Biografia de Clementina de Jesus da potência ao afeto
Quelé, a Voz da Cor, livro de autoria dos jornalistas Felipe Castro, Janaina Marquesini, Raquel Munhoz e Luana Costa, da Editora Civilização Brasileira, resgata a trajetória da menina simples de Valença e que ficou conhecida no mundo da música apenas depois dos sessenta anos.
“Foi a partir do documentário que o atual secretário de Cultura de Sorocaba, Werinton Kermes produziu e dirigiu, em 2011, que nós nos interessamos em ampliar e prosseguir no resgate de informações sobre a vida e a obra de Clementina. Nesse sentido, Werinton foi pioneiro e influenciou muito o nosso trabalho”, destaca a autora Janaína Marquesini.
Mais do que a primeira biografia de Clementina de Jesus, o registro busca alcançar a grandiosidade da artista fluminense. Mulher, negra, mãe e dona de uma voz que “parecia subir da terra e vir do oco do tempo”, disse a jornalista Lena Frias, Clementina foi revelada aos palcos brasileiros em 1964, aos 63 anos, no show O Menestrel. Menos de dois anos depois, arrebataria o público internacional, no I Festival Mundial de Artes Negras, no Senegal, e em show no Festival de Cannes, na França. “Quelé, A Voz da Cor” reúne grande número de depoimentos dos muitos personagens que participaram da história de Clementina.
“Quelé, A Voz da Cor” traz a público a força, a doçura – e também a resistência – de Clementina de Jesus, desde seu nascimento em Valença, interior do Rio de Janeiro, em 1901, até sua morte, na capital do estado, em 1987. Não faltam a convivência apaixonada com o marido, Albino Pé Grande, o cuidado com os filhos, os netos e a amizade e o carinho com grandes nomes da música brasileira.
Quelé, A Voz da Cor – Biografia de Clementina de Jesus
Autor: COSTA, LUANA
Autor: MUNHOZ, RAQUEL
Editora: CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA
Edição: 1
Ano: 2017
País de Produção: BRASIL
Código de Barras: 9788520013113
ISBN: 8520013112
Encadernação: BROCHURA
Altura: 23,00 cm
Largura: 16,00 cm
Comprimento: 2,10 cm
Peso: 0,47 kg
Nº de Páginas: 384
Sobre Clementina de Jesus
A leveza no olhar e o sorriso expansivo, de ponta a outra do rosto, sempre foram marcas de Clementina de Jesus, assim como a voz forte, marcante dessa negra do início do século e cantora de pulmão cheio. Nascida em 1901 em Valença, pequena cidade do estado do Rio de Janeiro, Clementina se mudaria, logo aos oito anos, para a capital junto com a família. De Valença ao bairro de Osvaldo Cruz, berço da escola de samba Portela, e onde a menina começou a cantar, o universo do samba tomou conta rapidamente de Clementina.
Tendo se casado em 1940, e até então desconhecida no mundo do samba, Clementina mudou com o marido para a Mangueira, outro clássico reduto da música carioca, tendo passado vinte anos da sua vida trabalhando como doméstica. Em 1963 foi descoberta pelo maestro Hermínio Bello de Carvalho, que a alçou à condição de estrela do espetáculo ‘Rosas de Ouro’, junto com os então músicos iniciantes Paulinho da Viola e Nelson Sargento.
Dois anos depois a sambista seria o destaque em apresentações no I Festival Mundial de Artes Negras em Senegal e no Festival de Cannes, na França.
Sua importância para o samba brasileiro é tão grande que, em vida, recebeu dos colegas de ofício o título de rainha do partido alto, ou rainha ginga e causou uma intensa fascinação em variados artistas da MPB. Gente tão diferente como Alceu Valença, Milton Nascimento e João Bosco, que registraram sua voz em seus álbuns. Sem ser uma figura de grande vendagem, sua presença de palco era impressionante. Sobre ela, Paulinho da Viola chegou a afirmar “parece que flutuava, a voz te trazendo pra realidade, mas o corpo flainando”.
A cantora faleceria aos 86 anos em Inhaúma, Rio de Janeiro, em 19 de julho de 1987, vítima de um derrame, deixando poucos registros, o que torna o livro Quelé, a voz da cor, ainda mais importante.