As ‘Vozes da Floresta’ em documentário
No momento em que a questão ambiental está na ordem do dia, fruto dos dados apontados nos monitoramentos da vida terrestre que apresentam perdas da biodiversidade, aquecimento global em crescimento consistente, incremento dos agrotóxicos e antibióticos na base do agronegócio, entre tantas questões; um filme como o Vozes da Floresta trás a visão de quem está no olho do furacão.
Vozes da Floresta, da diretora Betse de Paula, deixa o áudio por conta da população ribeirinha e periférica, das mulheres indígenas e quilombolas em luta pelo direito à terra e proteção do meio ambiente, num relato onde o confronto com o latifúndio e a ordem local constituída, oficial ou não, está sempre na fala
O documentário mostra o dia a dia das mulheres catando e quebrando coco de babaçu – uma das principais atividades locais -, dos marisqueiros, das palestras sobre política e mesmo, viagens à Brasília para protestar no Congresso, já que localmente nunca são ouvidos.
O filme se configura em forte relato e balanço das lutas, perseguições e ameaças de morte às ativistas indígenas e quilombolas, como Dorinete Morais, de 45 anos, líder da Associação dos Afetados pela Base de Alcântara, no Maranhão; e de Rosa Costa, de 57 anos, do Movimento das Quebradeiras de Coco de Babaçu do Maranhão, que são algumas das vozes do longa metragem.
O longa nasceu da série Guardiãs da Floresta, exibida no Canal Brasil, que, em dez capítulos, conta a história dessas mulheres. Depois de um ano e meio de gravação, a diretora resolveu montar o documentário. “Tínhamos 400 horas de material bruto. Foi um mês inteiro só para assistir tudo e mais seis ou oito meses de montagem”, conta Betse de Paula em entrevista ao portal EL PAÍS (https://brasil.elpais.com/).
“É uma pobreza de consciência, para não dizer que é um analfabeto da terra”, diz Nice Machado, de 55 anos, líder da Associação das Comunidades dos Negros Quilombolas e Rurais do Maranhão, sobre as autoridades que “são coniventes” com a tragédia ambiental na floresta e ao Governo federal que, em sua opinião, não sabe “nem tem interesse” de resolver o problema.
Sinopse
Documentário sobre lideranças femininas que estão à frente na luta pela preservação do meio ambiente e dos direitos das mulheres. Quilombolas, indígenas, ribeirinhas, quebradeiras de coco, extrativistas, que lutam pela manutenção dos seus modos de vida tradicionais, pela vida da floresta e de todo o planeta.
Sobre a Diretora
Betse de Paula Cineasta, produtora e roteirista premiada, é fundadora da Aprocine e foi dirigente da Abraci e da ABD. Lecionou roteiro, direção e práticas cinematográficas no curso de Cinema da Universidade Estácio de Sá de 2007 a 2010. Foi assistente de direção, produção e montagem em longas-metragens, entre eles O homem da capa preta, de Sérgio Rezende.
Filmografia
Longas-metragens: Encantadeiras (2019), Vozes da floresta (2019), Desarquivando Alice Gonzaga (2017), Dissecando Antonieta (2016), Revelando Sebastião Salgado (2014), Vendo ou alugo (2013), Celeste & Estrela (2005), O casamento de Louise (2001).
Vozes da Floresta – Trailer from Aurora Cinematográfica on Vimeo.
Vozes da Floresta
Documentário
95 min.
Diretora Betse de Paula
Brasil, 2019
Classificação indicativa: 12 anos
Ficha Técnica
DIREÇÃO: Betse de Paula
ROTEIRO: Clara Melo
EMPRESA PRODUTORA: Aurora Cinematográfica
PRODUÇÃO: Mario Caillaux
DISTRIBUIDORA: Aurora Cinematográfica
FOTOGRAFIA: Musthapa Barat, Nicolau Saldanha, Lula Araújo e Michele Diniz
MONTAGEM: Tyrell Spencer
TRILHA SONORA: Encantadeiras
SOM DIRETO: Laura Zimerman, Daniela Pedrosa e Isabela Selaiman
FINALIZAÇÃO DE SOM: Meios e Mídia
ELENCO: Joênia Wapishana, Telma Marques Taurepang, Sônia Bone Guajajara, Maria Santana, Maria de Jesus Ferreira Bringelo, Maria Nice Machado Aires, Rosenilde Gregória dos Santos Costa, Marilene Rodrigues Rocha, Odila Duarte Godinho, Ivete Bastos, Antonia Melo, Dorninete Serejo Morais.