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Exposição celebra 100 anos de Antônio Poteiro em BH

Colaborando com a RAIZ

A Galeria Errol Flynn apresenta, a partir de 30 de outubro, a exposição Antônio Poteiro: 100 anos reunindo mais de 100 obras entre pinturas, cerâmicas e painéis raros que celebram o centenário de nascimento de um dos nomes mais singulares da arte brasileira.

A mostra possui, em grande parte, obras pertencentes ao acervo da galeria, além de peças provenientes de coleções privadas, com foco nas décadas de 1970, 1980 — período de maturidade e plenitude criativa do artista — e 1990. A curadoria é de Errol Flynn Jr.

Nascido em Portugal em 1925 e radicado ainda criança no Brasil, Antônio Poteiro (1925–2010) construiu sua trajetória entre Minas Gerais e Goiás, territórios que marcaram profundamente sua linguagem visual. Em Minas, viveu seus primeiros contatos com o imaginário popular e o ofício ceramista; em Goiás, encontrou o solo simbólico onde sua arte floresceu, integrando religiosidade, vida cotidiana e mitos rurais.

Segundo Marcus de Lontra Costa, “Poteiro é um artista que brota da terra — sua obra é feita de barro, cor e memória. Em suas cerâmicas e pinturas, o gesto do fazer se transforma em linguagem, num diálogo entre o sagrado e o humano que transcende fronteiras geográficas ou estilísticas.” A exposição propõe um olhar sobre Poteiro como um mediador entre tempos e culturas, cuja obra ultrapassa o campo da arte popular para afirmar-se como reflexão universal sobre a existência e o pertencimento.

Entre as pinturas expostas, Ceia do Coronel (1976, óleo sobre tela, 73 x 92 cm) revela a dimensão social e simbólica da obra de Poteiro. A cena — ao mesmo tempo festiva e crítica — transforma o banquete em uma alegoria da desigualdade e da hierarquia, em que o sagrado é reelaborado à luz do cotidiano sertanejo.

Antônio Poteiro: 100 anos
Antônio Poteiro: 100 anos – divulgação

Em Homem e a Tartaruga (1979, óleo sobre aglomerado, 46 x 52 cm), o artista transfigura o mito em fábula. O homem e o animal, figuras de tempos distintos, parecem partilhar a mesma paciência e destino, como se o ritmo do mundo dependesse da lentidão da terra.

Já em O Mundo (1982, óleo sobre tela, 70 x 60 cm), Poteiro cria uma cosmogonia própria. O planeta surge não como globo científico, mas como corpo pulsante — território de mistérios e crenças, habitado por seres que flutuam entre o humano e o divino.

A cerâmica Pote Ciranda (1976, cerâmica pintada, 49 x 28 cm) dá forma tridimensional a essa cosmologia. A roda de figuras que se entrelaçam remete aos ciclos da vida e à dança do tempo. É uma escultura que respira — viva, porosa, feita de gestos e vozes da terra.

Antônio Poteiro: 100 anos - divulgação
Vaso Folclórico, 64,5×64,5cm, oleo sobre aglomerado, 1978. Antônio Poteiro: 100 anos – divulgação

Clique no link e baixe a biografia e todas as exposições realizadas por Antônio Poteiro:

https://raiz.art.br/wp-content/uploads/2025/10/Antonio-Poteiro-Biografia-Revista-RAIZ.pdf

Serviço

Exposição: Antônio Poteiro: 100 anos
Curadoria: Errol Flynn Jr.
Textos críticos: Marcus de Lontra Costa, Denise Mattar e Olívio Tavares de Araújo
Abertura: Quinta-feira, 30 de outubro de 2025, às 19h30
Conversa sobre o artista com Olívio Tavares de Araújo
Período expositivo: 30 de outubro de 2025 a 26 de janeiro de 2026
Local: Galeria Errol Flynn – Rua Curitiba, 1862, Lourdes, Belo Horizonte
Visitação: Segunda a sexta-feira, das 9h às 18h | Sábados, das 10h às 13h | Entrada gratuita

Pote Ciranda- 49 x 28 cm - Cerâmica Pintada, 1976
Pote Ciranda- 49 x 28 cm – Cerâmica Pintada, 1976. Antônio Poteiro: 100 anos – divulgação

Colaborando com a RAIZ