Revista Cinema das Margens, o audiovisual fora dos grandes centros
Publicação online oferece conteúdo gratuito, como entrevistas, estudos de caso, reflexões, pesquisas acadêmicas e ensaios para refletir sobre os desafios e oportunidades do setor.
O setor audiovisual do interior de São Paulo ganhou uma parceira de peso: a revista digital “Cinema das Margens” chega para esmiuçar as produções, seus realizadores, histórico, oportunidades e obstáculos enfrentados no dia a dia.
Junto com o portal de mesmo nome, essa iniciativa recém-lançada reúne publicações sobre o cinema feito fora dos grandes centros, reunindo entrevistas, estudos de caso, reflexões, pesquisas acadêmicas e ensaios.
A rede de pesquisadores envolvida no projeto inclui nomes atuantes como Marília Chaves, Kit Menezes, Kallyell Ventura, Níkolas Araujo da Silva, Guilherme Martins, Victor Fisch e Antonio Carlos Fargoni Junior.
O objetivo é mapear e investigar os novos modelos de produção cinematográfica que surgem no interior paulista, considerando aspectos como as condições de trabalho, perfis étnicos dos envolvidos, incidência temática afirmativa, perspectiva autoral e identidade regional, e o reconhecimento dessas obras pelo mercado cinematográfico.
A partir dessa análise, os profissionais querem refletir sobre possíveis inovações nos modos de produção, valorizando o território como premissa para o desenvolvimento das obras, além de formar uma rede de realizadores das margens para dar visibilidade, articulação entre os atores envolvidos e também para a preservação do que se faz em nossos tempos.
“A intenção do projeto é mostrar o atual cenário da produção audiovisual nacional e contribuir para o desenvolvimento do cinema fora dos grandes centros, com mais diversidade e inclusão. Estamos ajudando a organizar uma rede de realizadores que possam se unir para o crescimento do setor, e também valorizar a produção do interior paulista”, afirma Marcella Arnulf, da escola de audiovisual Mastershot, uma das idealizadoras do “Cinema das Margens”.
Cinema das Margens
A revista inclui o relatório “Será que agora começaremos a existir no futuro?” – que se propõe a investigar o cinema fora dos grandes eixos de produção, partindo de uma denúncia instigante: “não existe cinema no interior de São Paulo” –, o e-book “Jeca e Tuti” – dossiê da produção de um stop-motion –, o dossiê “Selvagem” – que traz detalhes da produção de um longa-metragem – e a pesquisa “Quando morrem os filmes do interior”, sobre a preservação e a memória dos primeiros filmes do interior paulista.
Matérias sobre coletivos do interior e a história do cinema no Vale do Paraíba também oferecem visões do panorama do audiovisual em São Paulo.
Outro conteúdo valioso é a entrevista especial com o dramaturgo e roteirista Luís Alberto de Abreu, idealizador da Escola Livre de Cinema e Vídeo de Santo André e do Instituto Narradores de Passagem, na mesma cidade, e que atua desde 2000 junto ao Grupo Galpão e Galpão Cine Horto, de Belo Horizonte.
Indicado e ganhador dos principais prêmios artísticos do país – como Molière, APCA, Shell, Apetesp e Panamco –, ele roteirizou, com Eliane Caffé, os filmes “Kenoma”, “Os narradores de Javé” e “O sol do meio-dia”. Na TV, alguns dos trabalhos de destaque escritos, em parceria com o diretor Luiz Fernando Carvalho, são os roteiros das microsséries “Hoje é dia de Maria”, “A pedra do reino” e “Capitu”, para a TV Globo. Em conversa com Deivid Mendonça, ele contou um pouco dessa rica trajetória e abordou temas como leis de incentivo, identidade cultural e o futuro do audiovisual no interior.
Mauricio Squarisi (cofundador do Núcleo de Cinema de Animação de Campinas), Guilherme Xavier (idealizador do Polo Audiovisual do Velho Oeste) e a cineasta Kayana Miura também trocaram ideias com a equipe do Cinema nas Margens.