O lado humano e individual das torcidas organizadas em livro
Novo livro de Fabio Pandora, “Entre Príncipes e Ratos” apresenta o lado humano e individual da torcida Young Flu em sua trajetória de meio século de vida.
As torcidas organizadas são um fenômeno cultural muito presente na vida dos brasileiros, especialmente no futebol.
Cantam seus hinos durante todo o tempo das partidas, gritam gol juntos, pulam e fazem tremer as arquibancadas. E também, arrumam muita confusão. Alguns de maneira inocente e muitos preparados para a briga, que acontecem nem sempre “por acaso”.
Mas, é inegável que o esporte da bola, o mais praticado e assistido no país, tem nas torcidas organizadas de seus diversos times, um protagonista importante na sua equação. Em São Paulo essas torcidas invadiram até o Sambódromo conquistando vários títulos dos carnavais.
O Grêmio Recreativo Social e Cultural Torcida Organizada Young Flu, é uma torcida organizada do Fluminense Football Club, fundada no dia 12 de dezembro de 1970, se perpetuando até hoje em atividade contínua. Honrando o seu lema: “Poucos a viram nascer, muitos a viram crescer, ninguém há de vê-la morrer”.
Paulo Cesar Pedruco foi o primeiro Presidente, que imprimiu as características que acompanham essa torcida polêmica até hoje. E é exatamente o Paulo Cesar o homenageado da nova publicação da RAIZ: “Entre príncipes e ratos: No reino de Paulo Cesar Pedruco”.
O autor Fabio Pandora já tem em catálogo na RAIZ o livro “Kamikazes: … em nome da paixão“, que conta de maneira romanceada toda trajetória da Young Flu, com suas muitas brigas, confusões, articulações com a diretoria, entrevero com os jogadores de seu clube do coração, o Fluminense.
Fabio foi dirigente por muitos anos e é associado até hoje da Young Flu. Tem a verve da literatura acompanhada de sua trajetória militante trazendo para seus textos a energia e a vida vivida com muita emoção e poesia. Mesmo nos momentos mais violentos, dos muitos entreveros que viveu, trás em seu relatos o amor à vida, aos seus camaradas e, claro, ao seu clube.
“Entre príncipes e ratos” tem como especial apelo o olhar para o lado pessoal dos seres que compõe essa torcida fanática, uma abordagem onde o elemento humano é revelado poeticamente pelo autor em 13 contos ficcionais, mas com personagens reais, que atuaram conjuntamente na Young Flu.
Em um dos capítulos dedicados a um casal escreve o autor: “Desfrutar da companhia do Sena, com uma garrafa de 750ml de Stolichnaya, era o ponto. Afinal, nem tudo é vinho em Paris, não é mesmo? E vendo a bruma, ele também sentia as histórias daquele lugar. Algumas alegorias criadas por sua mente, o faziam rir sozinho, outras o entristeciam dramaticamente.”
Em outra das muitas histórias e personagens depois da derrota de seu time: “E num momento estava presente de volta à rodoviária de Araruama ainda com sua mão esquerda presa à da velha que agora estava gordurosa e gelada. Renê tenta se desvincular daquele horror mas a mão da velha que continua gargalhando é mais forte. E num puxão para próximo de si, aquela manifestação diz a Renê, “Lembre-se! De Bucareste para vocês com o cumprimento do Dr. Castor”. E gargalhando soltou as mãos de Renê e foi sumindo enquanto se afastava e se misturava com os usuários de ônibus, até sumir de sua visão.”
Como escreveu o jornalista Diogo Monteiro para a Revista Raiz 05: “Por que o futebol, caros amigos da RAIZ. Porque é onde melhor convivem a estratégia e o inesperado, a competição e a arte, a guerra e a poesia. Ou simplesmente, como resumiu meu amigo Pedro Saldanha, também jornalista, ‘porque o futebol é a melhor coisa que existe’. Porque era improvável. Porque ninguém adivinharia que seria ele. Porque Graciliano Ramos, num dia de 1921, escreveu que ‘o futebol não pega’. E pegou”.
Em contraponto sobre as torcidas organizadas escreve Fabio Pandora: “Onde vivem os anti-heróis? Exatamente no mesmo lugar que seus antagonistas. Onde as diferenças são obliteradas num tipo de truque e ter uma única preferência é a lei e ordem. Negociações e arbitragens. Caminhamos lado a lado pelos subterrâneos e pelos céus. Assim as treze peculiares passagens aqui registradas, em “Entre príncipes e ratos no reino de Paulo César Pedruco”, denotam a mestiçagem social correndo solta pelos corredores da vida. O maestro do caos nosso de cada dia, Paulo César Pedruco morreu jovem num acidente automobilístico no centro do bairro do Méier. Mas deixou seu legado e podemos ouvir seus ecos e reverberações a cada antigo ou novo cântico entoado na arquibancada, em cada grito de guerra que anuncia a chegada da Young Flu para a batalha pelas ruas da América do Sul”.
Não importa o seu time do coração, as histórias reveladas por Pandora trazem alta carga de emoção e poesia, além de todas as idiossincrasias de uma militância organizada.
Afinal, “se é pra lutar, se é pra morrer…” Boa leitura!
SERVIÇO
“Entre príncipes e ratos: No reino de Paulo Cesar Pedruco”
Autor: Fabio “Juramento” Pandora
Editora: RAIZ
Capa: Leandro Leite
Idioma: Português
ISBN-13: 979-8325164149
120 páginas
Idade de leitura: 16 – 18 anos
Peso do produto: 172 g
Dimensões: 15,24 x 0,71 x 22,86 cm
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