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‘Águas da Amazônia’: encontro entre conecta música, arte e ancestralidade em Belém

Colaborando com a RAIZ

A capital paraense, que em breve sediará a COP30, será palco de um encontro histórico entre o minimalismo norte-americano e a música ancestral dos povos amazônidas.

A um mês da maior conferência sobre mudanças climáticas do mundo, a obra “Águas da Amazônia” será apresentada pela primeira vez no Brasil no emblemático Theatro da Paz, em Belém, nos dias 8 e 9 de outubro.

Depois de 32 anos de lançada e tendo circulado por salas de concerto do mundo, a peça em sua versão orquestrada finalmente chega à Amazônia, território dos rios que a inspiraram. A obra de um dos compositores vivos mais influentes da música contemporânea, Philip Glass, se transformou em um projeto ainda maior, que une concerto sinfônico, projeções audiovisuais e a força criativa de artistas indígenas e amazônicos.

Gravada originalmente em colaboração com o grupo mineiro Uakti, a releitura da obra “Águas da Amazônia” evoca a fluidez dos rios, a diversidade dos povos e a urgência da preservação desse ecossistema único, um encontro histórico entre tradições musicais que nunca dialogaram neste nível.

O concerto será marcado pela integração entre música clássica contemporânea, ritmos e sonoridades tradicionais da região, e projeções visuais criadas por dez artistas indígenas e amazônicos contemporâneos. Inspiradas em histórias e saberes de diferentes etnias, essas obras visuais ganham vida em projeções durante a apresentação, ampliando a experiência estética e cultural.

O projeto, que nasceu a luz do sonho de criar pontes entre o minimalismo de Glass, a orquestra sinfônicas e as sonoridades amazônicas, hoje se concretiza uma forma de mostrar que na Amazônia não existe separação entre natureza e cultura e que cada rio amazônico pulsa com vida, história e futuro.

Mais do que um espetáculo, o projeto se propõe a ser uma plataforma de valorização cultural, educacional e social. Oficinas realizadas em parceria com o Laboratório de Etnomusicologia da UFPA e jovens das Escolas de Aplicação da UFPA e a transversal de educomunicação na comunicação do projeto garantem que a experiência reverbere para além do palco, formando novos públicos e fortalecendo identidades.

Para uma das responsáveis pela realização do projeto, a diretora de produção Joelle Mesquita, as oficinas e conteúdos produzidos são fundamentais para que o projeto ultrapasse o caráter pontual de um concerto e se transforme em processo formativo e de legado.

Rio Guamá - foto de Marcio Nagano
Rio Guamá – foto de Marcio Nagano

Rios como protagonistas

A peça de Philip Glass é composta por movimentos dedicados a rios emblemáticos da bacia amazônica – Negro, Tapajós, Purus, Xingu, Amazonas, entre outros. Na releitura atual, esses rios não são apenas títulos de composições, mas se tornam personagens centrais, que conduzem o público a uma travessia musical e espiritual.

Os artistas envolvidos trazem para a obra suas trajetórias pessoais, suas referências ancestrais e sua relação íntima com o território.

Cultura, espiritualidade e preservação

A proposta reflete a relação profunda entre natureza e comunidades amazônicas. Sonoridades da floresta, temáticas espirituais, valorização da oralidade e mensagens de sustentabilidade se entrelaçam para criar um espetáculo que é, ao mesmo tempo, celebração e manifesto.

Combinando música, arte visual, saberes tradicionais , Águas da Amazônia: Rios e Povos reafirma a região como um centro de criatividade e intercâmbio cultural no cenário mundial, e convida o público a mergulhar em uma experiência estética, política e afetiva sobre a floresta e seus povos.

Serviço

Espetáculo: Águas da Amazônia – Rios e Povos
Datas: 8 e 9 de outubro de 2025
Local: Theatro da Paz – Belém/PA
Direção artística: Natália Duarte
Artistas convidados: Djuena Tikuna, Trio Manari e imagens de Daiara Tukano, Bu’u Kennedy, Wira Tini, Auá Mendes, Duhigo, entre outros (ex-Uakti)
Ingressos: retirada dos ingressos a partir de 18h na bilheteria do Theatro nos dias do espetáculo
Classificação indicativa: Livre

Colaborando com a RAIZ