NOSSAFAMÍLIA / #OURFAMILY traz a história de duas mães e seus 70 filhos
Duas mulheres negras, brasileiras, catadoras de materiais recicláveis, ex-moradoras de rua, adotaram 25 e 45 filhos. E trazem uma filosofia de vida que transforma e recicla diversos conceitos contemporâneos sobre como lidar com as adversidades de vida, empatia e educação.
Catadoras de materiais recicláveis e ex-moradoras de rua, são as figuras centrais de #NossaFamilia, idealizado e dirigido por Max Mu. Tereza e Mara – e suas experiências multiplicadoras e distributivas – inspiram este documentário. Ao adotarem 45 e 25 filhos, respectivamente, elas nos fazem refletir sobre um mundo onde a maternidade e a paternidade, o amor e as relações matrimoniais são capitalizadas. “Ao olharmos para pessoas em vulnerabilidade social, sem capital, que unem uma família enorme sem dinheiro, começamos a rever toda nossa filosofia de vida, e talvez, essas mulheres tragam à luz da contemporaneidade uma filosofia de resiliência, superação e amor pouco comum”, diz o diretor.
Em conversas conduzidas pelo premiado ator, diretor e preparador de elenco Eduardo Silva, Tereza e Mara falam sobre suas famílias e sua filosofia de vida, que transforma e recicla conceitos contemporâneos sobre como lidar com as adversidades, empatia e educação. O discurso é corroborado por entrevistas com alguns de seus filhos – entre eles, Laissa Sobral, a primeira catadora a ingressar em uma universidade.
Tereza Felipe, conhecida entre os integrantes do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis como a catadora mais antiga do Brasil, veio de Minas Gerais para Ribeirão Preto, São Paulo, ainda adolescente, após ter sido adotada. Casada, ainda muito jovem, mudou-se para a capital e chegou a viver nas ruas, mas com a renda da coleta de recicláveis conseguiu mudar o rumo de sua vida. Comprou um terreno, onde construiu sua própria casa com suas mãos, fazendo os tijolos inclusive, zona leste da cidade, onde passou a abrigar os filhos das mulheres em vulnerabilidade social, que muitas vezes os deixavam com Tereza, que tinha o sonho de ter uma grande família. Teve dois filhos biológicos e, por ter a Doença de Chagas, acabou realizando-o de uma forma inesperada, adotando e registrando 45 crianças, oficialmente.
Ex-menina de rua, cria da violência doméstica, Mara perdeu os pais aos nove anos, quando foi encaminhada para FEBEM, de onde fugiu, passou a morar nas ruas e vivenciar a violência. Cansada, passou a coletar lixo. Foi presidente eleita pelos integrantes da Cooperativa Granja Julieta Nossos Valores, na Zona Sul da cidade de São Paulo, onde a renda é distribuída de maneira igualitária entre todos – pessoas em situação de rua, egressos do sistema prisional, mulheres que saem de presídios e dependentes químicos em tratamento. Teve dois filhos biológicos, Laíssa – a primeira na história da família a cursar uma universidade – e Everton, mas foi abrindo a casa para outras crianças e adolescentes vítimas de violência e de abandono.
Incialmente pensado como um projeto de circuito e exibições em lugares alternativos – a sala de uma casa, o salão de uma igreja, uma sala de aula ou ainda um cinema convencional –, com a pandemia tomou outro rumo e se tornou a Ação Catadoras, através do o canal de ação e divulgação audiovisual da Cia Um Brasil, o CineVozes. Sem ter onde se confinar, sem ter como trabalhar, muitos sem documentos para conseguir auxílio emergencial, os catadores que vivem da coleta seletiva ficaram expostos a todas as intempéries. A Ação é um espaço para doações, que continua ativo no pós pandemia, e oferece o documentário #NossaFamília de brinde para quem fizer qualquer colaboração.
SERVIÇO
Documentário #NossaFamília
Protagonistas: Tereza e Mara
Direção: Max Mu
Produção: Cia Um Brasil de Teatro
Duração: 45 minutos