Crônicas brasileiras na obra de Heinz Budweg
Artista que retrata o Brasil profundo apresenta 17 grandes painéis na Galeria 18 em São Paulo com entrada gratuita.
Um maratonista das cores e das estradas. Heinz Budweg correu 50 edições da São Silvestre e percorreu mais de 450 mil quilômetros pelo Brasil em uma trajetória que impregnou sua arte de vivência, movimento e imaginação. Alemão naturalizado, Heinz Budweg pulsa o Brasil em suas telas.
A mostra “Crônicas Brasileiras de Heinz Budweg” apresenta esse vasto percurso — geográfico, humano e artístico. O pintor retrata o continente brasileiro com olhar singular, poético e profundamente conectado à diversidade de identidades, manifestações populares.
O povo brasileiro é retratado por ele com cores e manchas que traduzem o momento dos personagens, vistos sempre com uma abordagem próxima da cena. Em suas obras, Budweg traduz a força simbólica do Brasil em imagens densas, que equilibram realismo e lirismo.
Entre as grandes telas expostas, destaca-se “Amazônia”, com nove metros de extensão. Painéis monumentais também marcam sua produção, como a obra tombada na ACM da Rua Nestor Pestana, o painel no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, entre outros espalhados pelo país.
Com técnica apurada e expressão marcante, Budweg consolidou uma obra de relevância nacional, explorando temas como as cenas indígenas, as paisagens tropicais e os episódios emblemáticos da história do Brasil. Por sua trajetória, recebeu o título de Comendador da Academia Brasileira de Arte e Cultura, além de diversas outras homenagens.

A exposição é um mergulho por um Brasil de muitos quilômetros e muitas cores — um país que se revela nas tintas, nas telas e nos olhares que o artista colheu pelo caminho. São diferentes tipos humanos, geografias, festas, florestas e danças transformadas em pintura.
A mostra foi organizada em quatro blocos temáticos:
• AMAZÔNIA, com o grande painel de nove metros e sessenta;
• FESTAS E MANIFESTAÇÕES POPULARES, com obras como Maracatu e Moçambique, entre outras;
• TRABALHADORES, com Os colhedores de café e Arrastão, e diversos trabalhadores em ação;
• PAISAGENS, com telas como Onda e as delicadas representações da Serra da Capivara.
Além das telas expostas na Galeria 18, “Crônicas Brasileiras” apresenta também filmes originais das viagens do artista, originalmente registrados em Super 8, em um espaço audiovisual dedicado. O público poderá ainda contar com acompanhamento de monitores especializados ao longo do percurso expositivo.
Um catálogo completo, com ficha técnica e todas as obras apresentadas, integra a mostra.
A exposição é uma realização do Instituto Casa Comum (ICC) e Galeria 18.

Heinz Budweg, o artista
Heinz Budweg nasceu em Berlim, em plena Segunda Guerra Mundial. Aos 13 anos, chegou ao Brasil, fixando-se em São Paulo. Em 1958, realizou sua primeira mostra individual, no Colégio Visconde de Porto Seguro. Ao longo de sua carreira, ganhou inúmeros prêmios; entre eles, o Prêmio Jabuti, em 1974, pelas ilustrações da série infantil 24 lendas brasileiras da Editora Melhoramentos. Na década de 1960, iniciou suas viagens pelo interior do Brasil, visitando centenas de cidades e povoados. Ele percorreu em território brasileiro mais de 450 mil quilômetros, o equivalente a mais de onze voltas ao redor do planeta. Em 1976, vivenciou o dia a dia das aldeias indígenas Xerente (Goiás), Krahô (Goiás) e Urubu-Kaapor (Maranhão). Em 1978, as áreas do Pantanal mato-grossense e das aldeias indígenas Bororo, Xavante e Avê Canoeiros.
Nos anos de 1980, foi da nascente até a foz do Rio São Francisco; aos Sete Povos das Missões, incluindo as missões jesuíticas do Paraguai e Argentina; e esteve com as comunidades indígenas do Alto Xingu: Kalapalo, Mehinaco, Waurá e Kuikuro (Brasil-Central). Em 1986, durante sua exploração do Alto Rio Coluene, conheceu os indígenas Maitipu, Yawalapeti, Mehinaco e Kamaiurá.
Em 1987, fez mais duas viagens ao Parque Nacional do Alto-Xingu em Mato Grosso. A partir de 1988, explorou a Bahia, conhecendo os indígenas Kalapalo, Kiriri e Pataxó. Suas viagens aos territórios indígenas o consagraram como o maior pintor vivo de indígenas do mundo. Foi batizado pelas aldeias com o nome Agabe Werajecupê.
Na década de 1990, o Projeto Tapajós direcionou as viagens de Heinz para uma prospecção arqueológica pelos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a bordo de um ateliê móvel (adaptado em uma perua Kombi). Heinz registrou 18 sítios arqueológicos, destacando-se, na Amazônia mato-grossense, o “Santuário da Pedra Preta”. Por conta desta descoberta, Heinz Budweg recebeu a Medalha D. Pedro I da Academia Brasileira de Arte, Cultura e História.

A GALERIA 18
A Galeria 18 é um espaço de arte contemporânea que reúne artistas de múltiplas vertentes, estilos e suportes.
Sua missão é expandir as relações no universo da arte, criando pontes entre artistas, colecionadores e público, em um ambiente receptivo e descomplicado.
Com uma programação que privilegia a pluralidade visual e cultural, a galeria se afirma como um espaço de experimentação, diálogo e descoberta.
Veja mais em: Galeria 18 – Arte Contemporânea
O ICC (Instituto Casa Comum)
O Instituto Casa Comum é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, constituído por indivíduos comprometidos com a ideia de que o planeta Terra é a nossa casa comum, lar em que coabitam infinitos seres em interdependência.
Busca promover as culturas vivas, a cultura do encontro, o bem viver e o fortalecimento e o desenvolvimento de uma cidadania ativa, que busque reduzir as desigualdades e promover a emancipação social, política, cultural e econômica das comunidades.
Nossas atividades são projetos, cursos e programas nas áreas de cultura, artes, educação, meio ambiente, esporte social, cidadania, saúde, comunicação e tecnologia, com ênfase na juventude, na diversidade, na cultura do encontro e da paz.
Veja mais em: Instituto Casa Comum
Serviço
CRÔNICAS BRASILEIRAS, DE HEINZ BUDWEG
De 06/11 a 29/11
GALERIA 18
Rua Simpatia, 23 – Vila Madalena – São Paulo/SP
Terça a sexta | 10h às 19h
Sábado | 10h às 18h
Entrada gratuita
+55 11 98990-6236
contato@galeriadezoito.com.br


