CULTURA POPULAR NA PANDEMIA
“Cultura Popular na Pandemia” é uma série de reportagens da Revista Raiz sobre como alguns líderes na frente da cultura popular e tradicional do Brasil tem enfrentado os tempos difíceis dessa pandemia.
E a cultura popular acostumada ao dia a dia de embates para sua preservação e amplificação tem agora nesse momento ainda mais pedras no caminho.
Pois a cultura tradicional no Brasil é baseada na celebração do encontro, nas festas, nas cirandas, nas rodas de samba, nos terreiros e, tem agora o distanciamento para vencer.
E é através da voz de artistas e ativistas culturais, que queremos trazer o dia a dia de diferentes setores sociais com a abrangência simbólica do olhar, suas urgências e suas produções em tempos de crise.
Toda semana traremos um perfil novo para ser desbravado em conhecido amplamente, abrindo um diálogo com os setores e público interessado nas temáticas e histórias, muitas vezes bem pessoais, apresentadas nessas matérias.
As reportagens e entrevistas são de Gustavo S. Cavalcante.
Boa leitura!
Capítulo 1
Apesar da pandemia, a cultura indígena resiste através de livesCom Anapuákà Tupinambá
Na primeira matéria conversamos com Anápuàka Tupinambá ativista indígena e criador da Rádio Yandê, canal exclusivo para divulgação da cultura indígena.
Como diz o Anápuàka: “Seja um bom ancestral hoje”.
Anapuaká, criador da rádio Yandê conta a importância das conversas online e reflete sobre o que esperar para o futuro do artista indígena.
Através de uma conversa pelo Zoom, Anapuaká Tupinambá, morador da cidade do Rio Janeiro, divaga… “Todo indígena deve estar com depressão agora”.
Capítulo 2
Ibys Maceioh 50 anos de estrada agora nas vias digitais
Com Ibys Maceioh
Sem ter como voltar para o nordeste após carnaval em São Paulo, músico teve de se reinventar para sobreviver e ajudar outros artistas durante quarentena
Ibys Maceioh é o nome artístico de Valmiro Pedro da Costa violonista, cantor e compositor brasileiro, que inciou seus estudos no violão com o também alagoano Zé Romero, discípulo de Dilermando Reis. Sempre ativo, o artista perpassa meio século da MPB iniciado no Choro Alagoano do qual foi um dos protagonistas. Alagoas é um estado que já nos deu Nelson da Rabeca, Hermeto Pascoal, Djavan e a responsabilidade vem de herança.
Capítulo 3
O trabalho continua: mesmo na pandemia, festas populares se reinventam para sobreviver
Com Diego Dionísio
No embalo de uma rede, Diego Dionísio, produtor cultural e presidente da Comissão Paulista de Folclore conta como tem sido a vida e a produção cultural durante a quarentena. Que ao bem-dizer não deixou de trabalhar. Mas pôde ver a cultura popular ganhar outro, um novo sentido.
Do fogão a lenha, no sítio em que se hospeda numa cidade do interior paulista, uma senhora canta. Diego se interessou em ouvir as rezas dela cantadas geralmente enquanto cozinha e percebeu que ali tinha história. “A tradição desses movimentos culturais é o que nos move para preservá-los …”, conta Diego.
Capítulo 4
Ivan Vilela: A pandemia só tem sido suportável por que a arte existe
Com Ivan Vilela
Em tempos de reclusão, Ivan Vilela aproveita do momento para conviver com o filho, pensar na vida e em si mesmo. Imerso numa profunda reflexão se põe a prova em leituras, em seu trabalho musical e nos motivos pelos quais andava triste nos últimos anos.
“Vinha tendo um problema muito sério com depressão, cara. O remédio que usava vinha do Brasil e de repente parou de vir, então tive que me auxiliar”, conta Ivan, “e quando percebi que agora só eu podia dar conta, fui conversar comigo mesmo e percebi que nada disso partia de mim. Dentro dessa narrativa a depressão foi desaparecendo”.
Capítulo 5
Luis Kinugawa e a ponte Brasil X África Oriental
Com Luis Kinugawa
Em janeiro de 2020, um projeto que vinha sendo desenvolvido há anos foi enfim concluído, enchendo Luis Kinugawa, percussionista, de esperanças para o ano.
Um plano desenvolvido em Guiné, na África, voltado para a permacultura veio trazendo uma campanha para produzir alimentos. Com a agenda cheia, Luis se entusiasmava, mas logo viu o mundo parar por conta da quarentena, trazendo a perda de compromissos e shows marcados.
Para ocupar-se de modo a contornar a crise, o músico decidiu não parar ressabido de que isso o levaria a depressão. Prostrou-se então em pegar projetos do passado, revendo estudos ligados ao continente africano – o foco do seu trabalho.