Pixinguinha, 120 anos do mais erudito dos nossos populares
Vamos celebrar os 120 anos de Pixinguinha, instrumentista – destaque na flauta e no saxofone -, compositor, maestro e arranjador. Pesquisador assíduo, experimentador e inovador, agregou elementos do jazz americano às influências africanas nas novas formas e estruturas musicais que incorporava com grande criatividade e sensibilidade nos seus arranjos e composições.
A importância de Pixinguinha para a música brasileira transformou a data de seu aniversário, 23 de abril, em Dia Nacional do Choro. Foram as composições de Pixinguinha que fizeram que o choro encontrasse uma forma musical definitiva. Mas certamente, a influência do maestro Pizindim se estende para toda música brasileira, e por que não dizer, mundial. Curiosidade é que posteriormente revelou ser o dia quatro de maio de 1987 a data verdadeira do seu nascimento, mas a história já estava homenageada.
Pixinguinha é considerado um dos maiores criadores do que hoje são as bases da música brasileira. Misturou os primeiros chorões com ritmos africanos, estilos europeus e a música negra americana, fazendo surgir um estilo, considerado hoje genuinamente brasileiro. Não por acaso, foi o primeiro maestro-arranjador contratado por uma gravadora no Brasil, sendo um dos primeiros músicos profissionais da música nacional.
O maestro foi menino prodígio, tocava cavaquinho aos 12 anos, em seguida foi para o bombardinho e a flauta, instrumento que o consagrou, sendo até hoje considerado um dos maiores flautistas da música brasileira. Aos 17 anos grava suas primeiras instrumentações e composições. Na idade mais avançada passou a tocar saxofone pela facilidade da embocadura.
Pixinguinha era filho do músico Alfredo da Rocha Vianna, funcionário dos correios, flautista e que possuía uma grande coleção de partituras de choros antigos. Aprendeu música em casa, fazendo parte de uma família com vários irmãos músicos, entre eles o China (Otávio Vianna). Foi ele quem obteve o primeiro emprego para o garoto, que começou a atuar em 1912 em cabarés da Lapa e depois substituiu o flautista titular na orquestra da sala de projeção do Cine Rio Branco. Nos anos seguintes continuou atuando em salas de cinema, ranchos carnavalescos, casas noturnas e no teatro de revista.
Pixinguinha integrou o famoso grupo Caxangá, com Donga e João Pernambuco. A partir deste grupo, foi formado o conjunto Oito batutas, muito ativo a partir de 1919. Na década de 1930 foi contratado como arranjador pela gravadora RCA Victor, criando arranjos celebrizados na voz de cantores como Francisco Alves ou Mário Reis. No fim da década foi substituído na função por Radamés Gnattali. Na década de 1940 passou a integrar o regional de Benedito Lacerda, passando a tocar o saxofone tenor.
Quando compôs “Carinhoso”, entre 1916 e 1917 e “Lamentos” em 1928, que são considerados alguns dos choros mais famosos, Pixinguinha foi criticado e essas composições foram consideradas como tendo uma inaceitável influência do jazz, enquanto hoje em dia podem ser vistas como avançadas demais para a época.
O maestro passou seus últimos anos de vida no Rio de Janeiro, no Bairro de Ramos, onde veio a falecer.
Pixinguinha era Alfredo da Rocha Vianna Filho (Rio de Janeiro, 23 de abril/04 de maio de 1897 — Rio de Janeiro, 17 de fevereiro de 1973) o mais popular dos nossos músicos eruditos, ou vice-versa.