Os Caxinauás em exposição que conta sua história e seus costumes
Até 25 de março a exposição “Os Caxinauás – Autonomia e Contato”, com obras do etnólogo teuto-brasileiro Harald Schultz (1909/1966) -que durante mais de trinta anos se dedicou à cultura indígena- estará aberta à visitação gratuita na Galeria Antônio Parreiras do Museu do Estado do Pará.
Os Caxinauás habitam o Acre, são a mais numerosa população indígena daquele estado, cerca de 4,5 mil indivíduos. Ocupam as áreas do Alto Purus, em região fronteiriça com o Peru, na bacia dos rios Juruá e Purus. Os Caxinauás, apesar do processo de relacionamento com outras sociedades, mantém grande parte do seu conhecimento tradicional.
Além das fotografias e do documentário de Harald Schultz, são exibidos material audiovisual -cantos, relatos históricos e mitos narrados por integrantes do grupo, uma entrevista e imagens- e textos de outras épocas, que no conjunto apresentam o desenvolvimento dos Caxinauás através da sua história.
Em 1951, o fotógrafo teuto-brasileiro Harald Schultz visitou os Caxinauás quando estes ainda viviam em relativo isolamento, ao contrário de seus parentes no lado brasileiro que desde a época da borracha passaram por um processo de aculturação mais intenso.
As fotografias de H. Schultz e do filme que produziu têm hoje – mais de 60 anos depois da data que marcou o começo de um contato mais intenso entre o grupo peruano e demais sociedades – um grande valor documental.
Apesar de as influências e intervenções, os Caxinauás mantém grande parte de seu conhecimento tradicional. Ao menos, quem veio de fora contribuiu para a preservação desse conhecimento, documentado nos trabalhos dos pesquisadores em textos e audiovisuais. Este material, junto com as recordações dos anciões, são a base para uma revitalização cultural dos Caxinauás dos dois lados da fronteira.
Harald Schultz
Harald Schultz (Porto Alegre, 22 de fevereiro de 1909 — 8 de janeiro de 1966) foi tradutor, ictiólogo e etnógrafo brasileiro. Trabalhou para o Museu Paulista, junto com os indianistas marechal Rondon e Curt Nimuendaju. Funcionário do Serviço de Proteção aos Índios, percorreu todo o Brasil indígena, onde também colecionou material indígena e também recolheu e descreveu espécies novas espécies de peixes.
A exposição é realizada pelo Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura, do Sistema Integrado de Museus e Memoriais e do Museu do Estado do Pará, em parceria com o Instituto Goethe e Casa de Estudos Germânicos, da Universidade Federal do Pará. A curadoria é das linguistas Eliane Camargo e Sabine Reiter em cooperação com Marcelino Piñedo, Alberto Roque Toribio, Hulício Moisés e outros integrantes do grupo Caxinauá. A coordenação artística é de Martin Juef.
Serviço:
Exposição “Os Caxinauás – Autonomia e Contato”
Museu do Estado do Pará (Palácio Lauro Sodré, Praça Dom Pedro II – Cidade Velha)
Até 25 de março, de terça a sexta, das 10h às 16h; e sábado e domingo, da 9h às 13h
Quanto: Gratuito
Fotos: Divulgação