Mostra “2025 Em Cena” apresenta 21 espetáculos gratuitos
Escrito por: Camila Quaresma | Revisado por: Suzane Rodrigues
De 5 a 21 de dezembro, grandes peças serão apresentadas nos teatros municipais Alfredo Mesquita, Arthur Azevedo, Cacilda Becker e Paulo Eiró.
A mostra de teatro “2025 Em Cena” apresenta 21 espetáculos gratuitos, de 5 a 21 de dezembro. A programação, que será apresentada nos teatros Alfredo Mesquita, Arthur Azevedo, Cacilda Becker e Paulo Eiró, é resultado de uma curadoria que tem o objetivo de representar a diversidade e os destaques da cena paulistana de teatro de 2025.
Para selecionar as obras da mostra, foram assistidas mais de 200 peças durante o ano em todos os teatros privados e públicos de São Paulo. Todos os selecionados estrearam em São Paulo neste ano, como o monólogo de Othon Bastos “Não Me Entrego, Não!” e “Dois Papas”, de Anthony McCarten, protagonizadas por Celso Frateschi e Zécarlos Machado.
Também estarão em cartaz peças que concorrem à reconhecidos prêmios, como “Pai Contra Mãe” e “Um Clássico: Matou a Família e Foi ao Cinema”, para o Prêmio Shell, e “Dois Papas”, “Restinga de Canudos” e “Pai Contra Mãe ou Você Está Me Ouvindo”, ao Prêmio APCA.
A peça “Derrama” tem um palco alternativo e será apresentada em um estacionamento, tendo um ônibus como cenário, e fala sobre o universo feminino, contando com uma equipe 100% feminina, contando a direção e elenco formado por 9 atrizes. Já a peça “Pa’ra – Rio de Memórias”, é estrelada por uma atriz indígena e conta a história de uma menina do povo Sateré-Mawé, que é levada a uma viagem no mundo dos ancestrais para retomar as riquezas de seu povo e ajudar a sua família a lidar com conflitos territoriais na cidade grande.
Também serão apresentados espetáculos provocadores, como “Língua”, uma peça que convida todos a refletir sobre os desafios das pessoas com deficiência. Outros espetáculos infantis também tratam sobre o mesmo tema, como “Serei Sereia?” e “Podemos voar sem asas”. Já na “Peça para salvar o mundo”, os atores são o público. Algumas pessoas voluntárias vão à frente e usam Inteligência Artificial. Dessa interação será construída uma narrativa que pode ser assistida pela plateia.
As peças infantis são um destaque à parte, com peças como “O sítio do vovô Hermeto”, em homenagem ao músico Hermeto Pascoal, que faleceu este ano. A atração combina música ao vivo, teatro de bonecos e dança para apresentar às crianças a obra lúdica do artista, celebrando a criatividade a partir da natureza e da infância.
Outro destaque é o “Circo Science”, uma peça de Recife, que esteve em São Paulo três vezes neste ano. O espetáculo de circo é uma grande homenagem ao ícone pernambucano da cultura pop dos anos 1990 e 2000 e vem com um elenco de pessoas negras, periféricas e LGBTQIA+.

Espetáculos em cartaz:
CIRCO SCIENCE
O espetáculo é uma grande homenagem ao ícone pernambucano da cultura pop dos anos 1990 e 2000, Chico Science e ao Movimento Manguebeat que mudou o cenário da música brasileira. Através dos números circenses, das coreografias, das expressões, da nossa militância, o público conhece ou revive grandes sucessos do Mestre Chico Science e dos ritmos mais atuais do momento, o que as periferias escutam, o que dançam, o que vestem, como se movimentam, como se definem, como se mostram e querem ser reconhecidos. Mergulhamos numa pesquisa de como somos: artistas, negros e negras, gays, periféricos, e como tudo do pensamento de Chico Science ainda é tão atual para esses jovens que fazem arte e cultura nas periferias do Recife.
ADULTO
O espetáculo explora duas realidades ao mesmo tempo: a construção da ficção enquanto uma das personagens escreve a peça; e a história em si, que narra a crise conjugal do casal João e Sara, causada pela revelação de um segredo, e que desencadeia muitos conflitos silenciados entre eles. Tudo se intensifica ainda mais quando um casal de amigos, Vitor e Paula, surge com reflexões provocativas sobre a ideia do amor romântico. No contraste dos formatos opostos em que os relacionamentos acontecem, assuntos como traição, trabalho, saúde mental, dinheiro, maternidade, monogamia, machismo, entre tantos outros são inevitáveis na vida adulta.
BELMIRA
Marta, uma professora paraense sobrevivente de um atentado escolar, compartilha suas reflexões sobre educação e o seu vínculo com a enigmática professora mais velha Belmira. Embalada pelas canções da cantora paraense Dona Onete, as memórias do romance entre Marta e Belmira emergem na tentativa de elaboração do trauma vivido.
NÃO ME ENTREGO, NÃO!
Comemorando 92 anos de vida e mais de 70 de carreira, o ator Othon Bastos, sobe ao palco em seu primeiro monólogo, escrito e dirigido por Flávio Marinho, relembrando suas vivências e fatos marcantes de sua trajetória.
QUANDO CRESCER, QUERO SER PALHAÇA
“Quando Crescer, Quero Ser Palhaça” homenageia a palhaçaria e as mulheres que marcaram a história da comédia. Baseada no livro da autora Joana Barbosa, publicado pela Literíssima Editora, a peça é uma celebração dos sonhos e da coragem das crianças.
PA’RA – RIO DE MEMÓRIAS
“Pa’ra – Rio de Memórias” conta a trajetória de Dalú: uma menina indígena do povo Sateré-Mawé que é levada a uma viagem no mundo dos ancestrais para retomar as riquezas de seu povo e ajudar a sua família a lidar com conflitos territoriais na cidade grande. Ao se encontrar com encantados e antepassados, a peça convida o público a navegar por esse rio de memórias e dialogar em torno das infâncias indígenas dentro e fora das aldeias.
A BOTIJA, UM PEQUENO INVENTÁRIO DE HISTÓRIAS FANTÁSTICAS DO NORDESTE BRASILEIRO
Duas irmãs e um irmão viajam para o sertão do Nordeste Brasileiro encontrando paisagens, cidades e histórias na busca por encontrar a botija do tesouro narrada por sua avó quando crianças.
Numa espécie de caça ao tesouro, os contadores percorrem a geografia do sertão com a ajuda das crianças da plateia fazendo com que o público se aproxime da geografia e dos modos de vida do povo sertanejo.
RESTINGA DE CANUDOS
A Cia do Tijolo enxerga as ruínas de Canudos, cidade submersa, e mergulha nas águas do açude de Cocorobó em busca das histórias de suas gentes. Para além da visão de Euclides da Cunha e da narrativa do massacre, o espetáculo recria, a partir dos olhos de duas professoras, uma comunidade viva, forte, próspera e vitoriosa na invenção de formas próprias de existência. Restinga de Canudos traz professoras, beatos fazendo reza, guerra e festa numa Canudos recriada para o tempo presente.
PAI CONTRA MÃE OU VOCÊ ESTÁ ME OUVINDO
Um narrador nos conta a história de Zaíra da Conceição, mulher, negra, retinta, grávida, e de Osvaldo, homem, negro, que acabou de se tornar pai. Uma está desempregada, outro acabara de conseguir emprego em uma rede de varejo. Zaíra sofre uma acusação infundada de roubo no supermercado. Zaíra e Osvaldo, então, lutam: pai contra mãe.
MURAL DA MEMÓRIA
Quando a Lei de Anistia é revogada, os desaparecimentos ocorridos na Ditadura começam a ser julgados e um General 4 Estrelas é o primeiro a responder diante do tribunal. Pelos depoimentos das testemunhas, conhecemos histórias de três pessoas completamente diferentes entre si: um locutor de rádio, uma militante da luta armada e uma prostituta travesti. Suas vidas se entrelaçam numa dramaturgia muralista que conclui a pesquisa de 11 anos do LABTD.
UM CLÁSSICO: MATOU A FAMÍLIA E FOI AO CINEMA
Em um país onde cinemas se transformaram em igrejas pentecostais, dois filmes brasileiros pioneiros, lançados em 1968 e 1969, abordam temas homoafetivos. Essas histórias pertencem a um passado conservador em preto e branco ou são presságios de um presente tingido de sangue? Os clássicos de Júlio Bressane e Djalma Limongi (1950-2023) se encontram na fricção entre cinema e teatro, dando forma a uma experiência única. O público recria a narrativa, mesclando o que foi filmado com o que acontece ao vivo. Dois filmes, uma peça, duas mulheres, dois homens e um narrador entrelaçam passado e presente na busca por um futuro mais diverso.
LÍNGUA
Em “Língua”, uma mãe prepara uma festa de aniversário para seu filho surdo que cresceu rodeado de pessoas ouvintes. O encontro, que reúne um pequeno grupo de amigos do rapaz, revela não só afetos, dilemas e a diferença cultural entre eles. Além disso, convida-nos a perceber como lidamos com a distância entre aquilo que se sente e a tentativa de dizê-lo.
SEREI SEREIA?
A menina Inaê nasceu com um grande desafio: ela não pode andar. Sua mãe, então, conta uma história em que, Inaê é uma sereia, e por isso jamais poderia andar como os humanos. A Cia, com sensível poesia, contará a trajetória da menina no caminho do entendimento dos limites entre a fantasia e realidade, bem como a luta da sua mãe para que ela se fortaleça e possa crescer de forma forte e saudável.
CIDADE BRINQUEDO
Um dia, um conjunto de crianças convidou o grupo Esparrama a imaginar: “E se a cidade fosse um brinquedo?” Viver onde se brinca, brincar onde se convive. Inventar, festejar e acolher as várias formas de existir, enquanto compartilhamos um brinquedo do tamanho da cidade inteira. Ou seja, inaugurar a CIDADE-BRINQUEDO! Para isso, o grupo de palhaços abre um “portal das novas ideias” no meio da cidade e transforma o espetáculo em um verdadeiro experimento, uma ocupaçãobrinquedo, guiada pelo lema: “Brincar, brincar, brincar até a cidade virar brinquedo!”
FAVELA DE BARRO – INSTÁVEIS MORADIAS EM QUEDA
“Minha avó disse mangue preto também água…” Da planta espinhenta à lugar de muitos povos, o espetáculo em processo “Favela de Barro – Instáveis Moradias em Queda” se estrutura por meio da pesquisa, criação coletiva e montagem em espaço alternativo trabalhando as temáticas periféricas que envolvem a formação do território das favelas, o processo de desapropriação das terras, as heranças étnico-culturais e seus reflexos nos cotidianos das cidades. No ato circular movido pelos elementos, as múltiplas linguagens são ferramentas de construção da peça teatral, que também busca tencionar as noções tradicionais do fazer teatral. Afinal, somos Corpos-Favelas pulsando, 013 Cubatão no verso, pouco tempo pra entender que aqui nois é de verdade.
DOIS PAPAS
O cardeal argentino Jorge Bergoglio está decidido a pedir sua aposentadoria devido a divergências sobre a forma como o Papa Bento XVI tem conduzido a Igreja. No entanto, ele é surpreendido por um convite pessoal que mudará seu destino: um encontro com o próprio Papa.
Bento XVI considera renunciar ao papado devido às crescentes pressões e desafios enfrentados pela instituição. Eis que Bergoglio, antes de anunciar sua saída, emerge como um candidato improvável para sua sucessão. Agora, juntos, eles precisam superar suas diferenças e trilhar um novo caminho. Nesse encontro fascinante, visões de mundo se chocam e segredos são compartilhados. A trama, então, segue por um rumo inesperado e Bergoglio se depara com uma oportunidade que pode alterar o curso da Igreja.
PEÇA PARA SALVAR O MUNDO
Uma máquina foi programada para salvar a humanidade de sua autodestruição, e precisa coletar informações do público a fim de criar estratégias para enfrentar os desafios mais urgentes da humanidade como epidemias, crise climática, intolerância social e a incerteza quanto ao futuro. Para isso, se comunica com o público através de um avatar que vai assumindo feições de robô, mulher, homem, criança e idosa. Ele vai mudando e se adaptando aos temas e ambientes. Este avatar quer aprender a sentir, e colhe depoimentos dos espectadores (que quiserem) numa conversa intimista e informal.
DERRAMA
Derrama é um espetáculo musical que traz um olhar poético sobre águas e tempo, traçando um paralelo entre o universo feminino e os rios.
PODEMOS VOAR SEM ASAS
A peça, um espetáculo teatral com bonecos, conta a história de uma princesa cadeirante, a Princesa Tetê, que sonha em voar e ver o mundo para conhecer novas histórias. Vivendo em uma cadeira de rodas, ela não consegue ir para muito longe, mas com o intuito de agradar sua filha, o Rei Lelê e a Rainha Sissí convocam artistas e contadores de histórias de várias partes do mundo para trazer alegria para a princesa. Assim, a Princesa Tetê embarca em uma jornada mágica e multicultural.
O SÍTIO DO VOVÔ HERMETO
Espetáculo híbrido que combina música ao vivo, teatro de bonecos e dança para apresentar às crianças a obra lúdica do músico Hermeto Pascoal, celebrando a criatividade a partir da natureza e da infância.
Criado pelo Silencie Coletivo Percussivo, o musical traz uma narrativa sem falas que envolve música, dança e teatro de formas animadas para estimular o imaginário infantil. A história acompanha duas crianças que, privadas de seus celulares durante férias no sítio do Vovô Hermeto, descobrem um espaço mágico onde a música faz a natureza ganhar vida; folhas caídas, bichos e elementos do campo se transformam em personagens dançantes.
CARTA À RAINHA LOUCA
A peça musical CARTA À RAINHA LOUCA é uma adaptação da obra literária de Maria Valéria Rezende, concebida e escrita a partir de uma carta verdadeira encontrada pela autora nos arquivos ultramarinos em Lisboa. O espetáculo conta a história de Isabel das Santas Virgens que, isolada num convento em Olinda, escreve uma carta à Rainha Maria I de Portugal, conhecida como Rainha Louca, relatando sua trajetória e denunciando as violências cometidas pelos homens no período do Brasil colônia. Isabel é presa e acusada injustamente por tentar estabelecer na região de Minas Gerais um convento feminino clandestino, quando na verdade tratava-se de uma comunidade criada para acolher mulheres pobres, sem família, sem renda, sem destino: as chamadas ‘sobrantes’.
Sobre a Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa
A Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa (SMC) de São Paulo, fundada em 1935 como Departamento de Cultura e Recreação, promove a cultura e impulsiona a economia criativa da cidade. Com mais de 90 anos de atuação, valoriza a diversidade cultural, preserva patrimônios e forma profissionais para a indústria criativa. Com uma rede abrangente, a SMC administra 13 Centros Culturais, 7 Teatros Municipais, 20 Casas de Cultura, além da Casa de Cultura Cidade Ademar, que será inaugurada em 2025, 2 museus (sendo o Museu da Cidade de São Paulo – composto de 13 unidades – e o Museu das Culturas Brasileiras em fase de obras), 54 Bibliotecas de Bairro, 15 Pontos de Leitura e 15 Bosques de Leitura, 6 EMIAs (Escolas Municipais de Iniciação Artística) e 3 unidades da Rede Daora – Estúdios Criativos das Juventudes. A SMC ainda atende 104 equipamentos de cultura e CEUs por meio do PIAPI (Programa de Iniciação Artística para a Primeira Infância), PIÁ (Programa de Iniciação Artística) e Programa Vocacional.

