Mestres da xilogravura, da década de 70 até os dias de hoje
“Não encontrei xilogravura popular em nenhum país da America Latina, só no Brasil”. Esta declaração, de Candida Hernandez Calderón, curadora do Banamex, quando da inauguração da mostra “Mestres da Arte Popular Latino-americana” na Fiesp, demonstra bem o caráter singular dessa manifestação artística entre os artistas nacionais.
A reprodução por meio de matrizes de madeira, é um dos mais antigos métodos de multiplicação de palavras e imagens utilizados pela humanidade e seu berço é a China. Não se conhece com precisão o desenvolvimento dessa técnica entre nós, pois os colonizadores portugueses não permitiam a existência de imprensa no Brasil nem a edição de livros.
Entretanto, já em meados do século XIX passou a existir uma forma peculiar de divulgação de notícias e conhecimentos de toda ordem através do que se convencionou chamar de “jornal do sertão”, sob a forma da literatura de cordel.
Constituída de uma narrativa feita em versos e uma imagem, o cordel foi o primeiro destino de muitos artistas populares gráficos, que depois amplificaram as ilustrações, produzindo uma arte que congrega vários nomes expressivos.
A mostra “Mestres da Xilogravura”, que se realiza de agosto a setembro na Galeria Brasiliana, reúne alguns dos principais artistas dessa vertente. Formada por dezenas de obras, alguns nomes podem ser destacados:
J. Borges
É o mais importante artista popular em atividade no Brasil.Nascido em Bezerros, PE, em 1935, é um incansável autor de versos e xilogravuras que alcançaram repercussão no exterior. Expôs na França, Alemanha, no Folk Art Museus de Santa Fé, ilustrou o calendário da ONU, o livro “Palavras Ardentes” de Eduardo Galeiano e a sequência inicial da novela “Roque Santeiro” da Tv Globo. Recentemente expõs individualmente na Caixa Economica e SP . Composta por xilos coloridas, a mostra da Brasiliana traz também uma série de trabalhos inéditos de J. Borges, editados após a descoberta de 27 pranchas do artista, dos anos 1970, numa coleção em Recife.
Amaro Francisco
Irmão de J. Borges, compartilha com o mestre a mesma excelência e a imaginação que o induz a produzir imagens de fatos do cotidiano, histórias do folclore, cenas de trabalho, encontros amorosos, enfim, toda a vasta temática característica do imaginário popular
José Costa Leite
Um dos mais refinados xilogravadores brasileiros, Costa Leite escreveu e ilustrou mais de 500 títulos de cordel e é muito apreciado pela beleza e a riqueza de detalhes de suas composições. Nasceu em 1927em Sapé, PB e tem obras na Pinacoteca Municipal de São Paulo. É considerado, ao lado de J. Borges, o grande mestre da xilogravura nacional.
Abraão Batista
Nascido em 1935 em Juazeiro do Norte, CE, é poeta, ceramista e escultor, mas distinguiu-se sobretudo na xilogravura , marcada pelo caráter expressionista que imprime em suas cenas. Acontecimentos bíblicos, tradições nordestinas, histórias fantásticas, picarescas e do cotidiano constituem o eixo de sua narrativa.
José Lourenço
É o mais jovem do grupo e um dos mais persistentes artistas a editar e divulgar a arte da xilogravura. Vive em Juazeiro do Norte, grande centro produtor e irradiador de arte popular ainda existentes no Brasil
Serviço:
Mestres da xilogravura na Brasiliana
24 de agosto a 13 de setembro das 13:30h às 18:30h
Galeria Brasiliana – Mestres da Arte Espontânea
Rua Cardoso de Almeida, 1297, Perdizes, São Paulo/SP.
Fone 11-30864273
(Fotos Reprodução/Divulgação)