Manguezal é tema de mostra inédita no CCBB RJ
O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ) apresenta “Manguezal”, uma exposição sem precedentes no Brasil e sem paralelo em escala e concepção no cenário internacional, dedicada integralmente a este ecossistema vital e pouco conhecido.
Manguezal reúne obras históricas e contemporâneas que celebram o mangue como território de vida, mitos e resistência. Em cartaz no CCBB RJ até 2 de fevereiro de 2026.
Com curadoria de Marcelo Campos e produção de Andrea Jakobsson Estúdio, o projeto tem base no livro homônimo, produzido em parceria com a Cátedra UNESCO do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP). A publicação integra a coleção dedicada à Década do Oceano (2021–2030) e traz uma abordagem socioambiental impactante, ilustrada pelo fotógrafo Enrico Marone, que documentou manguezais de Norte a Sul do país.
A exposição amplia o olhar do livro para a experiência artística, apresentando o manguezal como território simbólico, cultural e ambiental, espaço de vida, pesquisa, inspiração e sustento para comunidades locais. A mostra busca oferecer ao público uma compreensão aprofundada do ecossistema como berçário de espécies marinhas, barreira natural contra as marés, sequestrador de carbono e fonte de alimento, reforçando a urgência de sua preservação.
O manguezal é revelado como símbolo de vida, resistência e ancestralidade. A curadoria propõe um mergulho no ecossistema por meio de múltiplas linguagens e gerações de artistas, reunindo cerca de 50 obras de 25 nomes fundamentais da arte brasileira. Partindo da pesquisa fotográfica de Enrico Marone, a mostra dialoga com trabalhos que reinterpretam o mangue como espaço vital, poético e político.
O tema atravessa a história da arte brasileira. O modernista Lasar Segall retratou a antiga zona de mangue no Rio de Janeiro, região central na formação do samba e do urbanismo carioca. Décadas depois, Hélio Oiticica ressignificou o mangue em seus jogos linguísticos, unindo “mangue” e “bangue” em crítica à violência urbana. Ambas as abordagens evidenciam a persistência e relevância do tema ao longo do tempo.
Na arte contemporânea, artistas racializados, negros e indígenas retomam o manguezal como território simbólico e material. A argila, presente no ecossistema, ganha destaque como matéria ancestral e poética, como no trabalho da baiana Annia Rízia, que cria seres míticos em cerâmica, evocando espiritualidade e memória.

Praia Maria do Angu.
Praia de Ramos, Rio de Janeiro – RJ. Brasil
1957 circa
Reprodução fotográfica/GELATINA/ Prata
Instituto Moreira Salles
Crédito obrigatório: Marcel Gautherot /Acervo Instituto Moreira Salles
Outro destaque é a instalação site-specific de Gabriel Haddad e Leonardo Bora, baseada nas caruanas — seres encantados que habitam os manguezais, presentes na mitologia indígena brasileira. A obra amplia o imaginário do manguezal como espaço de encantamento, oralidade e criação coletiva.
Entre os demais artistas da mostra estão: Ygor Landarin, Lucélia Maciel, Azizi Cypriano, Almir Lemos, Aislane Nobre, Gabriella Marinho, Abelardo da Hora, Ayrson Heráclito, Carybé, Celeida Tostes, Marcel Gautherot, Frans Post, Maureen Bisilliat, Marcone Moreira, Uýra Sodoma, Ganhadeiras de Itapuã e Enrico Marone, todos atuando em diversas linguagens e expressões, ampliando o diálogo entre arte, ciência, cultura e meio ambiente.
O Carnaval também marca presença na mostra. Além da instalação de Haddad e Bora — criadores do carro alegórico da Grande Rio em 2025 inspirado no manguezal —, a exposição se conecta ao Carnaval de 2026, cujo enredo da escola Grande Rio será “Manguezal”, criado por Antônio Gonzaga. Ele participa com quatro protótipos de fantasias apresentados ao público pela primeira vez, que dialogam com a força simbólica e vital do mangue, revelando a dimensão estética e política do Carnaval. A coincidência entre carnaval e exposição reforça o mangue como território de mitos, oralidade e transformação, unindo arte, cultura popular e meio ambiente de forma inédita e impactante.
A mostra ganhou ainda mais grandiosidade sob a condução de Marcelo Campos, que, com sua sólida trajetória na arte contemporânea e na pesquisa sobre identidades brasileiras, contextualiza o manguezal como metáfora do próprio país — mestiço, fértil e em constante reinvenção — em diálogo direto com as discussões ambientais e sociais do nosso tempo.
Manguezal é, portanto, uma exposição que articula ciência, arte e cultura para apresentar o ecossistema não apenas como paisagem, mas como território de sentidos, saberes e vidas, convidando o público à escuta, percepção e reconexão com um Brasil que pulsa, resiste e floresce, onde poucos ousam olhar. A mostra integra as celebrações do 36º aniversário do CCBB RJ.
A exposição Manguezal é uma realização do Ministério da Cultura, do CCBB RJ e da MaisArte, patrocinada pela Prefeitura do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura e Instituto Prio, com copatrocínio da TGS e apoio da EnvironPact, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS.

Tempo / Peça II / Série Origem, 2024
Escultura em argila, pintada com pigmentos naturais à base de argila e óxidos minerais, posteriormente esgrafitadas
Coleção da artista
Sobre o CCBB RJ
Inaugurado em 12 de outubro de 1989, o CCBB está instalado em um edifício histórico, projetado pelo arquiteto do Império, Francisco Joaquim Bethencourt da Silva. Marco da revitalização do centro histórico do Rio de Janeiro, o Centro Cultural mantém uma programação plural, regular e acessível, nas áreas de artes visuais, artes cênicas, cinema, música e pensamento. Em 36 anos de atuação, foram mais de 2.500 projetos oferecidos aos mais de 50 milhões de visitantes. Desde 2011, o CCBB incluiu o Brasil no ranking anual do jornal britânico The Art Newspaper, projetando o Rio de Janeiro entre as cidades com as mostras de arte mais visitadas do mundo. O prédio dispõe de 3 teatros, 2 salas de cinema, cerca de 2 mil metros quadrados de espaços expositivos, auditórios, salas multiuso e biblioteca com mais de 200 mil exemplares. Os visitantes contam ainda com restaurantes, cafeterias e loja, serviços com descontos exclusivos para clientes Banco do Brasil. O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro funciona de quarta a segunda, das 9h às 20h, e fecha às terças-feiras. Aos domingos, das 8h às 9h, o prédio e as exposições abrem em horário de atendimento exclusivo para visitação de pessoas com deficiências intelectuais e/ou mentais e seus acompanhantes.
Serviço
Exposição Manguezal
Curadoria: Marcelo Campos
Artistas: Ygor Landarin, Lucélia Maciel, Azizi Cypriano, Almir Lemos, Aislane Nobre, Gabriella Marinho, Abelardo da Hora, Ayrson Heráclito, Carybé, Celeida Tostes, Marcel Gautherot, Frans Post, Maureen Bisilliat, Marcone Moreira, Uýra Sodoma, Ganhadeiras de Itapuã, Enrico Marone, Gabriel Haddad, Leonardo Bora, Annia Rízia, Lasar Segall, Hélio Oiticica, Antônio Gonzaga
Exposição: de 29 de outubro de 2025 a 02 de fevereiro de 2026
Entrada gratuita – De quarta a segunda, das 9h às 20h (fecha às terças-feiras)
*Aos domingos, das 8h às 9h, atendimento exclusivo para visitação de pessoas com deficiências intelectuais e/ou mentais e seus acompanhantes, conforme determinação legal (Lei Municipal nº 6.278/2017).
Classificação indicativa: Livre
Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ)
Rua Primeiro de Março, 66 – 2º andar
Centro – Rio de Janeiro / RJ
Contato: (21) 3808-2020 | ccbbrio@bb.com.br
Mais informações em https://bb.com.br/cultura

