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O cinema brasileiro dos anos 80 e 90 em mostra na Cinemateca Brasileira

Colaborando com a RAIZ

Além dos 27 títulos a serem apresentados de 20 a 30 de março, acompanha o evento um curso de quatro aulas ministrado por Lúcia Ramos Monteiro, professora dos programas de pós-graduação em Cinema e Audiovisual da UFF, e Meios e Processos Audiovisuais da USP. Toda programação é gratuita.

Dando continuidade às mostras acompanhadas de cursos transmitidos online pelo canal do YouTube da Cinemateca Brasileira sobre a história do cinema brasileiro, entre os dias 20 e 30 de março, será apresentada a mostra Cinema Brasileiro Anos 80 e 90.

As últimas décadas do século 20 da filmografia nacional são marcadas pelo fim da ditadura civil-militar, pela crise econômica e pelos desafios enfrentados pelo setor cinematográfico, incluindo o desmantelamento da Embrafilme. Ainda assim, a produção cinematográfica desse tempo revelou sucessos de bilheteria e experimentações radicais. Na década de 1990, com a estabilização econômica, inicia-se a chamada Retomada do cinema brasileiro.

O público da Cinemateca poderá conferir uma seleção de filmes que refletem diferentes abordagens estéticas e temáticas. A idade da Terra, de Glauber Rocha, e Baile perfumado, de Lírio Ferreira e Paulo Caldas, demonstram a influência do Cinema Novo nas produções do período. A geração de cineastas paulistas que emerge nos anos 1980 e 1990 carrega a herança do cinema da Boca do Lixo e do Cinema Marginal, como visto em A marvada carne, de André Klotzel, que divide a temática urbana e a atuação de Fernanda Torres com Terra estrangeira, de Walter Salles e Daniela Thomas, enquanto Guilherme de Almeida Prado propõe um noir à brasileira em A dama do Cine Shanghai.

Cena do filme Sargento Getúlio
Cena do filme Sargento Getúlio

O protagonismo feminino na direção, iniciado nos anos 1970, se fortalece nas décadas seguintes. A mostra inclui Das tripas coração, parte da trilogia sobre a condição feminina de Ana Carolina. Atrizes renomadas também se destacam na direção: Norma Bengell faz sua estreia atrás das câmeras com Eternamente Pagu, protagonizado por Carla Camuratti, que, na década seguinte, dirige Carlota Joaquina, princesa do Brazil, filme que marca o início da Retomada. Além desses títulos dirigidos por mulheres, a mostra conta com a estreia do novo restauro do filme Um céu de estrelas, de Tatá Amaral no dia 30/03 na área externa.

Embora os principais movimentos do cinema negro brasileiro tenham ocorrido antes (com o curta Alma no olho, de Zózimo Bulbul, de 1974) ou depois desse período (como o manifesto Dogma Feijoada, de 2000), os anos 1980 e 1990 trouxeram obras importantes, como Amor maldito, de Adélia Sampaio, Ôrí, de Raquel Gerber, e Aniceto do Império em: Dia de alforria, de Zózimo Bulbul.

A mostra será acompanhada de um curso com quatro aulas ministradas por Lúcia Ramos Monteiro, professora dos programas de pós-graduação em Cinema e Audiovisual (PPGCine) da UFF, e Meios e Processos Audiovisuais (PPGMPA) da USP. As inscrições estão encerradas, mas as aulas serão transmitidas ao vivo pelo canal do YouTube da Cinemateca Brasileira, com acessibilidade em Libras, sem direito a certificado.

Toda a programação é gratuita, com distribuição de ingressos para os filmes uma hora antes das sessões.

Cena do filme Abolição
Cena do filme Abolição

PROGRAMAÇÃO

Quinta-feira, dia 20 de março
14h _ Sala Oscarito _ ED MORT
16h _ Sala Oscarito _ O AUTO DA COMPADECIDA
18h _ Sala Oscarito _ BAILE PERFUMADO
20h _ Sala Oscarito _ A IDADE DA TERRA

Sexta-feira, dia 21 de março
18h _ Sala Grande Otelo _ A MARVADA CARNE
19h30 _ Sala Grande Otelo _ TERRA ESTRANGEIRA
21h30 _ Sala Grande Otelo _ A DAMA DO CINE SHANGHAI

Sábado, dia 22 de março
14h _ Sala Oscarito _ MENINO MALUQUINHO – O FILME
19h _ Sala Oscarito _ ROMANCE
21h _ Sala Oscarito _ OS MATADORES

Domingo, dia 23 de março
14h _ Sala Grande Otelo _ ÔRÍ | ANICETO DO IMPÉRIO EM: DIA DE ALFORRIA…?
16h _ Sala Grande Otelo _ SARGENTO GETÚLIO
17h45 _ Sala Grande Otelo _ FILME DEMÊNCIA
19h30 _ Sala Grande Otelo _ ANJOS DA NOITE

Quinta-feira, dia 27 de março
16h _ Sala Grande Otelo _ CARLOTA JOAQUINA, PRINCESA DO BRAZIL
18h _ Sala Grande Otelo _ DAS TRIPAS CORAÇÃO
20h _ Sala Grande Otelo _ ETERNAMENTE PAGÚ

Sexta-feira, dia 28 de março
18h _ Sala Grande Otelo _ ABOLIÇÃO
20h45 _ Sala Grande Otelo _ AMOR MALDITO

Sábado, dia 29 de março
14h_ Sala Oscarito _ LUA DE CRISTAL
18h _ Sala Grande Otelo _ O ESCORPIÃO ESCARLATE: UMA AVENTURA DO ANJO
19h45 _ Sala Grande Otelo _ OS 7 GATINHOS

Domingo, dia 30 de março
14h _ Sala Grande Otelo _ CIDADE OCULTA
15h45 _ Sala Grande Otelo _ O QUE É ISSO, COMPANHEIRO?
18h _ Sala Grande Otelo _ O MANDARIM
20h _ Sala Grande Otelo _ UM CÉU DE ESTRELAS

Cena do filme Aniceto do Império em dia de alforria
Cena do filme Aniceto do Império em dia de alforria

SOBRE A MINISTRANTE | Lúcia Ramos Monteiro

Lúcia Ramos Monteiro é professora e integra dois programas de pós-graduação: na UFF, o PPGCine, em Cinema e Audiovisual; na USP, o PPGMPA, em Meios e Processos Audiovisuais. Doutora em Estudos Cinematográficos pela Sorbonne Nouvelle Paris 3 e em Ciências da Comunicação pela USP, realizou pesquisa de pós-doutorado na ECA-USP, com financiamento da Fapesp. Suas pesquisas atuais envolvem cinemas amazônicos, ecocrítica e estudos de roteiro e têm o apoio da Faperj (Programa Jovem Cientista do Nosso Estado). Dentre as publicações coletivas que organizou estão os livros “Fordlândia. Suspended Spaces # 5” (Relicário, 2023), “Cinema: estética, política e dimensões da memória” (Sulina, 2019) e “Palmanova. Victor Burgin” (Form[e]s, 2016). Atua também como crítica (Folha de S. Paulo) e curadora, tendo idealizado, entre outras, as mostras “África(s). Cinema e revolução” (Caixa Belas Artes, 2016), “A Caliwood de Luis Ospina” (Caixa Cultural RJ, 2017) e elaborado o programa da 13ª e 14ª edições da Mostra Cinema e Direitos Humanos (2023, 2024).

CINEMATECA BRASILEIRA

Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Mariana

Horário de funcionamento:
Espaços públicos: de segunda a segunda, das 08 às 18h
Salas de cinema: conforme a grade de programação.
Biblioteca: de segunda a sexta, das 10h às 17h, exceto feriados
Sala Grande Otelo (210 lugares + 04 assentos para cadeirantes)
Sala Oscarito (104 lugares)
Retirada de ingresso 1h antes do início da sessão

CINEMATECA BRASILEIRA

A Cinemateca Brasileira, maior acervo de filmes da América do Sul e membro pioneiro da Federação Internacional de Arquivo de Filmes – FIAF, foi inaugurada em 1949 como Filmoteca do Museu de Arte Moderna de São Paulo, tornando-se Cinemateca Brasileira em 1956, sob o comando do seu idealizador, conservador-chefe e diretor Paulo Emílio Sales Gomes. Compõem o cerne da sua missão a preservação das obras audiovisuais brasileiras e a difusão da cultura cinematográfica. Desde 2022, a instituição é gerida pela Sociedade Amigos da Cinemateca, entidade criada em 1962, e que recentemente foi qualificada como Organização Social.

O acervo da Cinemateca Brasileira compreende mais de 40 mil títulos e um vasto acervo documental (textuais, fotográficos e iconográficos) sobre a produção, difusão, exibição, crítica e preservação cinematográfica, além de um patrimônio informacional online dos 120 anos da produção nacional. Alguns recortes de suas coleções, como a Vera Cruz, a Atlântida, obras do período silencioso, além do acervo jornalístico e de telenovelas da TV Tupi de São Paulo, estão disponíveis no Banco de Conteúdos Culturais para acesso público.

Cena do filme Os sete gatinhos
Cena do filme Os sete gatinhos

Colaborando com a RAIZ