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Exposição sobre o Movimento Armorial chega a Salvador com música e rodas de conversas

Colaborando com a RAIZ

A exposição “ARMORIAL 50” em Salvador também marca o aniversário de 106 anos do Museu de Arte da Bahia (MAB), que passou por obras recentes. Além de homenagear Ariano Suassuna (1927-2014) nos 10 anos de seu falecimento.

Museu de Arte da Bahia (MAB). Visitação de 23 de julho a 20 de outubro de 2024. O acesso é totalmente gratuito, com ingressos disponíveis para o público a partir do dia 20 de julho em https://www.sympla.com.br/exposicao-armorial-50__2505171 ou presencialmente nas bilheterias do MAB.

A EXPOSIÇÃO

Organizada em núcleos, cada um definido por um tratamento expográfico exclusivo, a exposição traz à tona a diversidade, as tradições e as mais representativas raízes da cultura popular nordestina, tal qual idealizado por Ariano Suassuna.

Ao entrar no MAB o público é recebido pela Onça Caetana – a anfitriã da exposição. Figura presente em mitos sertanejos, o elemento cenográfico inspirado nos desenhos de Suassuna, a imponente Onça – com quase quatro metros de comprimento – é só uma das muitas surpresas da exposição. Foi confeccionada em Belo Horizonte pelo artista bonequeiro, Agnaldo Pinho e sua equipe.

ARMORIAL 50
Armorial 50 Anos em Recife – Foto Daniela Nader Capibaribe

A imersão do visitante neste fascinante universo começa com o núcleo dedicado aos figurinos criados pelo artista plástico pernambucano Francisco Brennand (1927-2019) para o filme A Compadecida (1969), primeiro longa-metragem dirigido por George Jonas baseado na consagrada peça Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. Nele são apresentados 12 desenhos realizados para o filme, em nanquim aquarelado, e também os figurinos dos cinco principais personagens da história. A indumentária da Compadecida é original do filme, já os figurinos do Palhaço, Diabo, João Grilo, e Emanoel – o Cristo Negro, foram recriados especialmente para a exposição pela figurinista Flávia Rossette. O público também pode assistir cenas do filme A Compadecida, que reunia um elenco famoso na época, incluindo Antonio Fagundes, Armando Bógus e Regina Duarte, e fotos da filmagem realizada em Brejo da Madre de Deus, Pernambuco.

A seguir é apresentada a chamada “Fase Experimental” (1970-1974) que marca o início do movimento, lançado no dia 18 de outubro de 1970 com uma exposição de artes plásticas e uma apresentação da Orquestra Armorial. Entre os artistas plásticos desse período estão representados: Aluísio Braga, Fernando Lopes da Paz, Miguel dos Santos, Fernando Barbosa e Lourdes Magalhães. As obras apresentadas neste núcleo pertencem hoje ao acervo da Universidade de Pernambuco, e foram compradas pelo próprio Ariano, quando foi diretor da instituição. Incluída nessa fase está também uma menção ao trabalho da Orquestra e do Quinteto Armorial, grupos que atuaram com grande sucesso, criando uma música erudita com influência popular.

A Sala Especial Samico é um destaque dado pela curadoria da mostra, que acentua a coerência e permanência do trabalho de Gilvan Samico (1928-2013), alinhado desde os anos 1970 aos princípios do Armorial. Muito conhecido por suas xilogravuras, o artista também é representado na exposição por pinturas. A “Segunda Fase” (1975 -1985) do Movimento Armorial reúne as iluminogravuras de Ariano Suassuna, as litogravuras, cerâmicas e tapeçarias de sua esposa Zélia Suassuna, pinturas de Romero de Andrade Lima e de Manuel Dantas Suassuna.

A palavra iluminogravura é um neologismo criado por Ariano Suassuna mesclando as palavras iluminura e gravura. Nesses trabalhos é possível ver uma faceta pouco conhecida de Ariano, o artista plástico, interagindo com o escritor. O autor produziu dois álbuns, cada um contendo dez pranchas: Sonetos com Mote Alheio (1980-84) e Sonetos de Albano Cervonegro (1985-87) que juntos formam uma autobiografia poética.

Completando a primeira sala do Museu de Arte da Bahia está o núcleo “Ariano Suassuna, Vida e Obra”, que traz uma completa cronologia ilustrada, livros e manuscritos do autor. Nesta etapa, também ganha destaque o alfabeto sertanejo, criado com base na pesquisa Ferros do Cariri, uma Heráldica Sertaneja.

No caminho para outra sala encontramos as Ilumiaras (outro neologismo criado por Suassuna), locais de arte e cultura que foram implementados por Ariano quando Secretário da Cultura de Pernambuco. As Ilumiaras Acauhan, Jaúna, Zumbi, Coroada e Pedra do Reino são apresentadas através de paineis fotográficos.

O módulo “Armorial – Hoje e Sempre”, reúne imagens do Balé Grial, criado por Ariano e pela bailarina e coreógrafa Maria Paula Costa Rêgo, em 1997, grupo que continua vivo e atuante. e que participava ativamente das famosas aulas-espetáculo do escritor. são apresentadas também produções de Cinema e TV, realizadas a partir das peças teatrais de Suassuna, e de seus discípulos, como o espetáculo Lunário Perpétuo de Antônio Nóbrega. Vale lembrar que o Auto da Compadecida é o filme mais assistido do streaming brasileiro, um sucesso tão grande que está prestes a estrear uma continuação do filme.

Armorial 50 Anos
Armorial 50 Anos – Divulgação

O último módulo da mostra “Armorial – Referências”, contempla a beleza das xilogravuras, assinadas, entre outros, por J.Borges, Mestre Noza e Mestre Dila, entre outros, e a riqueza dos folguedos populares, como o Maracatu, o Reisado e o CavaloMarinho, reunindo máscaras, trajes, fotos, vídeos, estandartes e adereços. Uma Cidade de Cordel, criada especialmente para a exposição por Pablo Borges, filho de J.Borges é um espaço instagramável que permite uma lúdica viagem pela cultura popular, com seus causos e singularidades.

A mostra conta com obras de colecionadores particulares, artistas e instituições que disponibilizaram obras à exposição Armorial 50 Anos, como a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM), Oficina Brennand, Manuel Dantas Suassuna, Família de Gilvan Samico, Diogo Cantareli, Maria Paula Costa Rêgo, J. Borges, Lourdinha Vasconcelos, entre outros.

O conceito da exposição foi traçado pela premiada curadora Denise Mattar, que fez um minucioso trabalho de pesquisa e garimpagem no vastíssimo acervo do Movimento para rememorar – com delicadeza, encanto e graça – a riqueza dos saberes e fazeres culturais impregnados na arte Armorial. A expografia e arquitetura ficaram sob a responsabilidade do designer Guilherme Isnard. Já a identidade visual é assinada por Ricardo Gouveia de Melo e Ana Lucas.

A exposição oferece ainda outro presente para o público: quem quiser pode fazer o tour pela exposição ouvindo duas horas de música Armorial acessando o código QR localizado em alguns lugares da mostra. A playlist está no Spotify e oferece ao visitante mergulhar ainda mais no eclético, múltiplo e fantástico universo deste movimento genuinamente brasileiro Só conferir no Spotify.

OS EVENTOS PARALELOS

Durante a exibição da exposição, o público baiano terá um contato ainda mais profundo com este Movimento. É quando uma série de eventos denominados “Diálogos Petrobras sobre Arte Armorial” e “Encontros Petrobras de Música Armorial” entram na programação em paralelo à exposição. Esta série de eventos apresenta e recria para o público a atmosfera de compartilhamento de ideais e a efervescência cultural da época, capitaneada por Ariano Suassuna e os artistas envolvidos.

  • “Diálogos Petrobras sobre Arte Armorial” um ciclo de encontros teóricos/temáticos que aborda a criação Armorial nos diversos gêneros: Literatura, Teatro, Música, Dança e Artes Visuais.
  • A série “Encontros Petrobras de Música Armorial” reúne músicos de altíssima qualidade e que atuam em variados estados brasileiros, que apresentam composições do Armorial. Do preto e branco das xilogravuras, passando pelo multicolorido dos ornamentos e fantasias das festas populares e pelas coreografias. Pelos ritmos dos cantos e da música, de sons de rabeca, pífano e viola. Pela sonoridade dos versos dos cordéis e dos cantadores. Todos os caminhos conduzem a uma experiência única. Uma trilha cultural sem fronteiras, como a ideia plantada, lá atrás, por Ariano e que, agora, chega revigorada, pouco mais de 50 anos depois, à exposição.
Armorial 50 Anos
Armorial 50 Anos em Recife – Divulgação

ACESSIBILIDADE

A exposição Armorial 50 segue padrões de acessibilidade e inclusão. A mostra conta com audioguia bilíngue e com recursos do aplicativo Musea ( plataforma de conteúdo voltado para exposições que permite uma melhor inserção nos conteúdos, com audiodescrição e visita em libras, além de curiosidades e visitas virtuais). Conta também com objetos táteis e cordeis em braile.

SERVIÇO: MOSTRA MOVIMENTO ARMORIAL 50

Museu de Arte da Bahia – MAB – Av. Sete de Setembro, 2340, Corredor da Vitória, Salvador, BA
Abertura: terça feira – 23 de julho Exposição de 23 de julho a 20 de outubro de 2024

Visitação: terça a domingo das 10h às 18h. Entrada gratuita – Ingressos disponíveis para o público a partir do dia 20 de julho em: https://www.sympla.com.br/exposicao-armorial-50__2505171 ou presencialmente nas bilheterias do MAB Link

Link da Playlist no Spotify https://open.spotify.com/playlist/0DIyufBfFfRrWE8WSo21zo?si=AAvflCjdTyqayR0T8PGTqg&pi=uzfJg9XRuTXiX&nd=1&dlsi=b4cffc037b764797
Visita Guiada https://www.youtube.com/watch?v=1SgUusIIFXc
Catálogo Virtual https://ccbb.com.br/wp-content/uploads/2022/04/catalogo-rj.pdf

Colaborando com a RAIZ