidos a partir dos mais de 75 bancos que contribuíram para a trajetória da instituição. A área é dividida em diferentes núcleos, entre eles: Sala dos Mapas; Brasil Numismático – a moeda brasileira de 1822 a 2024; além das instalações A Cobra e A Onda.
Dividida em três ambientes principais e com vitrines educacionais, a nova exposição tem como premissa valorizar a arte nacional e promover a troca entre o tradicional e o moderno. O percurso articula temas, formas e materiais de forma inclusiva, sem hierarquias, celebrando a diversidade da escultura.

Curiosamente, nenhuma das esculturas populares exibidas havia sido apresentada ao público até então. Algumas chegaram a ser mostradas internamente no banco, mas nunca de forma acessível e ampla — permaneciam guardadas no acervo.
A exposição reúne artistas de todas as regiões do Brasil, evidenciando a riqueza de estilos, técnicas e tradições que compõem a escultura nacional. Entre as obras expostas, destacam-se nomes como Mestre Vitalino, importante artista nordestino; Victor Brecheret, um dos principais representantes do modernismo escultórico brasileiro; Emanoel Araújo, que integrou a estética afro-brasileira com a geometria, e Cláudio Pastro, renomado mestre da arte sacra.
No primeiro ambiente, o visitante é recebido por obras que valorizam a figura humana como forma de expressão e identidade. Um dos destaques é o relevo de parede, Sem título, de José Corbiniano Lins, feito em massa de cimento e pedriscos sobre estrutura de metal (129 x 193 x 11,5 cm), que mostra como a escultura pode ir além do volume e se manifestar também em superfícies planas.
Na sequência, o público encontra a obra O casamento, peça rara de Mestre Vitalino exibida pela primeira vez ao público. A escultura retrata um casal deixando a cerimônia montado em um burrinho e é um exemplo sensível do retrato da vida cotidiana e das tradições populares nordestinas. Os visitantes ainda poderão apreciar o Cavaleiro, escultura em ferro e madeira (129 x 59 x 22 cm) de Francisco Stockinger, que reforça a presença marcante da figura humana na mostra.
Seguindo para o segundo espaço, o percurso começa com representações do corpo e vai aos poucos caminhando para a abstração, um dos temas centrais da mostra. A escultura de Agenor Francisco dos Santos, com suas formas geométricas, permite ao visitante identificar tanto o corpo humano quanto elementos abstratos. Outra obra marcante é o Cangaceiro, com traços africanos, simboliza a base cultural brasileira e reforça a diversidade dos personagens que a compõem. Esculpida em madeira, trata-se de uma peça única, com dimensões de 140 x 78 x 72 cm. A escultura integra um conjunto que passou por um processo de restauração e está sendo apresentado ao público pela primeira vez.
Ainda no segundo ambiente, o público é convidado a percorrer um trajeto que transita entre a figuração e a abstração do corpo na escultura. A curadoria propõe dois eixos principais: de um lado, o abstrato, que se inicia com o relevo de Gilberto Salvador, atravessa a obra de Emanuel Araújo e se desenvolve nas formas dinâmicas de Yutaka Toyota. Do outro, a jornada começa com a figuração em Orfeu, de Bruno Giorgi, e avança com o cubismo de caráter sentimental em Tocadora de Guitarra, de Victor Brecheret. A partir daí, o corpo vai ganhando novas interpretações até alcançar a abstração plena nas obras Homem com Escudo e Mulher Guerreira, de Francisco Stockinger. Nesse percurso, são exploradas tanto as representações do corpo masculino quanto feminino, em um jogo visual que encontra sua síntese nas formas simbólicas e impactantes de Toyota.
Vale destacar que o relevo de Gilberto Salvador, assim como a obra de José Corbiniano Lins, também presente na mostra, nunca haviam sido exibidos publicamente. Ambas são relevos de parede que estabelecem um diálogo instigante entre figuração e abstração.
Na terceira sala, é celebrado o lúdico, as cidades, os personagens e a devoção, reforçando o caráter de brasilidade da Coleção. Integram o espaço esculturas de Calabrone, as cerâmicas de Mestre Genivaldo e a obra Sem Título, de Tadakiyo Sakai. Há ainda peças delicadas, como Carrossel e Banda de Pífanos, de Manuel Eudócio — elementos históricos da escultura popular nordestina. Completam esta ala o Presépio, feito em resina, de Cláudio Pastro, a casinha do Santander criada por Horácio Rodrigues e as figuras religiosas do Mestre Severino. Já a obra Resistência, de Caciporé Torres, feita por solda, reúne materiais distintos do bronze tradicional, que é fundido.

Para ampliar a experiência, foi montada uma vitrine de caráter didático, com o objetivo de apresentar parte da diversidade de materiais e processos envolvidos na escultura. Foram selecionados quatro materiais: a cerâmica, ancestral e milenar, com registros que ultrapassam 30 mil anos e que hoje ocupa lugar de destaque em feiras, galerias e exposições; o bronze e a madeira, associados às tradições da Antiguidade Clássica; e a resina, representando os materiais modernos da era pós-industrial. A vitrine também exibe ferramentas, matérias-primas e etapas de produção, permitindo ao visitante compreender o processo de criação de uma escultura — da concepção da forma à escolha dos materiais e ao uso específico dos instrumentos que moldam cada peça.
A variedade de matérias-primas utilizadas chama a atenção: mármore, cerâmica, ferro soldado e moldado, resina, barro cru e queimado, além de cerâmicas patinadas e policromadas. Neste último caso, os óxidos são aplicados às peças, que passam por uma segunda queima para adquirir sua coloração definitiva.
Vitrines educativas: entre o ofício e a arte
A cerâmica, com suas raízes ancestrais, é abordada a partir do uso da argila, da queima e das ferramentas manuais e de torno que moldam a matéria em arte. A vitrine destaca a importância de Mestre Vitalino, que eternizou o cotidiano nordestino em bonecos de barro.
O bronze, símbolo de permanência artística desde a Antiguidade, é representado por processos como a cera perdida e a fundição em altas temperaturas. A obra Tocadora de Guitarra, de Victor Brecheret, é um dos exemplos que expressa o lirismo tropical e a sensualidade do material metálico.
Na madeira, material orgânico e sagrado, a mostra apresenta ferramentas específicas como goivas e plainas, além de destacar a força simbólica das obras de Emanoel Araújo, que reinventou a tradição escultórica brasileira com influências barrocas e afro-brasileiras.
Por fim, a resina, material contemporâneo derivado da indústria, representa a fusão entre arte e tecnologia. A vitrine explora seu uso na criação de formas hiper-realistas e translúcidas, e destaca a produção espiritual e moderna de Cláudio Pastro.
Obras Inéditas
Grande parte das obras permanecia armazenada na reserva técnica do banco e nunca haviam sido exibidas, nem mesmo nos ambientes internos da instituição. A exposição reforça a importância de tornar o acervo acessível ao público. É com esse propósito que se orienta a Coleção Santander Brasil – Artes Visuais: valorizar a arte brasileira em toda a sua riqueza e diversidade.
Sfera con Sfera II, Studio, Arnaldo Pomodoro ,1990, escultura em bronze, 35 x 30,5 x 30,5 cm;
Resistência, Caciporé Torres, 1990, aço modelado e soldado, 58,8 x 42 x 18 cm;
Maternidade, Galileo Emendabili ,1955, mármore, 50,5 x 15,5 x 12,5 cm;
Sem Título, Tadakiyo Sakai, sem data, cerâmica, 40 x 46,1 x 28,4 cm;
Cangaceiro, Agenor Francisco dos Santos, s/d, escultura em madeira, 140 x 78 x 72 cm;
Homem com escudo, Francisco Stockinger, s/d, escultura em bronze, 38,6 x 7,3 x 7 cm;
Casal Pedro e Cristina, Sonia Ebling, s/d, escultura em bronze, 4 x 14,5 x 6,5 cm;
Santo barroco, Zélia Salgado, s/d, escultura em bronze, 35,5 x 14,5 x 9 cm;
O anjo, Mestre Severino, s/d, barro cozido e envernizado, 24,8 x 6,5 x 7,0 cm;
Cristo na Cruz, Mestre Severino, s/d, Barro cozido e envernizado, 29 x 11,5 x 5 cm;
O Farrapo, Antônio Caringi, 1945, escultura em bronze, 89 x 36 x 27,5 cm;
Movimentos da vida, Bia Doria, 2010, madeira (Pau-Brasil), 66 x 33,6 x 12 cm;
Sem título, José Corbiniano Lins, s/d, Massa de cimento e pedriscos sobre estrutura em metal, 129 x 193 x 11,5 cm;
Casario, Marliete, s/d, escultura de cerâmica policromada, 30 x 44 x 34,5 cm;
Banda de pífano, Manuel Eudócio, s/d, cerâmica policromada, 25 x 17 x 38 cm;
Santander, Horácio Rodrigues, s/d, cerâmica policromada, 9,5 x 7,5 x 9,5 cm;
Carrossel, Manuel Eudócio, s/d, cerâmica policromada, 31 x 31 x 31 cm;
Lampião, Mestre Genivaldo, s/d, cerâmica policromada, 29 x 8 x 7 cm;
Maria Bonita, Mestre Genivaldo, s/d, cerâmica policromada, 28,5 x 12 x 8 cm.

Exposição permanente Memória do 6
No 6º andar do Farol Santander a exposição permanente, reúne obras ligadas ao acervo artístico da instituição no Brasil, abrangendo a trajetória de mais de 75 bancos que integram sua história.
Com curadoria de Ceres Storchi, Franz Manata e Nico Rocha, o espaço foi organizado em diferentes núcleos expositivos, apresentando pinturas, fotografias, mapas, desenhos, gravuras, móveis bancários produzidos pelo Liceu de Artes e Ofícios, moedas e instalações artísticas.
A Sala dos Mapas apresenta uma coleção de 11 mapas dos séculos XVI ao XVIII, acompanhados de desenhos, gravuras e fotografias. A exposição permanente Brasil Numismático – A Moeda Brasileira de 1822 a 2024 apresenta 1.750 moedas selecionadas da Coleção Santander, que conta com mais de 22 mil peças, abrangendo o período de 1822 até os dias atuais.
Na instalação A Cobra, os visitantes verão 150 itens de memorabília bancária, incluindo fichas, cédulas, cofrinhos, balanças, carimbos, calculadoras, esculturas e máquinas de escrever, a instalação apresenta um formato sinuoso que ocupa três espaços.
Outro núcleo do ambiente exibe mobílias produzidas entre as décadas de 1920 e 1950, incorporadas pelo Banco do Estado de São Paulo. A instalação A Onda, composta por 25 cadeiras de diferentes épocas e estilos, organiza as peças como um grupo escultórico em movimento congelado, simbolizando poder e status.
Sobre o Farol Santander São Paulo
Desde sua inauguração em janeiro de 2018, o Farol Santander São Paulo – centro de cultura, turismo, lazer e gastronomia – já recebeu mais de 1,8 milhão de visitantes e chega a sua 61ª exposição, sempre nos eixos temáticos e imersivos, especialmente pensados para o público.
Construído para preservar o passado, iluminar o presente e transformar o futuro, o Farol Santander tem atrações que ocupam 18 dos 35 andares do edifício de 161 metros de altura que, por décadas, foi a maior estrutura de concreto armado da América do Sul.
As visitas começam pelo Hall do térreo, que surpreende com o famoso lustre de 13 metros de altura, pesando mais de 1,5 tonelada, passando pela Loja da Cidade e seguindo até o 26° andar. No Mirante do 26, o visitante poderá apreciar deliciosos cafés por Mag Café, enquanto admira uma das vistas mais famosas de São Paulo.
Do 24° ao 19° andar estão as galerias de arte que recebem exposições temporárias, apresentando trabalhos de diversos artistas nacionais e internacionais.
Do 6º ao 2º andar, nos Espaços Memória, os visitantes podem conhecer a história do prédio e da própria cidade de São Paulo. Esses andares preservam mobiliário original, executado pelo Liceu de Artes e Ofícios, expostos nas salas de reuniões, diretoria e presidência, ambientadas sonoramente para simular o funcionamento de uma instituição bancária na primeira metade do século XX. Na galeria do 4º andar fica a obra Vista 360°, feita pelo artista brasileiro Vik Muniz exclusivamente para o Farol Santander São Paulo.
A galeria Memória do 6 (sexto andar) foi projetada em diferentes núcleos. São pinturas, fotografias, mapas, desenhos, gravuras, mobiliários bancários, moedas e instalações artísticas. Além disso, foram construídas três salas de reunião para eventos e atividades diversas, ampliando ainda mais a oferta do Farol Santander como um ponto de encontro para arte, negócios e cultura. A sala Sabiá-Laranjeira comporta até 22 pessoas sentadas, já a sala Beija-flor comporta 10 pessoas. Por fim, a sala Bem-te-vi pode receber até 12 pessoas sentadas.
No subsolo do edifício, onde funcionava o cofre do Banco, está instalado o Bar do Cofre por SubAstor. O bar é ambientado com as características da época e pitadas contemporâneas em design e mobiliários, com carta de drinks especiais e aperitivos.
Outro local conectado à gastronomia é a Cozinha do 31 por Accademia Gastronomica. E no 28º andar, o Boteco do 28 por Bar da Cidade, com um menu em referência à culinária da antiga paulistânia, nascida da união entre ingredientes e costumes indígenas e portugueses.
Mais um diferencial da instituição é a inusitada Pista do 21 por Rajas Skatepark, com instrutores homologados pela Federação Paulista da modalidade indoor. A pista de skate fica localizada no 21º andar do edifício e pode ser reservada para livre circuito de até sete skatistas por bateria, além de oferecer agendamento de aulas.
Além dos andares culturais e gastronômicos, o prédio possui dois ambientes exclusivos para eventos. No 25° andar, um incrível ambiente de 400m² decorado com elegante design, o Loft do 25, é um local sofisticado e contemporâneo que se adapta a diversos formatos de eventos, de casamentos a comemorações, passando por locação de filmes e novelas. E, no 8° andar, a Arena do 8 é o espaço ideal para palestras, encontros e debates, oferecendo equipamentos de áudio e vídeo, além da linda vista para o Vale do Anhangabaú e Avenida São João.

Serviço
Endereço: Farol Santander – Rua João Brícola, 24 – Centro (estação São Bento – linha 1 azul do metrô)
Funcionamento: terça-feira a domingo
Horários: 09h às 20h
Ingressos: R$ 45,00 (R$ 22,50, meia-entrada)
Cliente Santander: 10% de desconto comprando com o cartão Santander (em até 8 ingressos).
Cliente Santander Select: 10% de desconto comprando com o cartão Santander Select (em até 8 ingressos), e prioridade na fila de entrada para o Farol.
Site Farol Santander: farolsantander.com.br
Telefone Farol Santander: (11) 3553-5627
Compra online: https://www.farolsantander.com.br/#/sp (vendas também na bilheteria local)
Classificação: livre