RAIZ 10
A REVOLUÇÃO DIGITAL
Passado o momento inicial, quando fomos montar todo o esquema para a RAIZ. funcionar à todo vapor, estamos lançando a nossa camisa 10. O que não é pouco em um país que tem Pelé como emblema maior. Para nós, a edição de uma revista como a RAIZ. é um ato de militância. Militância essa impregnada em cada um dos colaboradores e entrevistados. Fazendo um repente: “Um amor pela cultura mais pura, um amor pela nossa identidade, uma visão de mundo mais comum, com respeito à diversidade”. Onde cada um é cada um.
Uma RAIZ. de todos e para todos. Ingênua em certos aspectos e ameaçadora em outros, espelho que é de uma cultura jovem.
Viajando ao Sul vimos uma Porto Alegre deslumbrante. E de POA, o Marcelo Branco, que é o cérebro eletrônico que não é mudo, traz o diálogo das transformações digitais, tão impactantes para o comportamento do mundo. E nós brasileiros, comedores de símbolos, adotamos o digital como se sempre estivéssemos nele. Seja o Projeto Vídeos nas Aldeias com o Vincent nos contando 25 anos de história pioneira de um ativista indigenista. Seja nossa juventude explodindo as redes sociais com os arranjos mais diversos, como nos pioneiros
trabalhos sobre a plataforma Instagram.
Indo para o Nordeste, nos defrontamos com a cultura tradicional local no momento da passagem do bastão para o sucessor. O processo cíclico vivido pela cultura popular de resistência na cidade de Tracunhaém(PE) construída pela riqueza do barro. A cultura do caboclo no carnaval pernambucano do Caboclinho 7 Flexas de José Alfaiate e seu filho Paulinho; o deus da dança segundo Pina Bausch, que o resgatou para a Europa em inúmeras apresentações. Em Recife (PE), escutamos os quitutes musicais do Sagrama, a orquestra sinfônica tocando pife e as preacas do Caboclinho. Para endereçar um política pública que contemple toda essa diversidade, entrevistamos o novo secretário de cultura de Pernambuco, Fernando Duarte. E, quando estamos em Pernambuco temos sempre o Felipe Melo nos apoiando com sua sabedoria e delicadeza.
No Rio de Janeiro, o alto astral carioca no concorrido sarau do João Corujão, que em seis anos já montou centenas de bibliotecas em presídios, orfanatos, hospitais, espaços culturais, cineclubes. Indo para o centro da cidade maravilhosa, visitamos o escritório do advogado tributarista Araújo Pinho, no meio de uma das coleções de arte popular mais impressionante de se ver em número, variedade e qualidade. Tudo regado pelo ótimo papo e conversa, tanto popular quanto erudita, do João Maurício.
Seguindo por todo país vamos fazendo novas descobertas. E para fechar, um bom acaçá e as comidas de terreiro, trazendo o axé do elo sagrado da vida, nas palavras sábias de Raul Lody.
Nesta décima edição podemos conferir quanta dedicação está impregnada em cada uma das artes e dos saberes capturados em texto e vídeo. Cortamos muitas pautas na produção e, quando fechamos o arquivo para gráfica, ainda tínhamos mais para tirar, dada a riqueza retratada com o empenho de todos. O mesmo acontece com o material capturado em vídeo, nos programas de TV da RAIZ. disponível no youtube.com/revistaraiz.
Parafraseando novamente a música Cérebro Eletrônico do Gilberto Gil, cultura popular no Brasil é para quem pensa e pode.
Bom divertimento!
Edgard Junior