“Insurgências Indígenas”: exposição reúne mais de 40 artistas de norte a sul do Brasil
Indígenas de diversas regiões do Brasil expõe artes visuais, esculturas e demais formatos sob curadoria de Sandra Benites, primeira curadora indígena a integrar a equipe de um museu no Brasil, na cidade de Petrópolis, RJ.
Em sincronia com o Festival de Inverno de Petrópolis, a exposição “Insurgências Indígenas: Arte, Memória e Resistência” traz ao Centro Cultural Sesc Quitandinha, em Petrópolis, uma potente ocupação artística e simbólica conduzida por mais de 40 artistas indígenas de diferentes regiões do Brasil. A mostra propõe uma reconfiguração dos imaginários sobre os povos originários e sobre a própria cidade de Petrópolis, um dos símbolos do colonialismo brasileiro.
A exposição teve início em maio e se estrutura em ciclos: ao invés de uma única abertura, cada nova obra que chega é celebrada em uma roda de conversa ao redor de uma “fogueira” simbólica, que ocupa o salão central do Quitandinha. Inspirada na cosmologia indígena, essa fogueira futurista representa união, escuta, espiritualidade e tomada de decisão coletiva — um espaço de encontro entre artistas, lideranças e o público.
Com curadoria de Sandra Benites, primeira curadora indígena a integrar a equipe de um museu no Brasil, e do pesquisador e artista Marcelo Campos, doutor em Artes Visuais pela UFRJ, a exposição apresenta pinturas, esculturas, fotografias e instalações que afirmam identidades, preservam memórias e resgatam saberes ancestrais.

Sesc Quitandinha
“Queremos mostrar que todas as cidades do Brasil são indígenas, inclusive Petrópolis, que é tão associada aos povos colonizadores europeus. Por isso, optamos por uma ocupação contínua, com diálogos e encontros entre os artistas e a cidade”, afirma Vera Nunes, produtora executiva da exposição. Fundadora da produtora de arte Gentilização, Vera é uma das principais lideranças femininas em projetos artísticos de grande escala no país. Essa é a segunda exposição com artistas indígenas liderada por Vera Nunes e Sandra Benites neste ano de 2025. A mostra Nhe´ ẽ Se passou por Salvador, Brasília e São Paulo.
Abertura
A partir deste mês de julho, a exposição realiza mais uma etapa e recebe artistas indígenas de vários territórios brasileiros. Entre os destaques dessa edição especial estão o manto sagrado Tupinambá, assinado pela liderança baiana Glicéria Tupinambá; a obra inédita no Brasil “Cardume II”, do artista pernambucano Ziel Karapotó; e uma instalação das Bonecas Anambé.
A exposição também recebe trabalhos de Michelle Fernandes Guarani Kaiowa, com uma homenagem ao milho, e Edson Amaurílio Nhandeva, com uma instalação sobre linguagem. O jovem artista Tsami-e apresenta animes que reverenciam 20 lideranças indígenas, enquanto a Associação dos Artesãos de Novo Airão, da Amazônia, marca presença com suas criações manuais. Para essa edição ainda teremos a recriação de uma oca desenvolvida pela artista Ana Terra Yawalapiti, diretamente do território Xingu. Também teremos a artista Tamikua Tihi apresentando obras importantes e um berçário dedicado à mata atlântica.
Nas fogueiras anteriores, realizadas em 24 de maio e 07 de junho, participaram artistas como Andrey Zignatto (SP), Keyla Palikur (AP), Rodrigo Duarte (AM), Deba Tacana (AC) e Xadalu Tupã Jekupé (RS). Lideranças indígenas como Cacica Lutana (AM), Cacica Kerexu (RS), Cacica Iracema (RS), Vanda Witoto e representantes da Aldeia Maracanã também marcaram presença.

SERVIÇO
Exposição: Insurgências Indígenas: Arte, Memória e Resistência
Visitação: Terças a domingos e feriados, das 10h às 17h
Local: Centro Cultural Sesc Quitandinha (Av. Joaquim Rolla, nº 2, Quitandinha – Petrópolis/RJ)
Entrada: Gratuita
Realização: Sesc
Curadoria: Sandra Benites e Marcos Campos
Produção Executiva: Vera Nunes – Gentilização