Dona Ruth: Festival de Teatro Negro de São Paulo
A quarta edição do Dona Ruth: Festival de Teatro Negro de São Paulo (Dona Ruth: FTNsp) vai acontecer entre os dias 17 a 26 outubro de 2025, após um hiato de três anos.
A programação ocorre em espaços como Itaú Cultural, Sesc 24 de Maio, Sesc Bom Retiro, Complexo Cultural Funarte SP, iBT – Instituto Brasileiro de Teatro e Casa de Francisca, com programação inteiramente gratuita e recursos de acessibilidade.
Pela primeira vez, a programação conta com espetáculos internacionais, tendo como foco uma mirada pela ‘Améfrica Ladina’, conforme conceitua a intelectual Lélia Gonzalez, com duas obras, uma colombiana e outra cubana, ambas inéditas no Brasil.
De Cuba, o grupo Ritual Cubano Teatro traz a montagem Kid Chocolate, obra protagonizada pelo premiado ator Jorge Enrique Cabellero Elizarde, inspirada na vida do famoso boxeador cubano homônimo. Na encenação acompanhamos a saga do personagem em busca do paraíso. Da Colômbia, a Fundación Afrocolombiana Casa Tumac chega com Atarugao Rostros Invisibles, montagem que explora a dança contemporânea, o teatro e a música afro-colombiana da região do Pacífico para dar luz à história de seis homens negros que, ao chegarem numa metrópole, enfrentam os desafios em busca de oportunidades para as suas vidas.
Os espetáculos nacionais que compõem o Dona Ruth: FTNsp – 4ª Edição são: Herança, da Cia. Burlantis (Belo Horizonte/MG), que celebra os 50 anos de carreira do ícone da cultura afro mineira Maurício Tizumba; Terra Brasilis Top Trans Pindorâmica, da Cia. Sacana de Teatro e Dança (São Paulo/SP), que retrata a disputa de narrativas em um Brasil paralelo, sedimentado nas vivências entre pessoas trans e travestis; Danúbio, do Grupo Sutil Ato (Sobradinho/DF), inédito em São Paulo, que traz para a cena a relação com tempo por meio de um encontro lírico e de diferentes gerações; outro inédito na cidade, o Vamos pra Costa?, do Núcleo da Tribo (Itacaré/BA), traz a dança como ferramenta de visibilidade para os modos de organização e ações cotidianas em Itacaré; o infantil Gotas de Saberes, da Cia. Arteatro (Boa Vista/RR), também inédito em São Paulo, é uma obra inspirada em histórias do povo Makuxi; e Samba de Muriquinho, do Núcleo Abre Caminhos (São Paulo/SP), faz uma roda de samba com composições autorais para crianças de todas as idades.
Além dos espetáculos nacionais e internacionais, a programação conta com atividades formativas do Quilombo Artístico-pedagógico, que totalizam quatro ações abertas ao público com inscrições prévias. Serão três oficinas, ministradas pelos grupos Ritual Cubano Teatro (Cuba), Casa Tumac (Colômbia) e Núcleo da Tribo (BA). E, por fim, uma residência artística, conduzida pela Cia. Arteatro (RR) e pelo Núcleo Abre Caminhos (SP), tendo como tema as infâncias indígenas e negras brasileiras, público para o qual os grupos dedicam suas criações.
Completam a programação as Giras de Conversa, com debates conduzidos pelos críticos convidados Deise de Brito e Guilherme Diniz junto a convidados e artistas presentes na programação, e diversos lançamentos de livros. A programação ainda terá Pontos de Encontros com atrações musicais na Casa de Francisca durante os dias do evento.
Para o diretor geral e curador do Dona Ruth: FTNsp, Gabriel Cândido, a 4ª edição “traz outras possibilidades de olharmos para as elaborações poéticas, estéticas e éticas das cenas negras diaspóricas contemporâneas. Essa é a principal razão de ser do festival. Por isso, é uma alegria imensa fazer esse evento, retornar após três anos com uma programação tão provocante. Ganha a cultura do país, a cidade, o teatro brasileiro e, principalmente, o público.” A curadora convidada desta edição, Soraya Martins, espera com essa programação “poder fazer pulsar um festival em que as subjetividades e estéticas são celebradas na sua multiplicidade e diferença como traço distintivo, com dias de festas, potências, criatividade, muitos encantamentos e de renovação de desejos para continuarmos recriando as formas infinitas de estarmos em cena e no mundo.”
Permanentemente, o festival homenageia a atriz Ruth de Souza (1921-2019) como um gesto afetivo, dando a este território o nome de “Dona Ruth”, reconhecendo esta mulher negra e artista como uma das atrizes mais importantes da história do teatro, cinema e teledramaturgia do Brasil, que através de sua excelência técnica e ativismo, tornou-se uma referência ética, artística e intelectual, bem como um símbolo de abertura de caminhos para pessoas negras artistas de diferentes gerações.
O Dona Ruth: Festival de Teatro Negro de São Paulo é uma idealização da atriz e gestora cultural Ellen de Paula e do diretor e dramaturgo Gabriel Cândido, cujas três primeiras edições ocorreram em 2019, 2020 (online) e 2021 (híbrido). O festival ainda promoveu atividades como 100 Anos de Ruth de Souza: um sonho que se no tempo (2021), lançamento do livro Entre Mira, Serafina, Rosa e Tia Neguita: a trajetória e o protagonismo de Léa Garcia, de Júlio Claudio da Silva com participação da própria atriz e do cineasta Joelzito Araújo (2023); e a edição Pré-Festival: compartilhamentos curatoriais (2023). Com curadoria do idealizador Gabriel Cândido, também à frente da direção geral do evento, e pela curadora convidada Soraya Martins, a quarta edição do Dona Ruth: FTNsp tem patrocínio do Banco Itaú por meio da Lei Rouanet e apoio do Programa Iberescena e sua realização é em parceria com o Sesc SP.

Lançamento da programação: 9 de outubro – Quinta
15h às 17h – Gira de Conversa: O Pensamento Curatorial como Guia da Programação
Com: Gabriel Cândido (curador e diretor geral) e Soraya Martins (curadora)
Apresentação: Ellen de Paula (idealizadora)
Local: Itaú Cultural – Sala Vermelha (70 lugares). Classificação: Livre.
Entrada gratuita – Retire seu ingresso a partir de 7/10, às 12h.
17 de outubro – Sexta
19h – Abertura
20h – Espetáculo: Herança – Cia. Burlantins (Belo Horizonte/MG)
Duração: 45 min. Classificação: 12 anos. Gênero: Drama.
Local: Itaú Cultural – Sala Itaú Cultural (224 lugares)
Entrada gratuita – Retire seu ingresso a partir de 14 de outubro, às 12h.
22h – Ponto de Encontro: Thalma de Freitas
Local: Casa de Francisca (Porão)
Gratuito: 100 primeiros ingressos
Venda de ingressos: casadefrancisca.art.br/novo/programacao e bilheteria presencial.
18 de outubro – Sábado
14h – Lançamento/Livro: Dramas para Negros e Prólogo para Brancos: antologia de teatro negro-brasileiro (Ed. Temporal, 2024) – Organização: Abdias Nascimento
15h30 – Relançamento/Livro: Comicidades e Palhaçarias Negras (Catappum!, 2024)
Organizador: Chico Vinícius, Fagner Saraiva e Mafalda Pequenino. Mediação: Gabriel Cândido
17h – Lançamento/Livro: Teatro Experimental do Negro: histórias, críticas e outros dramas (Ed. Temporal, 2025) – Autor: Guilherme Diniz. Mediação: Soraya Martins
Local: iBT – Instituto Brasileiro de Teatro
Gratuito. Sem retirada de ingressos. Com bate-papos. Apresentação: APÊAGÁ.
20h – Espetáculo: Vamos pra Costa? – Núcleo da Tribo (Itacaré/BA)
Duração: 40 minutos. Classificação: Livre. Gênero: Dança.
Local: Itaú Cultural – Sala Itaú Cultural (224 lugares)
Entrada gratuita – Retire seu ingresso a partir de 2 de outubro, às 12h.
21h – Ponto de Encontro: Samba de Dandara
Local: Casa de Francisca (Porão)
Gratuito: 100 primeiros ingressos
Venda de ingressos: casadefrancisca.art.br/novo/programacao e bilheteria presencial.
19 de outubro – Domingo
18h – Ponto de Encontro: atração a definir
Local: Casa de Francisca (Porão)
Gratuito: 100 primeiros ingressos
Venda de ingressos: casadefrancisca.art.br/novo/programacao e bilheteria presencial.
19h – Espetáculo: Vamos pra Costa? – Núcleo da Tribo (Itacaré/BA)
Duração: 40 minutos. Classificação: Livre. Gênero: Dança.
Local: Itaú Cultural – Sala Itaú Cultural (224 lugares)
Entrada gratuita – Retire seu ingresso a partir de 2 de outubro, às 12h.
20 de outubro – Segunda
10h às 14h – Quilombo Artístico-pedagógico: A Pie Pelao va con música en vivo
Com Casa Tumac (Colômbia)
Local: Complexo Cultural Funarte SP
Gratuito. 20 vagas. Ingressões prévias – formulário online: https://linktr.ee/DonaRuthFTNsp
16h – Gira de Conversa: Abre-Alas – Festivais em Aquilombamento
Participantes: Aline Mohamad (IBT), Aline Vila Real (Funarte), Carlos Gomes (Itaú Cultural), Gabriel Cândido (Dona Ruth: FTNsp), Thiago Pirajira (Mostra Cura de Artes Cênicas Negras – Porto Alegre e Pelotas/RS), Verusya Correa (Festival de Dança Itacaré/BA) e Soraya Martins (Dona Ruth: FTNsp)
Mediação: Deise de Brito e Guilherme Diniz. Apresentação: APÊAGÁ.
Local: Complexo Cultural Funarte SP
Gratuito. Sem retirada de ingressos.
20h – Conferência: Nas Dobras do Real: o fictício, o imaginário e as subjetivações em cena
Com Leda Maria Martins
Local: iBT – Instituto Brasileiro de Teatro
Gratuito. Sem retirada de ingressos.
21 de outubro – Terça
11h às 14h30 – Quilombo Artístico-pedagógico: Infâncias Indígenas e Negras Brasileiras: encantamento e imaginação radical
Com Cia. Arteatro (Boa Vista/RR) e Núcleo Abre Caminhos (SP)
Local: Sesc 24 de Maio
Gratuito. Ingressões prévias – formulário online: https://linktr.ee/DonaRuthFTNsp
15h – Gira de Conversa: Fissurar Olhares
Com Deise de Brito, Guilherme Diniz e artistas convidados da programação
Local: Complexo Cultural Funarte SP
Gratuito. Sem retirada de ingressos.
20h – Espetáculo: Atarugao Rostro Invisibles – Casa Tumac (Colômbia)
Duração: 45 minutos. Classificação: Livre. Gênero: Dança-teatro.
Local: Itaú Cultural – Sala Itaú Cultural (224 lugares)
Entrada gratuita – Retire seu ingresso a partir de 22 de outubro, às 12h.
22 de outubro – Quarta
10h às 14h – Quilombo Artístico-pedagógico: Da Totalidade ao Vamos Pra Costa? Uma Experiência Dançante com a Corda. Topa? – Com Núcleo da Tribo (Itacaré/BA).
Local: Complexo Cultural Funarte SP
Gratuito. 20 vagas. Ingressões prévias – formulário online: https://linktr.ee/DonaRuthFTNsp
11h às 14h30 – Quilombo Artístico-pedagógico: Infâncias Indígenas e Negras Brasileiras: encantamento e imaginação radical
Com Cia. Arteatro (Boa Vista/RR) e Núcleo Abre Caminhos (SP)
Local: Sesc 24 de Maio
Gratuito. Ingressões prévias – formulário online: https://linktr.ee/DonaRuthFTNsp
15h – Gira de Conversa: Fabulação de Imagens
Com Deise de Brito, Guilherme Diniz e artistas convidados da programação
Local: Complexo Cultural Funarte SP
Gratuito. Sem retirada de ingressos.
20h – Espetáculo: Atarugao Rostro Invisibles – Casa Tumac (Colômbia)
Duração: 45 minutos. Classificação: Livre. Gênero: Dança-teatro.
Local: Itaú Cultural – Sala Itaú Cultural (224 lugares)
Entrada gratuita – Retire seu ingresso a partir de 22 de outubro, às 12h.
22h – Ponto de Encontro: Ayô & Bixarte
Local: Casa de Francisca (Porão)
Gratuito: 100 primeiros ingressos
Venda de ingressos: casadefrancisca.art.br/novo/programacao e bilheteria presencial.

23 de outubro – Quinta
11h às 14h30 – Quilombo Artístico-pedagógico: Infâncias Indígenas e Negras Brasileiras: encantamento e imaginação radical
Com Cia. Arteatro (Boa Vista/RR) e Núcleo Abre Caminhos (SP)
Local: Sesc 24 de Maio
Gratuito. Inscrições de 30/9 a 21/10 pelo formulário https://forms.gle/m9EwZCsmaiWHuTTt9.
15h – Gira de Conversa: A Crítica como Imaginação
Com Deise de Brito, Guilherme Diniz e artistas convidados da programação
Local: Complexo Cultural Funarte SP
Gratuito. Sem retirada de ingressos.
20h – Espetáculo: Terra Brasilis Top Trans Pindorâmica – Cia. Sacana de Teatro e Dança (SP)
Duração: 75 minutos. Classificação: 16 anos. Gênero: Drama.
Local: iBT – Instituto Brasileiro de Teatro
Gratuito. Retirar na bilheteria 1 hora antes da sessão.
22h – Ponto de Encontro: atração a definir
Local: Casa de Francisca (Porão)
Gratuito: 100 primeiros ingressos
Venda de ingressos: casadefrancisca.art.br/novo/programacao e bilheteria presencial.
24 de outubro – Sexta
10h às 14h – Quilombo Artístico-pedagógico: Caminos Hacia una Vivencia Emocional del Movimiento Danzario.
Com Ritual Cubano Teatro (Cuba)
Local: Complexo Cultural Funarte SP
Gratuito. 20 vagas. Ingressões prévias – formulário online: https://linktr.ee/DonaRuthFTNsp
11h às 14h30 – Quilombo Artístico-pedagógico: Infâncias Indígenas e Negras Brasileiras: encantamento e imaginação radical
Com Cia. Arteatro (Boa Vista/RR) e Núcleo Abre Caminhos (SP)
Local: Sesc 24 de Maio
Gratuito. Inscrições de 30/9 a 21/10 pelo formulário https://forms.gle/m9EwZCsmaiWHuTTt9.
20h – Espetáculo: Danúbio – Grupo Sutil Ato (Sobradinho/DF)
Duração: 55 minutos. Classificação: 12 anos. Gênero: Drama.
Local: Sesc Bom Retiro
Gratuito – Retirar ingressos na bilheteria 2 horas antes da sessão.
21h – Ponto de Encontro: Sandra de Sá
Local: Casa de Francisca (Porão)
Gratuito: 100 primeiros ingressos
Venda de ingressos: casadefrancisca.art.br/novo/programacao.
25 de outubro – Sábado
11h às 14h30 – Quilombo Artístico-pedagógico: Infâncias Indígenas e Negras Brasileiras: encantamento e imaginação radical
Com Cia Arteatro (Boa Vista/RR) e Núcleo Abre Caminhos (SP)
Local: Sesc 24 de Maio
Gratuito. Inscrições de 30/9 a 21/10 pelo formulário https://forms.gle/m9EwZCsmaiWHuTTt9.
16h – Espetáculo: Gotas de Saberes – Cia. Arteatro (Boa Vista/RR)
Duração: 55 minutos. Classificação: 12 anos. Gênero: Drama.
Local: Sesc 24 de Maio
Gratuito. Sem retirada de ingressos.
20h – Espetáculo: Danúbio – Grupo Sutil Ato (Sobradinho/DF)
Duração: 55 minutos. Classificação: 12 anos. Gênero: Drama.
Local: Sesc Bom Retiro
Gratuito – Retirar ingressos na bilheteria 2 horas antes da sessão.
20h – Espetáculo: Kid Chocolate – Ritual Cubano Teatro (Cuba)
Duração: 45 min. Classificação: 12 anos. Gênero: Drama.
Local: Sesc 24 de Maio
Gratuito – Retirar ingressos na bilheteria 2 horas antes da sessão.
22h – Ponto de Encontro: atração a definir
Local: Casa de Francisca (Porão)
Gratuito: 100 primeiros ingressos
Venda de ingressos: casadefrancisca.art.br/novo/programacao.
26 de outubro – Domingo
16h – Espetáculo: Samba de Muriquinho – Núcleo Abre Caminhos (SP)
Local: Sesc Bom Retiro
Gratuito. Sem retirada de ingressos.
16h – Espetáculo: Gotas de Saberes – Cia. Arteatro (Boa Vista/RR)
Duração: 55 minutos. Classificação: 12 anos. Gênero: Drama.
Local: Sesc 24 de Maio
Gratuito. Sem retirada de ingressos.
17h – Espetáculo: Kid Chocolate – Ritual Cubano Teatro (Cuba)
Duração: 75 min. Classificação: 12 anos. Gênero: Drama.
Local: Sesc 24 de Maio
Gratuito – Retirar ingressos na bilheteria 2 horas antes da sessão.
18h – Ponto de Encontro: atração a definir
Local: Casa de Francisca (Porão)
Gratuito: 100 primeiros ingressos
Venda de ingressos: casadefrancisca.art.br/novo/programacao.
Locais / Endereços
Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149 – Bela Vista. SP/SP.
Tel.: (11) 2168- 1777. 224 lugares. Acessibilidade. Na rede: @itaucultural.
Sesc 24 de Maio
Rua 24 de Maio, 109, República. SP/SP.
Tel.: (11) 3350-6300. 245 lugares. Acessibilidade. Na rede: @sesc24demaio.
Sesc Bom Retiro
Alameda Nothmann, 185 – Campos Elíseos. SP/SP.
Tel.: (11) 3332-3600. 297 lugares. Acessibilidade. Na rede: @sescbomretiro.
Complexo Cultural Funarte SP
Alameda Nothmann, 1058 – Campos Elíseos. SP/SP.
Tel.: (11) 3662-5177. Acessibilidade.
iBT – Instituto Brasileiro de Teatro
Avenida Brigadeiro Luís Antônio, 277 – Bela Vista. SP/SP.
Tel.: (11) 91571-3614. Acessibilidade. Na rede: @ibteatro.
Casa de Francisca
Rua Quintino Bocaiúva, 22 – Sé. SP/SP
Tel.: (11) 3052-0547. Na rede: @casadefrancisca.
OS ESPETÁCULOS / AS ATRAÇÕES
Espetáculo: Kid Chocolate – Ritual Cubano Teatro (Cuba)
Duração: 75 min. Ano: 2012. Classificação: 12 anos. Gênero: Drama.
Com direção, dramaturgia e atuação de Jorge Enrique Caballero, Kid Chocolate – Ritual Cubano traz a história de Eligio Sardiñas Montalvo (o boxeador Kid Chocolate / 1910-1988) que, de para conquistar o paraíso, revive e analisa momentos de sua vida, em vários âmbitos, com o objetivo de alcançar o arrependimento, renunciar ao seu passado na Terra e, assim, conquistar seu caminho para o paraíso. Isso o colocará em um dilema.
Jorge Enrique Caballero é formado em Artes Cênicas, com ênfase em atuação, pelo Instituto Superior de Arte de Cuba (ISA). Participou de workshops de teatro, dança e cinema. Integrou o elenco da Cia. de Teatro Rita Montaner, da Cia de Teatro Mefisto, da Cia. de Teatro Yoldance, do Teatro Aire Frío, do Teatro Buendía, da 3pasos/2 Movimientos (Cia. de Burkina Faso), do Teatro Espiral (Suíça), da TeamSunshine Performance Corporations (EUA) e da BB Promotions (Alemanha). No cinema, destaque apra filmes como Kangamba, 7 Días en La Habana, Hormigas en La Boca (Espanha), Case Depart (França), Larga Distancia, Sumbe, Melaza, Bailando con Margot, Inocencia, Nido de Mantis, Vientos de La Habana (Espanha) e Eres Tú Papá? (Reino Unido). Em séries de TV, A Pesar de Todo, El que Debe Vivir, Bajo el Mismo Sol e De Amores y Esperanzas I y II. Lecionou no Instituto Superior de Arte (ISA), Escuela Pro-Danza e Escuela Nacional de Teatro (ENT). Ministrou palestras e workshops sobre atuação e expressão corporal em Cuba, México, EUA e Suíça. Em 2012, foi premiado com a Residência Artística para Jovens da América Latina e Haiti, México, por Kid Chocolate. Recebeu o Prêmio Adolfo Llauradó de melhor atuação masculina em cinema (2008) e em teatro (2013). É membro da União Nacional de Escritores e Artistas de Cuba (UNEAC). É criador da Trilogía Teatral Ritual Cubano (Kid Chocolate, Le Chevalier Brindis de Salas e 1912), que reúne as vidas e obras de cubanos negros com significado histórico.
FICHA TÉCNICA – Autor, ator e diretor: Jorge Enrique Caballero. Percussão: José del Pilar Suárez Entenza. Técnico de luz: Reginal Javier Rodríguez. Audiovisual e som: Lucy R. Ramos. Som: Leyris Guerrero Mora.
Espetáculo: Atarugao Rostros Invisibles – Fundación Afrocolombiana Casa Tumac (Colômbia)
Duração: 45 minutos. Classificação: Livre. Gênero: Dança-teatro. Ano: 2020.
Atarugao Rostros Invisibles conta a história de seis homens negros que chegam de suas regiões a uma cidade em busca de “progresso”, trazendo consigo seus sonhos, suas histórias e sua cultura materializada em seus modos de andar, falar, ouvir música e dançar. O encontro desse homens com o ambiente urbano se torna hostil, pois oferece poucas oportunidades e os confronta cotidianamente com a discriminação e a segregação, forçando-os a desenvolver formas de resistência.
A cidade, que os estigmatiza e segrega pela cor de pele e origem, é construída pelas mãos desses homens migrantes. Eles trabalham de baixo para cima, como pedreiros, toupeiras, vendedores e coletores de lixo. Esses homens, estigmatizados como preguiçosos, são os mesmos que realizam o trabalho mais árduo, construindo as casas onde residem aqueles que os discriminam, cuidando da cidade que lhes é hostil. São as mãos e a força desses homens que constroem cidades que lhes negam acesso e dignidade mesmo diante das suas contribuições. Esses homens decidem investir em um futuro, mesmo nas condições adversas. A partir de suas histórias, corpos e musicalidade, criam suas próprias narrativas. Atarugao Rostros Invisibles é uma performance que, por meio da dança, presta homenagem a esses homens comprometidos em construir vidas na cidade. Os homens de Atarugao se adaptam à cidade, buscam se reconectar com seu território aos domingos a partir do meio-dia, quando seus corpos descansam, e reservam um tempo para celebrar e honrar sua própria resiliência.
A Fundación Afrocolombiana Casa Tumac é um coletivo, fundado em 2016, como resultado da Fundação Afro-Colombiana Casa Tumac, em parceria com o Centro de Desenvolvimento Cultural Moravia. O trabalho busca reflexão por meio de performances com foco nas perspectivas das mulheres sobre resistência, identidade e expressão da feminilidade, a partir das diversas possibilidades que nos cercam. Promovem o diálogo intercultural em novos contextos. Atualmente, trabalha com base em técnicas afrocontemporâneas, contemporâneas e tradicionais. Possui três obras e quatro vídeos de dança com viés de gênero, tendo a música ao vivo criada especialmente para cada obra e interpretada pelas próprias integrantes.
FICHA TÉCNICA – Direção: Francisco Alexander Tenorio Quiñones. Artistas em cena / músicos bailarinos: Francisco Tenorio Quiñones, Oscar Andrés Ângulo, Jair Parmenio Ângulo, Kevin Leandro Cortes, Jesús Alberto e Mario Andrés Cortes. Iluminação: Isabel Montoya. Assistência de direção: Paola Vargas.
Espetáculo: Terra Brasilis Top Trans Pindorâmica – Cia. Sacana de Teatro e Dança (São Paulo/SP)
Duração: 75 minutos. Classificação: 16 anos. Gênero: Drama.
Em Terra Brasilis Top Trans Pindorâmica, com dramaturgia e direção de Ymoirá Micall, um programa de rádio anuncia a “hora da história”. No microfone, a Cantora Careca, locutora da atração, narra em detalhes a passagem da Santa Profana, figura icônica deste conto distópico. Após ser proclamada Santa pela população do Distrito PS, a protetora vive sua ressurreição ao mesmo tempo em que deve se defender dos ataques iniciados por seguidores de um Rei Colônia.
O espetáculo, que abriu a 9ª edição da Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos do CCSP, em 2023, retrata a disputa de narrativas em um Brasil paralelo totalmente atemporal, sedimentado nas vivências entre pessoas trans e travestis. O trabalho da Cia. Sacana é uma distopia. A obra está situada no mesmo universo do experimento cênico Distrito T – cap. 1, premiado em 2022 no 30º Festival Mix Brasil, na categoria Dramática. Na trama de Terra Brasilis Top Trans Pindorâmica o público conhece a história da Santa Profana, convidado a adentrar aos limites do Distrito PS, bem quando ela decide ser livre. No entanto, essa atitude fragiliza o círculo de proteção local, deixando os moradores em estado de alerta. Ao mesmo tempo, uma refugiada precisa ganhar a confiança dessa entidade para se manter viva. A montagem desmistifica qualquer impossibilidade de afeto sobre a população trans e travesti e busca se afastar de uma binariedade intrínseca à sociedade.
Na ativa desde 2020, composta por artistas negros e LGBTQIAP+, a Cia Sacana tem a missão de produzir conteúdo em múltiplas linguagens para garantir o acesso de artistas negros e LGBTQIAPN+ a qualquer espaço artístico e educacional. O lado imagético foi fundamental para o trabalho. Muito da moda e do design foi incorporado à encenação, quase como um manifesto. O figurino (Kyra Reis – criação é coletiva) remete ao movimento Ballroom e utiliza peças em upclycling (reaproveitadas). Também so cenário, pensado por Mauro Pucci, a Cia. Sacana optou pelo mesmo caminho do reaproveitamento. A montagem imersiva ocupa os espaços de forma diferente. Nas primeiras cenas, os espectadores transitam pelo lugar, conhecendo o distrito que compõe a distopia, depois senta-se em arquibancadas. Diferentes elevações e estruturas determinam essas fronteiras.
FICHA TÉCNICA – Direção e dramaturgia: Ymoirá Micall. Assistência de direção: PHVerissima. Elenco: Kyra Reis, Ayo Kalunga, Kaiala de Oliveira, Leonora Braz, Alice Guél, Wini Lipe, Zara Dobura, Venâncio Cruz, Tata Nzinga e Nu Abe. Direção de produção: Carmen Mawu Lima. Direção de arte: Mauro Pucci. Trilha sonora e operação: Maia Caos. Desenho e operação de luz: Verena Teixeira. Assistência de arte: Luccas Caetano. Assistência de som: Ewe Pixain. Assistência de produção: Veni. Gestão institucional: Associação SÙ de Educação e Cultura.
Espetáculo: Herança – Cia. Burlantis (Belo Horizonte/MG)
Duração: 72 minutos. Classificação: Livre. Gênero: Drama
Com direção de Grace Passô Herança tem a busca e o resgate da herança cultural afro-brasileira como bússola para a diáspora negra. A peça celebra os 50 anos de carreira do ícone da cultura afro-mineira, Maurício Tizumba. Em cena estão três multiartistas, Júlia Tizumba, Sérgio Pererê e o próprio Maurício Tizumba. Criando uma trama de enredos pessoais, documentais e oníricos, o trio escava histórias íntimas enquanto mira a África como se olhassem em um espelho. Entre as muitas maneiras de contar histórias, o som, o movimento e os objetos de família são elementos poéticos do novo espetáculo cênico-musical da Cia. Burlantins.
FICHA TÉCNICA – Dramaturgia: Aline Vila Real, Grace Passô e Tomás Sarquis – Elaborada a partir de narrativas produzidas por Júlia Tizumba, Mauricio Tizumba, Rosa Moreira e Sérgio Pererê. Direção: Grace Passô. Elenco: Júlia Tizumba, Sérgio Pererê e Mauricio Tizumba. Participação especial: Rosa Moreira. Direção musical: Sérgio Pererê. Músicas: Sérgio Pererê e Mauricio Tizumba. Assistência de movimento: Sérgio Penna. Vídeo-arte: Renato Pascoal. Intervenções visuais: Desali. Projeções: Vjs Bah e Kraken. Cenário e figurino: Alexandre Tavera. Iluminação: Edmar Pinto. Sonorização: André Cabelo, Cahuê Teixeira e Marquinhos. Gestão e produção executiva: Elias Gibran e Karú Torres (Napele Produções Artísticas). Assistência de produção: Eurídes Máximo (Juninho). Fotos: Pablo Bernardo. Idealização: Pedro Kalil. Realização: Cia Burlantins e Napele Produções Artísticas.

Espetáculo: Danúbio – Grupo Sutil Ato (Brasília/DF)
Duração: 55 minutos. Classificação: 12 anos. Gênero: Drama.
Dois atores, um adulto e uma criança, percorrem uma jornada lírica e lúdica que brinca diálogos entre uma mesma pessoa em diferentes tempos de vida. Danúbio é o protagonista negro que busca sua própria voz, história e identidade entre as muitas vozes e memórias que habitam seu corpo. As contradições e embates entre a criança e o adulto, convidam o público a mergulhar na complexidade de sentimentos, emoções, cosmologias e ancestralidades que atravessam as memórias e subjetividades pretas.
FICHA TÉCNICA – Direção e dramaturgia: Jonathan Andrade. Atuação: Kalebe Lizan e Malik Gomes Leôncio. Participação especial: Genison Pereira (vídeo e voz), Adinelson de Souza Filho (voz) e Raio Gomes (voz). Cenografia e figurino: Auana Borém e Jonathan Andrade. Colaboração na execução do cenário: Aroldo Lopes e Marno Matte. Colaboração no figurino: Priscila Gomes Mariano. Iluminação: Jonathan Andrade. Consultoria de luz: Jeferson Landin. Composição e direção musical: Felipe Kiluandê Fiúza. Músicos convidados: Bruno Yakalos, Mar Nóbrega e Pedro Badke. Operação de som: Ãna do Quartinho. Professor e tradutor de Iorubá: Adinelson de Souza Filho. Captação, edição de vídeo e videomapping: Bruno Zakarewicz, Elias Kioshi e Fernando Gutiérrez. Produção executiva: Wellington Oliveira.
Espetáculo: Vamos pra Costa? – Núcleo da Tribo (Itacaré/BA)
Duração: 40 minutos. Classificação: Livre. Gênero: Dança.
Três pescadores-dançarinos em cena descrevem suas funções na pescaria artesanal, que acontece entre outubro e março no litoral baiano, na cidade de Itacaré/BA. A partir de suas experiências, o público conhece um pouco sobre a pesca da Costa: a relação de hierarquia e de confiança, o poder da visibilidade, a especificidade de cada corpo em executar uma determinada ação, temporalidades. Em um espaço múltiplo de troca, pessoas de diferentes regiões se encontram para realizar a pesca artesanal. O alimento, os encontros, a disputa, a sobrevivência, a vivência e a união, tudo em cena. Mas sem peixes não tem canoa na arrebentação, sem peixes não tem rede bem costurada, sem peixes não tem piageiros, sem peixes não tem histórias.
No espetáculo, a dança gera visibilidades e apresenta os modos de organização e ações cotidianas da/na cidade de Itacaré, BA. O processo de criação de Vamos pra Costa? começou em janeiro de 2015, como um desejo do Magno Rocha (Miquiba), um dos dançarinos, em produzir um espetáculo de dança sobre a pesca artesanal – feita por homens moradores do bairro Porto de Trás e de outros bairros e outas regiões – na praia da costa, localizada na outra margem do Rio de Contas, em Itacaré. Os três dançarinos em cena também são pescadores, integrantes dessa atividade artesanal. Durante o processo, o Núcleo da Tribo fez um relatório sobre a organização desta pesca, quem participa, por que o bairro Porto de Trás localizado no Quilombo Urbano, os elementos necessários para atividade, o que acontece em alto mar e o que ocorre quando a rede chega em terra. Registros fotográficos dos três pescadores dançarinos foi realizado, por meio da improvisação, seleções de materiais para a composição das cenas e análise dos modos de organização da atividade. A corda, um elemento de extrema importância para o bom resultado da pescaria, ascendeu na cena.
FICHA TÉCNICA – Direção artística e criação: Verusya Correia. Criação e performance: Arionilson Xixito, Guilherme Pitche e Valmilson Pericles Nascimento. Designer e operação de luz: Márcio Nonato. Cenário e figurino: Núcleo da Tribo. Produção: Casa Ver Arte. Trilha sonora: “DeluxeJoyPilot by Felix Ruckert” (Christian Meyer), “Paris, Texas” (Gotan Project), “Beira” (Lucas Oliveira Rosário) e “Percussion Storm” (Baaba Maal Yiriyaro).
Espetáculo: Gotas de Saberes – Cia. Arteatro (Boa Vista/PR)
Duração: 40 minutos. Classificação: Livre. Gênero: Infantil.
Gotas de Saberes tem texto inspirado em histórias do povo originário da etnia Makuxi. A narrativa foi elaborada pelos atores Anderson Nascimento, Márcio Sergino e Silmara Costa, a partir das histórias originárias e do processo de experimentação e vivência pessoal de cada um. Três histórias pouco conhecidas em Roraima integram o espetáculo: Kaikusi Moropai Wayumuri Pantoni: Eka’tunpînen (Mito de Jabuti e Onça: a Corrida), Musu Pantoni (O Jogo dos Olhos Entre o Camarão e a Onça) e Yei yare pantoni (A Origem dos Timbós), que estiveram por muitas gerações nos quintais e terreiros dos lavrados e das serras de RR, contadas por ancestrais e avós Makuxis.
A adaptação Gotas de Saberes – que faz parte do projeto homônimo que propõe a contação de histórias em forma de espetáculo – traz elementos da infância, de experiências vividas e da ancestralidade dos atores. A peça é a concretização do desejo da companhia de realizar um espetáculo que abordasse suas raízes, sua identidade amazônica e roraimense e contou com a assessoria do dramaturgo e encenador Márcio Marciano na direção e na dramaturgia.
FICHA TÉCNICA – Direção geral: Márcio Sergino. Consultoria em direção e dramaturgia: Marcio Marciano. Texto e dramaturgia: Anderson do Nascimento, Silmara Costa e Victor Manoel. Elenco: Anderson Nascimento, Márcio Sergino e Silmara Costa. Percussão e apoio: Márcio Sergino. Iluminação: Baronso Lucena. Pesquisa e produção musical: Victor Manoel. Produção executiva: Silmara Costa. Fotografia: Lary Gaynett.
Espetáculo: Samba de Muriquinho – Núcleo Abre Caminhos (São Paulo/SP)
Duração: 60 minutos. Classificação: Livre. Gênero: Infantil.
O Samba de Muriquinho é uma roda de samba feita para crianças. Concebida pelo Núcleo Abre Caminhos, em 2023, durante a pesquisa sonora do projeto Erês, Muriquinhos e Mulekagens, no qual o Núcleo pesquisa, há cerca de três anos, as infâncias negras em cena, a partir da obra literária infantil Kuami, de Cidinha da Silva. O repertório é composto por músicas autorais do primeiro espetáculo do grupo, Kuami – Caminhos para Identidade, e por cantigas populares das culturas tradicionais afro-brasileiras de diversas regiões – norte, nordeste, Minas Gerais e interior de São Paulo.O espetáculo é estruturado para incluir toda a família durante a atividade por meio interações com a plateia e dinâmicas lúdicas. Pais, mães, tios, avôs são também convidados a visitarem suas infâncias. O Samba de Muriquinho é realizado como as tradicionais rodas de samba, no formato de meia lua junto ao público e instrumentos percussivos e melódicos. O meio da roda fica livre para que o público dance e interaja entre si e com o grupo. O movimento circular e espiral é sagrado para as culturas afro-brasileiras, presentes em vários tipos de festas populares e religiosas. O Núcleo Abre Caminhos atua na pesquisa em teatralidade e musicalidade negra, dedicado à investigação cênica, musical e dramatúrgica, formado por Lucaz Eusébio e Miranda Gonçalves.FICHA TÉCNICA – Direção musical: Miranda Gonçalves. Concepção artística: Lucaz Eusébio. Cavaco e violão: Samuel Silva. Vozes, percussão e efeitos: Iraci Estrela, Lucaz Eusébio, Miranda Gonçalves e Vicente Kayodê. Técnica de som: André Papi. Produção: Lucas Cardoso – Corpo Rastreado. Direção geral e realização: Núcleo Abre Caminhos.

Conferência: Nas Dobras do Real: o fictício, o imaginário e as subjetivações em cena
Com: Leda Maria Martins
Leda Maria Martins reflete, especialmente no Dona Ruth: FTNsp – 4ª Edição, sobre as tensas relações entre o real e o ficcional, explorando os modos pelos quais se performam os perfis e os contornos das subjetivações e o lugar do imaginário nas cenas negras e indígenas da atualidade.
Leda Maria Martins nasceu no Rio de Janeiro e vive em Belo Horizonte, Brasil. Poeta, dramaturga, ensaista e professora. Doutora em Letras/Literatura Comparada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre em Artes pela Indiana University e formada em Letras pela UFMG. Possui pós-doutorados em Performance Studies pela New York University e em Performance e Rito pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Docente aposentada da Universidade Federal de Minas Gerais, também lecionou na Universidade Federal de Ouro Preto. Professora Visitante da Tisch Shool of the Arts e da Universidade Federal Fluminense. Algumas de suas áreas de pesquisa incluem: teatro, performance, estudos comparados de literatura, estudos culturais. Entre seus conceitos e noções teóricas destacam-se: afrografias, teatro negro, encruzilhadas, oralituras, tempo espiralar e corpo-tela. Entre seus livros, constam: Performances of Spiral Time (Duke University Press, 2025); Performances do tempo espiralar, poéticas do corpo-tela (Editora Cobogó, 2021); Afrografias da memória (Editoras Perspectiva/ Mazza, (2021 e 1997); A cena em sombras (Editora Perspectiva, 2023 e 1995), O Moderno Teatro de Qorpo Santo (Ed. UFMG, 1991) e Os dias anônimos (Ed. Sette Letras, 1999). Em 2022, Leda recebeu o Prêmio Milu Villela pela Fundação Itaú Cultural. Em 2023, foi outorgada com o Prêmio Mestre em Artes Integradas da Funarte. De março de 2024 a março de 2025, foi homenageada com a Ocupação Leda Maria Martins, pelo Itaú Cultural (SP). Desde 2005, é Rainha de Nossa Senhora das Mercês do Reinado de Nossa Senhora do Rosário do Jatobá, em Belo Horizonte.
Quilombo Artístico-pedagógico: Infâncias Indígenas e Negras Brasileiras: encantamento e imaginação radical
Com: Cia. Arteatro (Boa Vista-RR), e do Núcleo Abre Caminhos (São Paulo-SP).
Esta residência artística se propõe a pensar ética, estética, poética e politicamente as artes da cena dedicada às infâncias. Para tanto, têm como fundamento o encontro, a troca e o compartilhamento dos processos de criação e de metodologias artístico-pedagógicas dos grupos Cia. Arteatro (Boa Vista-RR), e do Núcleo Abre Caminhos (São Paulo-SP). A atividade, conduzida pelos artistas integrantes de ambos os grupos, é aberta ao público e gratuita, mediante inscrição prévia. Destinado para crianças acompanhadas de responsáveis maiores de idade, jovens, adultos de todas as idades interessados em infâncias, teatro, artes, culturas indígenas e negras e educação.
Cada grupo, ao longo das suas trajetórias pesquisam, sonham e inventam, de diferentes formas, as suas criações cênicas dedicadas às infâncias indígenas e negras no Brasil numa dimensão contra-colonial. Nesse espaço de criação, como esses grupos podem imaginar juntos as múltiplas infâncias afro-indígenas brasileiras? Quais as confluências, contrastes e tensões dos seus processos de criação e metodologias a partir dos seus territórios? É possível propor um olhar que rompa com as concepções hegemônicas e eurocêntricas e que reconhece a infância como potência política, cultural e ancestral? Como compreender as crianças como parte fundamental da vida comunitária em vez de isolada em espaços artificiais? Quais são os caminhos para imaginar infâncias que não sejam forjadas pelo capitalismo e pelo neoliberalismo? Essas e outras questões estarão em jogo e, por isso, serão responsáveis por mobilizar os encontros entre os artistas e participantes.
Nesse espaço de criação, compreenderemos, como uma provocação inicial, a infância como um campo de disputa política e de produção de conhecimento, articulada para além da faixa etária que determina certa idade para ser uma criança no mundo. Portanto, a infância também é compreendida como um conceito transversal preenchido com amplos significados que qualificam múltiplas formas de ser e estar no mundo. Ao longo dos encontros, os grupos conduzem processos criativos que elucidem as possibilidades crítico-criativas que as artes da cena, aliadas a outros saberes que produzem, podem oferecer para ampliar as noções das infâncias indígenas e afro-diaspóricas como um projeto para o Brasil.
Quilombo Artístico-Pedagógico: A Pie Pelao va con música en vivo
Com Casa Tumac (Colômbia) – Paola Vargas e Francisco Alexander Tenorio
A oficina utiliza a dança tradicional do Pacífico Sul colombiano e movimentos cotidianos como ferramentas criativas para a construção de uma linguagem contemporânea. Busca destacar questões enfrentadas pela comunidade afro-colombiana do Pacífico e por aqueles que migram para as grandes cidades. Esta iniciativa é um trabalho da Fundação Afro-Colombiana Casa Tumac, desde 2008, liderada pelo maestro e fundador Francisco Alexander Tenorio e, posteriormente, apoiada pela maestrina Paola Vargas. A oficina nasceu das reflexões do maestro, que observou como a colonização por outras técnicas de dança coloca em risco a permanência das tradições do Pacífico Sul colombiano. A proposta consiste em tomar os passos pré-estabelecidos da dança tradicional e interpretá-los com as necessidades expressivas de cada obra ou performance, incorporando também gestos e elementos do cotidiano como propulsores da criação.
Francisco Alexander Tenorio é licenciado em Dança e engenheiro químico formado pela Universidade de Antioquia, com sólida trajetória como bailarino, coreógrafo e pesquisador das danças tradicionais do Pacífico Sul colombiano. Desde 1988, formou-se em música e dança com a Fundação Escola Folclórica do Pacífico Sul Tumac, que atualmente dirige artisticamente. Sua busca criativa o levou a desenvolver uma proposta cênica que funde danças tradicionais afro com elementos contemporâneos e gestos cotidianos do território. Fundador da Fundação Afrocolombiana Casa Tumac, em Medellín (2009), lidera processos de formação e criação artística com jovens afrodescendentes. Foi vencedor de diversos prêmios e bolsas, incluindo o Prêmio Nacional de Dança da Universidade de Antioquia – como coreógrafo da obra Atarugao – rostros invisiblesI, em 2023.
Paola Vargas é mestre em Estudos Culturais, coreógrafa e intérprete profissional de dança Afrocontemporânea, formada na África (EDIT – Burkina Faso), licenciada em Educação com ênfase em Dança e designer de moda. Codiretora da Fundação Afrocolombiana Casa Tumac e diretora artística e pedagógica da mesma. Possui mais de 30 anos de trajetória artística e 20 anos como formadora. Seu trabalho está enraizado nas heranças africanas e afrocolombianas, fundindo o tradicional e o contemporâneo para gerar reflexões corporais sobre identidade, território e transformação social. Representou a Colômbia em palcos nacionais e internacionais como bailarina, coreógrafa, docente e pesquisadora, desenvolvendo uma visão crítica e criativa da dança afro e afrocolombiana. Lidera um elenco feminino, que também faz parte da Fundação.
Quilombo Artístico-pedagógico: Caminos Hacia una Vivencia Emocional del Movimiento Danzario
Com Ritual Cubano Teatro (Cuba) – Jorge Enrique Caballero
Oficina destinada a atores/atrizes, bailarinas/es/os, performers, estudantes de artes cênicas e demais interessados com ou sem experiência prévia. Condição física extraordinária, condicionamento ideal do corpo como elemento expressivo e técnica apurada são, em linhas gerais, os princípios básicos da dança. Mas o poder da interpretação – aquilo que nos ajuda a transcender a barreira do meramente técnico e conectar o público com o sensorial e o emocional – só pode ser alcançado se o intérprete conhecer, dominar e fundir a técnica da atuação com a dança; o uso do corpo de forma substancial na elaboração de ações físicas, histórias, personagens, situações etc. Este workshop visa facilitar e expor os participantes a algumas das ferramentas e elementos do trabalho do ator como complemento à arte da dança: Trabalho do ator/atriz sobre si mesmo (adquirindo as habilidades de relaxamento, concentração e desinibição por meio de exercícios de solidão em público e jogos de imaginação); Trabalho sobre ação e relacionamentos (adquirindo as habilidades de mimese e incorporando o personagem por meio de exercícios de caracterização física, composição animal e associações); Abordagem das Emoções (habilidades emocionais e sensoriais por meio do reconhecimento e exercício da memória emocional, das relações sujeito-objeto e sujeito-sujeito, da materialização de histórias e conflitos, utilizando exercícios básicos de silêncio orgânico); Elaboração da Obra (Permite ao aluno aplicar as habilidades adquiridas nas etapas anteriores por meio da recriação coreográfica de obras dramáticas ou literárias).
Jorge Enrique Caballero é formado em Artes Cênicas, com ênfase em atuação, pelo Instituto Superior de Arte de Cuba (ISA). Participou de workshops de teatro, dança e cinema. Integrou o elenco da Cia. de Teatro Rita Montaner, da Cia. de Teatro Mefisto, da Cia. de Teatro Yoldance, do Teatro Aire Frío, do Teatro Buendía, da 3pasos/2 Movimientos (Cia. de Burkina Faso), do Teatro Espiral (Suíça), da TeamSunshine Performance Corporations (EUA) e da BB Promotions (Alemanha). No cinema, destaque apra filmes como Kangamba, 7 Días en La Habana, Hormigas en La Boca (Espanha), Case Depart (França), Larga Distancia, Sumbe, Melaza, Bailando con Margot, Inocencia, Nido de Mantis, Vientos de La Habana (Espanha) e Eres Tú Papá? (Reino Unido). Em séries de TV, A Pesar de Todo, El que Debe Vivir, Bajo el Mismo Sol e De Amores y Esperanzas I y II. Lecionou no Instituto Superior de Arte (ISA), Escuela Pro-Danza e Escuela Nacional de Teatro (ENT). Ministrou palestras e workshops sobre atuação e expressão corporal em Cuba, México, EUA e Suíça. Em 2012, foi premiado com a Residência Artística para Jovens da América Latina e Haiti, México, por Kid Chocolate. Recebeu o Prêmio Adolfo Llauradó de melhor atuação masculina em cinema (2008) e em teatro (2013). É membro da União Nacional de Escritores e Artistas de Cuba (UNEAC). É criador da Trilogía Teatral Ritual Cubano (Kid Chocolate, Le Chevalier Brindis de Salas e 1912), que reúne as vidas e obras de cubanos negros com significado histórico.
Quilombo Artístico-Pedagógico: Da Totalidade ao Vamos Pra Costa? Uma Experiência Dançante com a Corda. Topa?
Com Núcleo da Tribo (Itacaré/BA) – Verusya Correia
Atividade aberta para artistas e não artistas, para toda e qualquer pessoa interessada em processos de criação, movimento e dança. Esta oficina parte das elaborações do processo criativo do espetáculo Vamos pra costa?, do Núcleo da Tribo. Neste encontro é abordado e apresentada a criação e as experiências desta ação de pesca no litoral do sul da Bahia. No espetáculo Vamos pra Costa? o processo de criação começou em 2015 como desejo do Magno Rocha (Miquiba), um dos dançarinos, em produzir um espetáculo de dança sobre a pesca artesanal – sua composição é feita por moradores do bairro Porto de trás, de outros bairros e convidados, que ocorre na praia da costa, localizada na outra margem do Rio de Contas, em Itacaré/BA. Durante o processo são abordadas as seguintes questões: como é a organização desta pesca? Quem participa e qual a sua função? Quais os elementos necessários para atividade? O que acontece em alto mar? E quando a rede chega em terra, o que ocorre? A partir do trabalho de improvisação, da seleções de materiais e da experiência dançante com a corda, serão analisados os modos de organização e participação da oficina. Com as experiências, podemos conhecer um pouco mais sobre a pesca da Costa, assim como a nossa relação com o nosso cotidiano: a relação de hierarquia e de confiança, o poder da visibilidade, os tensionamentos, a observação, a especificidade de cada corpo em executar uma determinada ação, a temporalidade.
Verusya Correia – Doutoranda, bolsista da FAPESB e Mestre do Programa de Pós-Graduação em Dança na UFBA, idealizadora, diretora artística e curadora do Festival de Dança Itacaré, integrante da Associação Casa Ver Arte / Núcleo da Tribo, autora do livro Pilates & Dança: livro-aula para práticas de Coreotonia. Nos últimos anos o grupo Núcleo da Tribo produziu quatro espetáculos de dança contemporânea: Os filhos os contos, Vamos pra costa?, Toque de Guerra e o Samba que Soma; oficina Da Totalidade ao Vamos pra costa?; duas danças filmadas e intervenções artísticas. As investigações cênicas partiram das análises do contexto local, relatos das experiências vividas pelos moradores do bairro Porto de Trás – Quilombo Urbano. Hoje é professora substituta da UFSB/CJA. E tem em sua investigação a relação entre dança, cidade e corpo dissidente.

GIRAS DE CONVERSA
As Giras de Conversa são espaços de reflexões críticas acerca do teatro, da sociedade e da cultura. Elas promovem também encontros com artistas, críticos, pesquisadores e público em geral, para percorrer os caminhos visíveis e invisíveis evocados pelos espetáculos presentes na programação. As conversas serão conduzidas por Deise de Brito e Guilherme Diniz, a partir do processo de pesquisa para a elaboração do Pensamento Curatorial da 4ª edição do Dona Ruth: FTNsp.
O Pensamento Curatorial como Guia da Programação – Com Gabriel Cândido (curador e diretor geral) e Soraya Martins (curadora). Apresentação: Ellen de Paula (idealizadora)
Após três anos de hiato, o Dona Ruth: Festival de Teatro Negro de São Paulo voltou! Neste encontro, o diretor e curador do festival, Gabriel Cândido, e a curadora convidada Soraya Martins, compartilham e refletem sobre os processos criativos que conduziram o Pensamento Curatorial da 4ª edição, mostrando oficialmente toda a programação. A conversa terá a apresentação e mediação de Ellen de Paula, idealizadora do Dona Ruth: FTNsp e diretora e curadora das edições anteriores. A 4ª edição do Dona Ruth: FTNsp, com programação inteiramente gratuita e com recursos de acessibilidades, acontece de 17 a 26 de outubro e está cheia de novidades. Pela primeira vez, o festival terá espetáculos internacionais, tendo como foco uma mirada pela Améfrica Ladina com duas obras, uma colombiana e outra cubana, ambas inéditas no Brasil. Além dos espetáculos nacionais e internacionais, a programação conta com atividades formativas do Quilombo Artístico-Pedagógico, em formato de oficinas e residências artísticas, e Giras de Conversa com debates conduzidos por críticos convidados e artistas presentes na programação.
Gira Fissurar Olhares – Com Deise de Brito e Guilherme Diniz. Participação de Ymoirá Micall (Cia. Sacana/SP) e Lucaz Eusébio / Miranda Gonçalves (Núcleo Abre Caminhos/SP)
A gira Fissurar Olhares tem como provocação as seguintes questões: como fissurar olhares pretos acostumados e treinados a ver e enxergar somente um tipo de persona negra na cena? Através das imagens, como traçar outras rotas/olhares mais fugazes e insubmissos?
Gira Fabulação de Imagens – Com Deise de Brito e Guilherme Diniz. Participação: Verusya Correia e Pericles (Núcleo da Tribo/BA), F. Tenório Quiñones e Paola Vargas (Colômbia)
Nesta Gira, a conversa tem como objetivo pensar as imagens como texto fundamental, simbólico e potente para criarmos imagens que nos faltam, imagens para fabularmos coisas que ainda nem imaginamos. Imagens para dar nós no imaginário coletivo sobre o universo complexo da população negra, a partir de questões transversais para todas as pessoas.
Abre-Alas – Festivais em Aquilombamento – Participantes: Aline Mohamad (IBT), Aline Vila Real (Funarte), Carlos Gomes (Itaú Cultural), Gabriel Cândido (Dona Ruth: FTNsp), Thiago Pirajira (Mostra Cura de Artes Cênicas Negras – Porto Alegre e Pelotas/RS), Verusya Correa (Festival de Dança Itacaré/BA) e Soraya Martins (Dona Ruth: FTNsp). Mediação: Deise de Brito e Guilherme Diniz. Apresentação: APÊAGÁ.
Esta Gira de Conversa tem como foco da discussão as possibilidades de articulação, cooperação e produção para criar estratégias curatoriais para a circulação e descentralização das artes das cenas negras no Brasil e no mundo. O Abre-Alas: Festivais em Aquilombamento nasce no desejo de evidenciar as convergências, confluências e diferenças do Festival de Dança Itacaré/BA, da Mostra Cura de Artes Cênicas Negras (Porto Alegre e Pelotas – RS) e do Dona Ruth: Festival de Teatro Negro de São Paulo. O encontro tem como base o ajuntamento movido pelo desejo de movimento como noção típica da diáspora negra, que trança possibilidades de se relacionar, criar e recriar em comunidade. A partir desse encontro, interessa criar um campo de possibilidades de produção, curadoria, descentralização e circulação que colaborem para o fortalecimento artístico e político das artes da cenas negras. Este aquilombamento é em movimento, passa por Itacaré, Minas Gerais, São Paulo, Porto Alegre e Pelotas, mas não só, pois não se limita a esses territórios. Como primeiras ações do Abre-Alas estão programações dos três festivais, trocas ideias e debates com os representantes dos eventos, da participação de gestores culturais de instituições, artistas das artes da cena, críticos, professores etc, bem como a curadoria compartilhada do espetáculo Danúbio, do Grupo Sutil Ato de Sobradinho/DF, como obra em fluxo.
LIVROS
Dramas para Negros e Prólogo para Brancos: antologia de teatro negro-brasileiro
Organização: Abdias Nascimento. Prefácio: Leda Maria Martins. Ensaio: Carmen Luz. Textos biográficos: Christian Moura. Editor: Philippe Curimbaba Freitas. Coordenação editorial: Amanda Negri. Ano: 2024. Editora Temporal.
A Temporal, em parceria com o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro), anuncia a esperada reedição da antologia Dramas para negros e prólogo para brancos. Esta coletânea, composta por nove peças escritas especialmente para o Teatro Experimental do Negro (TEN), tem organização de Abdias Nascimento, um dos fundadores e principal articulador do grupo. O lançamento em outubro comemora os 80 anos da fundação do TEN e traz de volta às prateleiras essa obra histórica e essencial para o cenário cultural e social brasileiro. A nova edição inclui as nove peças e prólogo, presentes na edição original, de 1961, além de textos inéditos que evidenciam a trajetória e a relevância do TEN, tanto no contexto da dramaturgia quanto na luta contra o racismo. Entre as peças reunidas estão títulos como O Filho Pródigo, de Lúcio Cardoso, Sortilégio, Mistério Negro, de Abdias Nascimento (em sua primeira versão), Anjo Negro, de Nelson Rodrigues, e outros. O volume conta ainda com apresentação de Elisa Larkin Nascimento, diretora do Ipeafro; prefácio da pesquisadora e dramaturga Leda Maria Martins; e um ensaio da coreógrafa e multiartista Carmen Luz; além de escritos do próprio Abdias e textos biográficos sobre os autores, produzidos pelo historiador Christian Moura. Fotos históricas das primeiras montagens das peças, de autoria de José Medeiros e Carlos Moskovics, também foram incluídas à edição.Christian Moura – Pai de Maiysha, historiador graduado pela Faculdade de História, Direito e Serviço Social da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), campus de Franca. Mestre em Artes pelo Instituto de Artes da UNESP e doutor em Artes pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (EBA/UFMG). Atualmente, é professor de História no Instituto Federal de São Paulo (IFSP) e pesquisador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi/IFSP). É autor de textos biográficos na reedição do livro Drama para negros e prólogo para brancos (Temporal e Ipeafro, 2024). Roteirista do documentário Ecos do Teatro Experimental do Negro, dirigido por Daniel Solá Santiago, também desenvolve pesquisas e é autor de uma obra inédita sobre a história do TEN, a ser lançada pela Editora Objetiva.
Comicidades e Palhaçarias Negras
Autoria: Coletivo Catappum. Ano: 2024
Organizado por Chico Vinicius, Fagner Saraiva e Mafalda Pequenino, integrantes do Coletivo Catappum, Comicidades e Palhaçarias Negras reúne textos, ensaios e artigos inéditos de 21 artistas e pensadores de diferentes regiões do Brasil (Bahia, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo). A obra está dividida em cinco capítulos – Exu, Terreiros, Festas e Alegria, Risos Ancestrais de Pretos(as) Velhos(as), Onde Gargalham as Culturas Populares, Experiências Contra Estereótipos e Humor Racista e Encruzilhada de Nomenclaturas. Em cada seção, múltiplas vozes constroem um panorama amplo e profundo sobre a comicidade e a palhaçaria negra, abordando dimensões históricas, culturais, espirituais e políticas. Mais do que um registro, o livro se apresenta como ferramenta de resistência e afirmação. Ele tensiona imaginários estabelecidos, expande referências e evidencia a contribuição decisiva de artistas negros no circo, no teatro e em outras linguagens do riso. Também busca preencher lacunas da formação artística institucional, oferecendo fundamentos enraizados em tradições afro-indígenas frequentemente invisibilizadas.
Comicidades e Palhaçarias Negras é, assim, um marco para pesquisadores, educadores, roteiristas e artistas que desejam compreender o riso como potência ancestral, campo de representatividade e prática política.
Chico Vinicius – Ator, palhaço, dramaturgo e produtor cultural, natural de Pedreiras-MA, criado em Teresina-PI e residente em São Paulo desde 2008. É cofundador do Coletivo Catappum e dedica-se à pesquisa das comicidades e palhaçarias negras. Licenciado em Educação Artística com habilitação em Artes Cênicas pela Faculdade Paulista de Artes, possui também formação em Humor pela SP Escola de Teatro, onde hoje leciona. Autor e intérprete de projetos de circo-teatro, levou o espetáculo “Jujuba La Luchadora X Chicote La Muerte” a Cabo Verde (Motim – Mostra de Teatro Infantil de Mindelo) e ao 5º Congresso de Cultura Viva Comunitária, em Lima, no Peru.
Fagner Saraiva – Artista e pesquisador das comicidades, nascido no Mato Grosso do Sul e atuante em São Paulo. Cofundador do Coletivo Catappum, roteirizou e protagonizou a série Papona – Vida de uma Dragqueen em Isolamento (YouTube). Criador de conteúdo digital e drag queen, atuou também como Mateus em festivais internacionais de cultura popular brasileira em Lisboa, Madrid, Roma e Londres. Foi apresentador do programa infantil Mini Beat Power Rockers (Discovery Kids). É autor e organizador desta publicação e dramaturgo do espetáculo Na Lona de Benjamim (Catappum). Integra o elenco dos Doutores da Alegria em São Paulo e é formador em palhaçaria, colaborando com instituições como SP Escola de Teatro, Folia Escola de Circo, Sesc-SP, Circo do Mato-MS, Grupo Ubu-MS, Canto Cidadão-SP, Nariz Solidário-PR e Doutores da Alegria.
Mafalda Pequenino – Atriz, apresentadora, diretora, produtora, escritora, dançarina, arte-educadora, pernalta e dirigente cultural. Sua trajetória tem como foco a difusão da cultura e das artes de matriz africana, dialogando com públicos de todas as idades. É uma das apresentadoras do programa infantil Quintal da Cultura (TV Cultura, em rede nacional), e atua também em produções audiovisuais, circenses e teatrais. Liderança do movimento cultural, é diretora artística do Ilú Obá de Min – Educação, Cultura e Arte Negra, entidade feminina de referência na cena cultural paulistana e nacional.
Teatro Experimental do Negro: histórias, críticas e outros dramas
Autor: Guilherme Diniz. Prefácio: Leda Maria Martins. Editor: Philippe Curimbaba Freitas. Coord. editorial: Amanda Negri e Bruno Rodrigues. Editora Temporal. 2025.
Teatro Experimental do Negro: histórias, críticas e outros dramas, de Guilherme Diniz, mergulha na trajetória do grupo de atores negros, encabeçado por Abdias Nascimento e um dos movimentos mais inovadores do teatro moderno brasileiro. Além de apresentar uma análise das peças e da recepção do TEN pela crítica especializada da época, com minucioso trabalho bibliográfico, o autor propõe uma leitura que considera as lentes ideológicas que moldaram essas interpretações, revelando nuances e desafios enfrentados pelo grupo.
PERFIS – Críticos e participantes
Guilherme Diniz – é pesquisador, professor e crítico teatral, mestre e doutorando em Estudos Literários e bacharel em Teatro pela Universidade Federal de Minas Gerais. Seu trabalho foca nas dramaturgias e teatralidades negras, com publicações acadêmicas e experiência internacional na Universidade de Coimbra, onde estudou Literaturas e Dramaturgias Africanas. Atuou como crítico em festivais renomados, coedita o site Horizonte da Cena e integra a Associação Internacional de Críticos Teatrais. Além disso, foi diretor do Teatro Municipal Geraldina Campos de Almeida e do Centro Literário Pedro Nestor, promovendo iniciativas culturais em Pará de Minas. Este é seu primeiro livro publicado, fruto de sua extensa pesquisa de mestrado.
Deise de Brito – Nordestina, de Salvador, BA, nascida e criada no Engenho Velho de Brotas. Morou em São Paulo durante 16 anos. Atualmente, está nômade – reside no próprio corpo e mora no mundo. Namora quadril, ocupa-se de si quando escreve, é tia de 08, madrinha derretida de duas piscianas, artista do corpo, educadora, autora e crítica cultural. Graduada em Licenciatura em Teatro pela UFBA. Formada pela Escola de Dança da FUNCEB. Especialista em História, Sociedade e Cultura pela PUC-SP. Mestra em Artes pela Escola de Comunicações e Artes da USP e Doutora em Artes pelo Instituto de Artes da UNESP. É professora colaboradora do Mestrado em Artes da Cena da Célia Helena Centro de Artes e Educação (SP). Possui experiência em investigação, imersão e compartilhamentos na Áustria, Argentina, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Equador, Peru Paraguai e Uruguai. Neste sentido, vive amores- pesquisas a respeito de artistas negres a partir de diálogos entre corpo, ancestralidade, memória e arquivo nas diásporas negras das Américas – Latina, Caribenha e do Norte – sendo idealizadora e matrigestora do site Arquivos de Okan.
Ellen de Paula – Ellen de Paula é idealizadora e diretora do Dona Ruth: Festival de Teatro Negro de São Paulo e diretora executiva da Viração Educomunicação. Mestra em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia, é pós-graduanda em Gestão de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas e em Educação em Direitos Humanos pela Universidade Federal da Paraíba. Gestora em direitos humanos, produtora cultural, educadora e atriz, atua há 18 anos nos campos da arte, cultura e educação, com foco na promoção de direitos de adolescentes e jovens, gestão criativa e criação artística.
Gabriel Cândido – Diretor, dramaturgo, performer e produtor. Autor das dramaturgias “Fala das Profundezas” (Editora Javali/ 2019), “Socorro! Tem uma cidade entalada na minha garganta” (Editora Letramento/2019) e “Nossa Conquista” (Editora Entremares/ 2023). Formado pela SP Escola de Teatro no curdo de Atuação (2015), é integrante e co-fundador do Núcleo Negro de Pesquisa e Criação (NNPC), e idealizador, diretor e curador do Dona Ruth: Festival de Teatro Negro de São Paulo. Em 2023 e 2024 foi curador convidado do Festival de Teatro de Araraquara (SLAMC). Atualmente é estudante de História na Universidade de São Paulo (FFLCH/USP).
Soraya Martins – Artista-pesquisadora-docente/crítica/ curadora independente. Professora de Teatro da Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR. É autora do livro “Teatralidades-Aquilombamento: várias formas de pensar-ser-estar em cena e no mundo” (Editora Javali/ 2023). É a curadora convidada da 4ª edição do Dona Ruth: FTNsp, curou o Festival Internacional de Teatro de Belo Horizonte- FIT-BH 2024 e 2018 e integrou a equipe curatorial do Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia-FIAC de 2019 a 2021. É pós-doutora em Literatura, Outras Artes e Mídia (UFMG).
Aline Mohamad – Produtora cultural há 25 anos, integrou o núcleo de curadoria do Centro Cultural São Paulo por 5 anos, sendo 3 como Curadora de Teatro. Atualmente é Diretora de Curadoria do Instituto Brasileiro de Teatro – iBT. Idealizadora e autora do espetáculos Oz e JORGE pra sempre VERÃO, com direção de Rodrigo França; e idealizadora dos espetáculos O Encontro – Malcolm X e Martin Luther King, de Jeff Stetson, com direção de Isaac Bernat (primeira montagem brasileira do espetáculo) e Eu, Moby Dick, de Pedro Kosóvski, com direção de Renato Rocha. Aline é ainda idealizadora e curadora da Ocupação Ovárias, que foi indicada ao Prêmio Shell de Teatro 2019 na categoria inovação por fomentar o protagonismo estético-político das mulheres. Durante a pandemia fundou o Sarau Possível, um experimento cênico pandêmico, que ficou em cartaz por 7 semanas consecutivas e teve sua estreia em maio de 2020. Já assinou a produção de mais de 30 espetáculos.
Aline Vila Real – Gestora cultural, curadora e diretora artística, com ampla atuação nas artes cênicas e na gestão pública. Foi integrante do grupo teatral Espanca! por dez anos, coordenando a produção do coletivo e do Teatro Espanca!, em Belo Horizonte. Atua ainda com dramaturgia e assistência de direção em projetos teatrais e audiovisuais. Atuou na curadoria e direção artística de importantes festivais, como o Festival Internacional de Arte Negra (BH), Encuentro Mujeres Afro en Escena – América Latina y Caribe, no Peru, a mostra Polifônica Negra, Festival de Teatro Negro da Universidade Federal de Minas Gerais, Porto Alegre em Cena (RS) e o Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga (CE). Na gestão pública, foi diretora de Promoção das Artes da Fundação Municipal de Cultura de BH (2017-2022), sendo responsável pela gestão dos teatros municipais e por projetos como o Circuito Municipal de Cultura e o Centro de Referência da Dança. Também colaborou na implementação da Lei Aldir Blanc. Atualmente, é diretora do Centro de Teatro da Funarte e articuladora do Programa de Interancionalização das Artes, no eixo de Difusão da Política Nacional das Artes.
Carlos Gomes – Carlos Gomes é bacharel em Artes Cênicas pela Unicamp desde 2001 e formado em Pedagogia pela UFSCar desde 2016. Mestre em Economia pela UFRGS. Foi integrante do Grupo do Santo (1998 a 2005). Autor da pesquisa que resultou em1 livro e 7 curtas documentários “Um batuque memorável no Samba Paulistano”. Coordenou o programa de Fomento ao Teatro (2014-2015). É coordenador do núcleo de Curadorias e Programação Artística no Itaú Cultural (desde 2016).
Thiago Pirajira – Artista cênico, professor, curador e pesquisador. Doutor em Artes Cênicas, mestre em Educação e bacharel em Teatro pela UFRGS. É professor na graduação em Teatro e na pós-graduação em Artes no Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Artista nos grupos e coletivos Pretagô e Usina do Trabalho do Ator. É diretor artístico da CURA- Mostra de Artes Cênicas Negras. Pesquisa experiências e práticas performativas negras em perspectiva multidisciplinar.
Verusya Correia – Doutoranda, bolsista da FAPESB e Mestre do Programa de Pós-Graduação em Dança na UFBA, idealizadora, diretora artística e curadora do Festival de Dança Itacaré, integrante da Associação Casa Ver Arte/ Núcleo da Tribo – grupo de dança, autora do livro Pilates & Dança: livro-aula para práticas de Coreotonia. Nos últimos anos o grupo Núcleo da Tribo produziu quatro espetáculos de dança contemporânea: Os filhos os contos, Vamos pra costa?, o Toque de guerra e o Samba que Soma; a oficina Da Totalidade ao Vamos pra costa?; duas danças filmadas e intervenções artísticas. Esatas investigações cênicas partiram das análises do contexto local, relatos das experiências vividas pelos moradores do bairro Porto de Trás – Quilombo Urbano. Dando visibilidade aos modos de organização e composição das poéticas relacionado ao cotidiano, os corpos negros dos moradores do bairro Porto de trás, no município de Itacaré/BA. Hoje é professora substituta da UFSB/CJA. E tem em sua investigação a relação entre dança, cidade e corpo dissidente.

Ficha técnica: Dona Ruth: FTNsp – 4ª edição
Idealização: Ellen de Paula e Gabriel Cândido
Direção geral: Gabriel Cândido
Curadoria: Gabriel Cândido e Soraya Martins
Direção de produção: Lucas Ferrazza
Produção executiva: Ketully Oliveira
Assistência de direção: Kauanda Rosa
Identidade visual e design gráfico: Silvana Martins
Assessoria de imprensa: Eliane Verbena
Social media: Gabriela Coniutti
Edição de vídeo: AYM Produção
Produção técnica: Afonso Costa
Apresentação: APÊAGÁ
Gerenciamento de site: Agência Krioh
Desenvolvimento de site: Myace.digital
Assessoria jurídica: Davi Tekle Scherer
Gestão financeira e administrativa: Tatu Cult
Realização: Aquariane, Casa Cume Produções, Sesc SP, Funarte e Ministério da Cultura – Governo Federal.
Serviço | Programação
Dona Ruth: Festival de Teatro Negro de São Paulo – 4ª edição
De 17 a 26 de outubro de 2025
Ingressos gratuitos. Sessões com intérprete de Libras.
Acesse toda a programação: https://donaruthftnsp.com.br | instagram.com/donaruth.ftnsp