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Sonho de criança no Maracatu em Nazaré da Mata, PE

Colaborando com a RAIZ

Um belo exemplo da arte como diversão e formação pelo Maracatu Infantil de Baque Solto Sonho de Criança, que inicia projeto de manutenção e salvaguarda do seu patrimônio imaterial.

Iniciativa prevê a realização de uma série de atividades culturais, gratuitas, ao longo de um ano, com o objetivo de fortalecer a continuidade da tradição, feita por crianças e adolescentes, estudantes de escolas públicas e que integram a agremiação carnavalesca.

O Maracatu Infantil de Baque Solto Sonho de Criança, criado em 1997, e que está em atividade há, pelo menos 27 anos, em Nazaré da Mata, na Zona da Mata Norte do Estado, deu início a um novo projeto anual de manutenção e salvaguarda que coloca crianças e adolescentes no centro da preservação de uma das tradições mais antigas do patrimônio cultural imaterial pernambucano.

Formado por estudantes do ensino fundamental, o grupo reúne meninos e meninas de 7 a 16 anos que ocupam lugar de protagonismo dentro da brincadeira, aprendendo na prática os saberes que estruturam o maracatu rural, como o toque dos instrumentos, o canto improvisado, a dança, os personagens e a confecção das indumentárias.

O projeto, vem sendo realizado na sede provisória da agremiação carnavalesca, instalada dentro do Espaço Cultural Mauro Mota, equipamento público da Prefeitura, e prevê a realização de uma série de atividades ao longo de um ano, com o objetivo de fortalecer a continuidade da tradição, garantir a transmissão de saberes e estruturar ações de salvaguarda capazes de documentar, difundir e sustentar a memória do maracatu mirim.

Entre as ações programadas estão uma aula-espetáculo, a formação de mestres mirins, a promoção do Sambadinha Mirim, o restauro completo das indumentárias do grupo e um cortejo no período carnavalesco, momento em que as crianças se apresentam em sua plenitude, reafirmando o elo entre a tradição e as novas gerações.

reprodução Instagram – https://www.instagram.com/gervamidia/

A manutenção das indumentárias é uma etapa fundamental.

Ao longo do ano, serão restauradas golas, chapéus, vestidos das baianas, o sombreiro da corte e o estandarte principal do maracatu. O processo envolve artesãos, bordadeiras e costureiras locais, fortalecendo também a economia criativa ligada ao maracatu rural.

Cada peça recuperada carrega valor estético e simbólico, permitindo que as crianças vivenciem integralmente o ritual da brincadeira e compreendam o significado cultural de cada elemento que vestem. Vestir o maracatu é, para elas, tanto um aprendizado quanto uma forma de pertencimento.

A oficina de formação de mestres possui um significado especial dentro do projeto. O responsável por conduzir as aulas é o mestre Anderson Miguel, um dos primeiros integrantes do próprio Maracatu Sonho de Criança. Ainda criança, ele recebeu sua formação de base dentro da cultura popular expressa no grupo, aprendendo canto, ritmo, improviso e condução de cortejo ao lado de mestres e brincantes mais velhos.

Hoje, retorna ao maracatu mirim como formador, ministrando uma oficina de 12 horas destinada a crianças e adolescentes, na qual ensina técnicas de puxada, afinação, liderança e expressão vocal. Sua presença reforça a dimensão geracional do projeto e evidencia que a salvaguarda do patrimônio imaterial depende da continuidade desses laços entre mestres, aprendizes e comunidade.

Junto a Academia

A dimensão educativa também se manifesta na realização de uma aula-espetáculo na Universidade de Pernambuco (UPE), ação que aproxima o universo do maracatu mirim de espaços formais de ensino e pesquisa.

Ao apresentar seu trabalho diante de professores, estudantes e público em geral, as crianças ampliam a compreensão sobre o valor cultural da brincadeira e evidenciam a potência educativa da tradição.

A iniciativa fortalece vínculos entre universidade e comunidade, estimulando pesquisas, intercâmbios e novas formas de aproximação entre saberes populares e instituições de ensino.

Com função semelhante, o Sambadinha Mirim promove o encontro entre a comunidade e os jovens brincantes, criando um ambiente de celebração e reafirmação cultural. A atividade ocorre nas imediações do Espaço Cultural Mauro Mota e oferece aos participantes a oportunidade de transformar em performance o que aprenderam durante as oficinas.

A prática reforça laços comunitários, incentiva a participação das famílias e contribui para ampliar o reconhecimento do maracatu mirim como expressão legítima e estruturante do território.

O cortejo de Carnaval, programado para o dia 16 de fevereiro de 2026, no centro de Nazaré da Mata, é a culminância do projeto anual de manutenção. O desfile marca o fortalecimento do maracatu mirim como expressão comunitária e reafirma que a tradição segue viva graças ao empenho das crianças e adolescentes que a conduzem.

O projeto é realizado pela Coco da Mata Produções Artísticas e pela Azulyne Correntes Culturais, e conta, pela primeira vez, com incentivo da Fundarpe, Secretaria de Cultura de Governo de Pernambuco, por meio dos recursos do Funcultura.

reprodução Instagram - https://www.instagram.com/gervamidia/
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Serviço

Aula-espetáculo
18 de novembro de 2025 – 15h30 às 17h30
Universidade de Pernambuco (UPE) – 1ª Semana da Excelência Negra

Oficina de Formação de Mestres Mirins
27 a 30 de janeiro de 2026 – 9h às 11h30
Com o mestre Anderson Miguel
Espaço Cultural Mauro Mota – Nazaré da Mata

Sambadinha Mirim
31 de janeiro de 2026 – 15h
Espaço Cultural Mauro Mota – Nazaré da Mata

Cortejo de Carnaval
16 de fevereiro de 2026 – Centro de Nazaré da Mata

Realização
Coco da Mata Produções Artísticas, Maracatu Sonho de Criança e Azulyne Correntes Culturais

Incentivo
Funcultura, Fundarpe, Secult-PE e Governo do Estado de Pernambuco

Mais informações: www.instagram.com/maracatusonhodecriança

Colaborando com a RAIZ