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Artistas amazônicos no Museu do Pontal

Colaborando com a RAIZ

Durante o Festival Amazônico no Museu do Pontal, o Museu inaugura duas exposições de artistas Amazônicos. A individual Jair Gabriel – Imagens da Intuição e Cobra Canoa – por Paulo Desana e Larissa Ye’Pa, ambos naturais de São Gabriel da Cachoeira (AM).

Um verdadeiro mergulho na arte, cultura e natureza da Amazônia a mostra vai até 31 de agosto de 2025.

O Museu do Pontal recebe em abril, mês em que se comemora o Dia dos Povos Indígenas, duas exposições dedicadas à rica e diversa região amazônica, com curadoria de Angela Mascelani e Lucas Van de Beuque, curadores da instituição. A individual Jair Gabriel – Imagens da Intuição, que vai ocupar as duas galerias do mezanino com pinturas do artista Jair Gabriel, nascido em Roraima, traz uma pintura luminosa e colorida, que mergulha em sua vivência na floresta. Cobra Canoa – por Paulo Desana e Larissa Ye’Pa, ambos naturais de São Gabriel da Cachoeira (AM), apresenta criações inspiradas na Origem da Humanidade, segundo seus diferentes povos, a partir de uma grande instalação e de fotos com luminescências, em uma sala da galeria principal.

As mostras serão inauguradas no dia 12 de abril durante o Festival Amazônico no Museu do Pontal, evento realizado com patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da lei da lei federal de incentivo à Cultura. Toda a programação é gratuita e o público contará com serviço de vans partindo do metrô da Barra e do terminal de ônibus Alvorada no fim de semana do festival (12 e 13 de abril).

Cobra Canoa parte de uma narrativa presente nas culturas de diferentes povos indígenas do Brasil. Larissa Ye’pa apresenta o ponto de vista de seu povo, o Ye’pa Mahsã, onde, além de símbolo de resistência, representa conexão com a natureza e compreensão do mundo. A artista criou uma instalação com esculturas, pinturas e carimbos para pinturas corporais.

A mostra apresenta, também, uma projeção em grandes formatos de retratos de habitantes da Amazônia feitos pelo fotógrafo e cinegrafista Paulo Desana. A série enfatiza a ancestralidade e a forma como os conhecimentos, passados de geração em geração, chegam vivos ao presente. Suas fotografias contemporâneas estão impregnadas de grafismos tradicionais de cada etnia, pintados por diferentes artistas, entre eles Larissa Ye’pa, com tintas fosforescentes.

Imagens da Intuição, de Jair Gabriel, traz 35 pinturas desenvolvidas com a técnica do pontilhismo, que fazem o visitante pensar sobre a composição de todo um imaginário a partir de vários elementos. Jair Gabriel retrata a floresta e sua cultura, com formas e cores exuberantes. As imagens se relacionam com as vivências desse artista criado na floresta Amazônica até os 16 anos, mas que passou grande parte da vida adulta trabalhando na cidade. Jair Gabriel só iniciou no mundo das artes depois da aposentadoria, período em que revisita suas memórias estéticas e os sentidos da espiritualidade. O artista é um dos líderes da União do Vegetal, religião fundada em 1961 e que prega o desenvolvimento espiritual dos seres humanos. A mostra contará ainda com um vídeo.

O Museu do Pontal, por meio da lei federal de incentivo à Cultura, tem a Shell como patrocinador master, o Instituto Cultural Vale como patrocinador estratégico, e como patronos Repsol Sinopec Brasil, Ternium, Tenaris e Itaú, além da Prefeitura do Rio.

Jair Gabriel - Joaninha II
Jair Gabriel – Joaninha II

Sobre os artistas

Larissa Ye’padiho Mota Duarte – Multiartista indígena do povo Ye’pa Mahsã (Tukano). Sua trajetória une artes visuais, cinema e expressões tradicionais das mulheres de seu povo. Sua prática artística incorpora cerâmica, grafismo, pintura e carimbos de madeira, traduzindo os saberes e a estética ancestral das mulheres Ye’pa Mahsã em obras que celebram e perpetuam sua cultura. Como articuladora da Rede Audiovisual das Mulheres Indígenas (Katahirine), dedica-se à valorização das histórias e lutas dos povos originários, com um olhar especial para o protagonismo feminino. Atualmente, cursa Artes Visuais na Unicamp e participou do documentário Wehsé Darasé – Trabalho da Roça (2016).

Jair Gabriel – Viveu na Floresta Amazônica até os 15 anos e conheceu, ainda na infância, o árduo trabalho dos seringueiros. Sua história se mistura com a dos chamados ‘soldados da Amazônia’, homens que foram enviados para a região, durante o governo de Getúlio Vargas, para reforçarem a produção de borracha, necessária para a ação dos EUA na Segunda Guerra Mundial. O programa de extração de borracha foi responsável por uma das maiores migrações de nordestinos para a Amazônia. Só aprendeu a ler aos 18 anos. Quando saiu da floresta e se mudou para a cidade, em Rondônia, adotou a profissão de policial civil. A virada artística acontece quando ele se aposenta e, por influência de um amigo, o pintor Edison da Luz, começa a pintar. É filho de Mestre Gabriel, fundador da União Vegetal, religião brasileira que utiliza Ayahuasca em seus rituais. Sua arte está marcada pelas cores vibrantes.

Paulo Desana – Cinegrafista, fotógrafo indígena e fundador da Produtora Dabukuri Entretenimento, que se dedica a criar conteúdo audiovisual e arte visual centrados na cultura indígena. Seu atual trabalho é intitulado Pamürimasa – Os Espíritos da Transformação, se baseia na mitologia da Cobra Canoa e já foi exibido em São Paulo e Nova York. Participou de exposições em Rio de Janeiro, Belém, Brasília, São Paulo, Lisboa e São Luís.

Mostra Paulo Desana - Janete Maia Martins Lana
Mostra Paulo Desana – Janete Maia Martins Lana

Sobre o Museu do Pontal

Situado no Rio de Janeiro, o Museu do Pontal é considerado o maior e mais significativo museu de arte popular do país. Seu acervo – resultado de 45 anos de pesquisas e viagens por todo país do designer francês Jacques Van de Beuque – é composto por mais de 9.000 peças de 300 artistas brasileiros.

Avenida Célia Ribeiro da S. Mendes, 3.300, Barra da Tijuca.

Aberto de qui a dom, das 10h às 18h (o acesso às exposições se encerra às 17h30).

Veja mais em: museudopontal.org.br

Colaborando com a RAIZ