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Biblioteca Mário de Andrade traz exposição sobre modernismo no Brasil

Colaborando com a RAIZ

Mostra reúne obras de artistas brasileiros e estrangeiros do acervo do MAM e da Biblioteca, que revelam como o modernismo ganhou forma no país.

A Biblioteca Mário de Andrade recebe a exposição “Do livro ao museu: MAM“, apresentada em parceria com o Museu de Arte Moderna de São Paulo até 7 de dezembro, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa da Prefeitura de São Paulo.

A mostra resgata a relação entre as duas instituições e a contribuição decisiva que tiveram para a consolidação do modernismo no Brasil através de obras das décadas de 1940 e 1950, período em que a arte moderna se solidificou no país e em que surgiram espaços voltados à sua difusão. Entre os destaques estão livros raros e fundamentais como Jazz, de Henri Matisse, e Le Cirque, de Fernand Léger, que aproximaram artistas e pesquisadores brasileiros do modernismo europeu.

O ponto de partida da exposição é a trajetória de Sérgio Milliet, um agente cultural fundamental nas histórias de ambas as instituições. Milliet foi diretor da Biblioteca entre 1943 e 1959, e também atuou na constituição do MAM São Paulo, onde foi diretor artístico e organizou a 2ª, 3ª e 4ª edições da Bienal de São Paulo, na época realizadas pelo museu.

A exposição também evidencia a produção nacional, apresentando álbuns e livros de artista feitos quase inteiramente à mão, como os guaches de Milton Dacosta e Fantoches da Meia-Noite (1922), de Di Cavalcanti, que combina impressões com aquarelas. O percurso segue até os primeiros livros produzidos em tiragem limitada e com impressões de alta qualidade, como os da coleção da Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil, iniciativa conduzida pelo colecionador de arte Raymundo Castro Maya a partir de 1943.

Obras do acervo do MAM São Paulo também integram a mostra, trazendo à tona as tensões que marcaram a produção moderna brasileira — especialmente a disputa entre abstração e figuração, já presente na exposição inaugural do museu, Do figurativismo ao abstracionismo (1949). O percurso expositivo ainda contempla a emergência da vanguarda concretista nos anos 1950, em oposição ao abstracionismo informal, revelando a pluralidade de caminhos da arte moderna no Brasil.

Cândido Portinari, O enterro, do álbum Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1943-44. Coleção MAM São Paulo, aquisição MAM São Paulo, 1996. Foto  Ding Musa. © Portinari, Candido_ AUTVIS, Brasil, 2025
Cândido Portinari, O enterro, do álbum Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1943-44. Coleção MAM São Paulo, aquisição MAM São Paulo, 1996. Foto Ding Musa. © Portinari, Candido_ AUTVIS, Brasil, 2025

Sobre o MAM São Paulo
Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos. Sua coleção conta com mais de cinco mil obras produzidas pelos mais representativos nomes da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto o acervo quanto as exposições privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas. Localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de São Paulo, o edifício do MAM foi adaptado por Lina Bo Bardi e conta, além das salas de exposição, com ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e uma loja onde os visitantes encontram produtos de design, livros de arte e uma linha de objetos com a marca MAM. Os espaços do museu se integram visualmente ao Jardim de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx e Haruyoshi Ono para abrigar obras da coleção. Todas as dependências são acessíveis a visitantes com necessidades especiais.

Sobre a Biblioteca Mário de Andrade
A Biblioteca Mário de Andrade (BMA) é a maior biblioteca pública do estado de São Paulo e a segunda maior do Brasil, com um acervo de cerca de 1,38 milhão de itens entre livros, periódicos, coleções raras e acervos especializados. Inaugurada em 1925 como Biblioteca Municipal, é desde então referência para leitores, pesquisadores e artistas, ocupando desde 1942 o edifício projetado por Jacques Pilon, marco da arquitetura modernista no centro de São Paulo.

Com programação gratuita, a BMA reúne exposições, cursos, debates, saraus e lançamentos literários, atraindo públicos diversos e fortalecendo seu papel como espaço democrático de acesso à cultura.

Em 2025, a instituição celebra 100 anos de existência com uma série de atividades especiais que culminam no V Festival Mário de Andrade, realizado entre os dias 24, 25 e 26 de outubro, que este ano tem como tema “Memória e Futuro”.

José Antônio da Silva, Nu no chuveiro, 1955. Coleção MAM São Paulo, espólio Maria da Glória Lameirão de Camargo e Arthur Octávio de Camargo Pacheco, 1996. Foto  Ding Musa
José Antônio da Silva, Nu no chuveiro, 1955. Coleção MAM São Paulo, espólio Maria da Glória Lameirão de Camargo e Arthur Octávio de Camargo Pacheco, 1996. Foto Ding Musa

Sobre a Hemeroteca da Biblioteca Mário de Andrade
A Hemeroteca da Biblioteca Mário de Andrade é dedicada à preservação e consulta de periódicos – jornais, revistas, almanaques e boletins institucionais. Inaugurada em dezembro de 2012, está instalada em um prédio anexo ao edifício-sede da Biblioteca, na Rua Doutor Bráulio Gomes, 139, reunindo em um só local uma das principais coleções públicas do gênero no Brasil, com cerca de 12 mil títulos que abrangem publicações do final do século XIX até os dias atuais.

Além da consulta ao acervo, a Hemeroteca abriga o TEIA Centro, espaço de trabalho colaborativo que oferece internet, salas de reunião, copa e cursos voltados ao empreendedorismo e à economia criativa, fortalecendo o papel da Biblioteca como lugar de encontro, experimentação e aprendizado.

Serviço

Do livro ao museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade
Locais: Biblioteca Mário de Andrade (R. da Consolação, 94 – República, São Paulo – SP) e
Hemeroteca da Biblioteca Mário de Andrade (R. Dr. Bráulio Gomes, 139 – República, São Paulo – SP)
Curadoria: Cauê Alves e Pedro Nery
Período expositivo: 4 de outubro a 7 de dezembro de 2025
Entrada: gratuita
Classificação: livre

Escrito por: Camila Quaresma | Revisado por: Suzane Rodrigues
Alberto da Veiga Guignard, Sem título, 1949. Coleção MAM São Paulo, doação Paulo Kuczynski. Foto  Ding Musa
Alberto da Veiga Guignard, Sem título, 1949. Coleção MAM São Paulo, doação Paulo Kuczynski. Foto Ding Musa

Colaborando com a RAIZ