Teatro Experimental do Negro nas fotografias de José Medeiros
Reunindo mais de 100 itens, entre fotografias e documentos provenientes do acervo do Ipeafro, a exposição ilumina a histórica colaboração entre o Teatro Experimental do Negro (TEN), fundado por Abdias Nascimento, e o fotógrafo José Medeiros (1921-1991) ao longo de quase duas décadas.
O legado do Teatro Experimental do Negro (TEN), projeto coletivo iniciado em 1944 por Abdias Nascimento é um dos mais importantes movimentos artísticos de resistência e estética negra.
O Instituto Tomie Ohtake e o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro) se reúnem para comemorar o aniversário de oitenta anos da primeira apresentação pública da peça O imperador Jones no Brasil, em montagem do TEN na sua estreia no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Experimental e negro, o TEN foi criado para, nas palavras de Nascimento, “estabelecer o teatro, espelho e resumo da peripécia existencial humana, como um fórum de ideias, debates, propostas, e ação visando à transformação das estruturas de dominação, opressão e exploração raciais implícitas na sociedade brasileira dominante”. Ativo nos palcos até a década de 1960, o grupo desenvolveu obras de forte impacto, enfrentou o racismo e abriu caminhos para a formação e o reconhecimento de expoentes como Ruth de Souza e Léa Garcia. Foi também o contexto de gênese de iniciativas de educação, militância e debate público, como o jornal Quilombo e o Museu de Arte Negra.
Durante sua existência, o TEN cultivou alianças criativas e políticas. É o caso do consagrado fotógrafo José Medeiros, que ao longo dos anos produziu diversos ensaios fotográficos do grupo e presenteou Abdias Nascimento com um importante acervo onde convergem fotografia, teatro e engajamento.
Essas imagens, com poses e enquadramentos modernos influenciados pela prática teatral, carregam um inegável senso de monumentalidade e são um testamento do orgulho e da força dos atores.

Mais do que documentar, a mostra procura evidenciar uma parceria artística que é, ao mesmo tempo, política e poética, ressaltando o papel fundamental do TEN tanto na evolução do teatro moderno no Brasil quanto na afirmação da identidade negra nas artes e na esfera pública.
A relação entre o TEN e Medeiros é de colaboração simbólica e prática: enquanto o grupo teatral lutava por representação e dignidade para pessoas negras no cenário artístico, o fotógrafo registrava e difundia essa luta com sensibilidade e respeito, contribuindo de forma decisiva para sua preservação na memória visual brasileira.
Mergulhe na memória visual de uma das cenas culturais e políticas mais importantes do Brasil na exposição ‘Teatro Experimental do Negro nas fotografias de José Medeiros’. A mostra conta com curadoria de Eugênio Lima.
O Ministério da Cultura, via Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), e o Instituto Tomie Ohtake apresentam essa exposição, com patrocínio do Nubank, mantenedor do Instituto Tomie Ohtake, em correalização com o Ipeafro – Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros e a coleção Abdias Nascimento Memória em Ação.

SERVIÇO
Teatro Experimental do Negro nas fotografias de José Medeiros
Até 3 de agosto de 2025.
Terça a domingo | 11H—19H [última entrada 18H]
Entrada gratuita
Instituto Tomie Ohtake
