Reabre o Museu do Homem do Nordeste
Memória, Educação, Cultura e Arte no Museu do Homem do Nordeste
Após três meses de portas fechadas, a exposição de longa duração do Homem do Nordeste voltará ao seu funcionamento normal.
Nos últimos três meses foram realizados alguns ajustes: “Alteramos as cores, resolvemos problemas de infiltrações, vitrines e tarjetas, que apresentavam desgastes”, comentou Silvana Araújo, coordenadora-geral do Museu. “Achamos por bem fechar para ajustar determinados pontos. Conceitualmente, a exposição continua a mesma”, completou.
Além dos reparos, outra preocupação do Museu se deu em estreitar diálogos e aproximar o público do acervo. “Decidimos abrir mão de algumas vitrines para permitir que os visitantes cheguem mais perto, se aproximem dos objetos”, afirmou a coordenadora. Também houve alteração nos textos expostos: foram editados e readaptados. “São textos excelentes, mas por vezes densos e muito acadêmicos. Neste ajuste, optamos por torná-los mais leves, com a consulta aos autores”, reiterou Silvana. Também será incluído um novo material textual, produzido pela equipe do Museu.
Outras alterações ocorreram em alguns módulos, como na sala das influências. “Percebemos a ausência de povos indígenas e afrodescendentes”, reiterou Silvana. “Precisamos colocar no módulo objetos que ainda hoje utilizamos, a exemplo da rede de dormir, dos tecidos africanos e os turbantes, tão badalados nas redes sociais. Queremos incitar o debate”, concluiu.
Também será alterado o módulo dedicado aos indígenas — será acrescentado um mapa, com um indicativo dos povos presentes na região Nordeste e uma fotografia de Xikão, liderança indígena que lutou pela demarcação do território Xukuru. Essas alterações foram realizadas em diálogo com os povos da Comissão da Juventude Indígena de Pernambuco (COJIPE).
Acréscimos na exposição
Além dos ajustes e alterações nos módulos expositivos, também serão acrescentados alguns objetos do acervo, como uma antiga máquina de algodão doce, um carrinho de café e uma máquina de amolar facas, que pertenceu a José Antônio da Costa Filho, um dos primeiros amoladores do bairro de Casa Amarela. “Queremos levar ao Museu objetos que estão no dia a dia dos visitantes”, indicou a coordenadora.
Outro destaque é a inserção da obra ABC da Cana, do artista Jonathas de Andrade, e a pintura O Canavial, de Aloísio Magalhães.
Além das obras, também serão incluídas fotografias do projeto Nordestes Emergentes, que buscam abordar questões mais contemporâneas acerca das identidades do Nordeste. “Com as inserções, buscamos trazer uma contemporaneidade maior para este Nordeste que está pulsando; e não só o Nordeste que está mais evidente em nosso acervo, que é mais histórico. É nosso intuito mostrar a constante ebulição dos Nordestes aqui representados”, concluiu.
O Museu do Homem do Nordeste
O Museu do Homem do Nordeste – Muhne – é um órgão federal (vinculado à Fundação Joaquim Nabuco/Ministério da Educação), que reúne acervos que revelam a pluralidade das culturas negras, indígenas e brancas desde nossas origens até os diferentes desdobramentos e misturas que formam o que hoje é chamado genericamente de cultura brasileira. Esses acervos servem de suporte para construir narrativas que estão traduzidas em exposições etnográficas e exposições de arte, assim como em ações educativas de mediação cultural e em diferentes eventos que compõem a programação cultural do museu.
O Muhne nasceu em 1979, da fusão de três outros museus: o Museu de Antropologia (1961-1978), o Museu de Arte Popular (1955-1978) e o Museu do Açúcar (1963-1978). Seu acervo é composto de coleções caracterizadas pela heterogeneidade e variedade, desde objetos provenientes das casas das famílias dos senhores de engenhos, até objetos simples, de uso cotidiano das famílias pobres. No acervo também estão presentes coleções de arte popular, de brinquedos populares, vestuários e instrumentos das festas populares, objetos dos povos indígenas e muitos outros que revelam a diversidade cultural de nossa sociedade.
Ao Museu do Homem do Nordeste estão associados equipamentos culturais essenciais para a consecução desse projeto:
Galerias Waldemar Valente, Massangana e Baobá e Sala Mauro Mota.
Localizadas no térreo da sede do Muhne e em prédios anexos a ele, as Galerias são os espaços do Museu destinados às exposições temporárias.
Na Galeria Waldemar Valente e Sala Mauro Mota, o Muhne dá voz às pesquisas e projetos desenvolvidos a partir de seu acervo, com objetivo de atualização de seu discurso e de aproximação do Museu com as questões cotidianas. Memória, representação social e patrimonialização são alguns dos temas discutidos pelas exposições exibidas nessas salas.
Já as Galerias Massangana e Baobá são os espaços que o Museu dedica à difusão, pesquisa e fomento à produção contemporânea em artes visuais, tornando-os acessíveis a novas audiências. Ainda conta com outros espaços: o Engenho Massangana no Cabo de Santo Agostinho e o Espaço Janete Costa uma loja com os valores do museu representados nos objetos que comercializa.
Serviço:
Museu do Homem do Nordeste
Tel: (81) 3073-6340
(Imagens: Divulgacão)