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Cais do Valong é Patrimônio Mundial da UNESCO

Colaborando com a RAIZ

Cais do Valongo se torna 21º sítio brasileiro inscrito na Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO.

Por sua magnitude, o Cais do Valongo pode ser considerado o lugar mais importante de memória da diáspora africana fora da África. Ele é o maior porto de entrada de negros escravizados na América Latina. As estimativas apontam que entre 500 mil e um milhão de negros chegaram ao continente desembarcando neste Cais. Desde sua construção, em 1811, ele sofreu sucessivas transformações até ser aterrado em 1911. O local foi revelado, em 2011, durante escavações das obras do Porto Maravilha, e se tornou o maior vestígio material das raízes africanas nas Américas. A cidade transformou o espaço em monumento preservado e aberto à visitação pública.

O título coloca o Cais do Valongo no mesmo patamar de importância histórica de outros patrimônios mundiais mais conhecidos, como o Campo de Concentração de Auschwitz, na Alemanha, e da cidade de Hiroshima, no Japão, que foram reconhecidos como locais de memória e sofrimento da humanidade.

O Brasil recebeu cerca de 4 milhões de escravos nos mais de 3 séculos de duração do regime escravagista, o que equivale a 40% de todos os africanos que chegaram vivos nas Américas, entre os séculos 16 e 19. Destes, aproximadamente 60% entraram pelo Rio de Janeiro, sendo que cerca de 1 milhão deles pelo Cais do Valongo.

Durante a sua 41ª Reunião, o Comitê do Patrimônio Mundial decidiu incluir, na Lista do Patrimônio Mundial, o Cais do Valongo por seu grande significado para gerações passadas, presentes e futuras no que se refere a história do tráfico atlântico e a escravização de africanos. É o segundo sítio da cidade do Rio de Janeiro a receber o reconhecimento internacional da UNESCO. Antes do Cais do Valongo, entrou para a Lista, em 2012, o Rio de Janeiro, Paisagens Cariocas entre a Montanha e o Mar. A presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, em sua declaração em comemoração ao título,  lembrou que o Cais do Valongo se torna, agora, mais um dos poucos sítios do Patrimônio Mundial a lembrar a história da escravidão.

“Esse Sítio Arqueológico é único pois representa os milhões de africanos que foram escravizados e que trabalharam para construir o Brasil como uma nação, gerando a maior população de negros fora da África no mundo. Estamos celebrando a Década Internacional de Afrodescendentes da ONU e a inscrição desse Sítio na Lista reafirma o papel do Brasil como um lugar de diversidade e não somente um local de memórias dolorosas”, disse a presidente.

Divulgação IPHAN foto de João Paulo Engelbrecht

O dossiê de candidatura ao Patrimônio Mundial começou a ser preparado em 2014, coordenado pelo antropólogo Milton Guran e elaborado pelo Iphan, em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro.

“Sítio Arqueológico Cais do Valongo é o mais contundente lugar de memória da diáspora africana.(…) Quase um quarto de todos os africanos escravizados nas Americas foram trazidos para o Brasil e, desses, cerca de 60% entraram pelo Rio de Janeiro. A cidade pode ser considerada, portanto, o maior porto escravagista da história. (…) Revelado por escavações arqueológicas realizadas em 2011, o Cais do Valongo assumiu o valor simbólico de testemunho material das raízes africanas nas Américas. Em seu entorno se encontravam os armazéns nos quais os cativos recém-chegados eram expostos e vendidos, o Lazareto onde eram tratados os enfermos e o Cemitério dos Pretos Novos destino dos que morriam ao chegar.” (Texto do comitê técnico da candidatura – IPHAN)

Segundo a Secretária de Cultura da capital carioca, Nilcemar Nogueira: “a primeira providência será colocar a sinalização no Cais do Valongo, já que muitos desconhecem a história deste sítio arqueológico. Vamos também instalar um Centro de Interpretação deste sítio. Importante para entender o Sítio e a história a ele vinculada e assim refletir sobre o que temos no presente e o que desejamos mudar para o futuro”.

 

 

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